Nomes criativos de festas badaladas é grito de liberdade em cidade conservadora
Não gosta de mim? Então deita na BR querida!
Em Campo Grande, a ousadia na hora de criar um nome para as festas é marketing que dá certo, mas também dá o que falar. Com títulos com Hallo Hímen, Deita na BR e Meu C* Que Brilha, a galera se anima e cai na pista em festas que acabam reunindo música, diversão e liberdade em um só lugar.
A escolha na maioria é para chamar atenção do público, mas carrega a mensagem de liberdade na hora de lidar com as críticas. No Drama Bar já teve a festa Meu C* Que Brilha, que encheu o público de purpurina e performances com direito a bumbum a mostra pela festa. O tema foi escolhido pelo sócio proprietário e estilista Fábio Maurício, de 31 anos. Segundo ele, a casa recebe bem a diversidade e acredita que todo mundo tem que ser o que quiser.
"O nome foi mais para chocar e mostrar que ninguém tem que se importar com o que os outros vão dizer, porque a gente sempre encontra uma dificuldade pelo caminho quando as pessoas não entendem que não importa o que o mundo pensa, mas sim o que você é de verdade. E a festa acabou sendo um sucesso por isso, porque todo mundo quer brilhar, só não pode ter vergonha disso", explica Fábio.
No mês passado, como era tempo de Hallowen, o produtor de eventos Abner Benevides, de 22 anos, criou a festa Hallo Hímen. O título veio de outras cidades do País, comum em festas LGBT, mas tá valendo para deixar claro quem são as pessoas que frequentam a casa.
"Eu resolvi fazer para mostrar que todo mundo saber mesmo que é o público gay que vai à festa, assim que compram o convite. E a gente escolhe nomes diferentes para sair um pouco dessa normalidade, porque as pessoas gostam de se divertir com o que é diferente e novo", resume.
Já para quem fica se perguntando, o que é uma festa Deita na BR, o tema criativo foi inspiração do artista Arce Correa, que caiu no gosto popular com sua personagem Maria Quitéria, cômica e baseada no exagero. A festa foi realizada pela boate gay Non Stop também em outubro, e vem da mensagm: Não gosta de mim? Então deita na BR.
A criatividade, segundo Arce, surge sempre para atrair e fazer a diferença no que já é estabelecido. "É um processo natural, sempre que esses nomes surgem, é uma forma de inovar e sair da mesmice. Acho que se for trabalhado com bom humor, como a maioria tem sido, consegue abrir espaço para a diversão e também para discutir qualquer assunto", diz o ator.
Em um local tão conservador cmo Campo Grande, o ato de ousar na hora do batismo do evento também carrega o peso da liberdade. "Não só o público LGBT, mas todo mundo que cria esses nomes, tenta passar uma mensagem diferente. É romper com algumas situações e abrir espaço para uma conversa, perder o preconceito ou até mesmo indiretamente levar o indíviduo a saber do que se trata os assuntos em diversas tribos. Acredito que isso é posicionamento forte da juventude que tem uma cabeça mais aberta e busca romper com qualquer padrão estabelecido", acredita Arce.