Surpresas de uma ilha feita de plantas, onde se usa o banheiro à vista de todos
Do outro lado do imenso Lago Titicaca, no Peru, está a cidade de Puno. De Copacabana, minha última parada na Bolívia, até a cidade de Puno, no Peru, foram cerca de quatro horas, uma delas no controle de imigração, e custou Bs 30 (R$ 14).
Nunca tinha ouvido falar na cidade, mas fui para acompanhar meus amigos que me contaram sobre as famosas ilhas Uros, também no lago Titicaca. Chegamos no fim da tarde em Puno e ficamos em um hostel por PEN 22 (R$ 23,60) a diária. A cotação com o real é de quase 1 por 1, então as contas ficaram mais fáceis.
A cidade não oferece muitas coisas, mas é de lá que sai o passeio para Uros. Para se informar, é só perguntar na recepção de seu hostel.
Eu e o casal de amigos suíços compramos um passeio para o dia seguinte por R$ 20, que durou a tarde toda em um barco que sai do Porto de Puno e demora meia hora para chegar as ilhas.
As ilhas são artificiais, ou seja, não é um amontoado de terra cercado de água e sim um entrelaçado da plantas chamada "totora", que existe em abundância nessa parte do Titicaca.
No passeio conheci uma paulista, uma sorte, já que estava com saudades de falar português.
Ao descermos do barco, ficamos com medo de afundar, já que literalmente estávamos pisando num mato que flutua na água, ainda mais depois do guia dizer que a profundidade naquela parte do lago era mais de 10 metros. Mas, para a surpresa de todo mundo, o lugar é muito seguro.
Lá conhecemos um pouco sobre a cultura dos nativos da ilha, que possui eletricidade só há dois anos e os moradores não tem acesso à internet. As casas, no geral, só têm um cômodo que é o quarto, sala e cozinha e também são feitas para flutuar. Os banheiros são buracos feitos na planta, e as pessoas usam à vista de todos.
Apesar de ser bem diferente, a ilha tem um governo com presidente, bandeira e até carimbam o passaporte dos turistas por módicos R$ 5. O artesanato vendido é o ganha pão das famílias em Uros e como são feitos em sua maioria pelas mulheres, lá elas são as chefes de família.
Na ilha, os turistas podem se hospedar também, pagando R$ 20, mas sem as comodidades que uma hospedagem na cidade tem (lembrem-se do banheiro).
Depois de conhecer um pouco da cultura do povo de Uros, voltamos à cidade e seguimos viagem para Arequipa, que também não é muito longe da fronteira boliviana. A viagem custou RS 30 e durou oito horas.
Arequipa é bem diferente de Puno, é uma cidade grande e tem um lindo centro histórico, com construções de mais de três décadas. Lá também é possível fazer um passeio pelo lindo Colca Valey, a partir de R$ 60, com duração de um dia ou mais. Infelizmente só o conheci por fotos.
No caminho para o Che Lagarto Hostel, que eu e meus amigos nos hospedamos por R$ 25, vimos uma cidade movimentada e barulhenta, como as bolivianas (parece que buzinar a cada 30 segundos é algo obrigatório nesses dois países).
Depois de garantir o alojamento, demos uma volta pelo centro histórico e quando vi um cassino decidi entrar, afinal nunca fui em um já que em nossa terra é proibido.
Me decepcionei, pois queria jogar cartas, poker ou 21, mas o “cassino” só contava com máquinas caça-níqueis, como as antigas casas de Bingo no Brasil.
O lado bom foi que nossa hospedagem ficava na rua mais boêmia da cidade, a São Francisco, onde estão vários bares e clubes noturnos. Lukas, meu amigo suíço e companheiro de balada pela Bolívia, ficou doente e para não sair sozinho fiz novas amizades, o que não é difícil num hostel.
No meu quarto, que havia 10 camas, fiz amizade com o paulista Bruno e um australiano, que foram meus companheiros de festa nas duas noites que estive na cidade.
Apesar de grande, a noite é muito barata nessa cidade peruana. Íamos em boates que a entrada era gratuita ou no máximo R$ 5 e ainda conseguia drinques grátis antes da meia-noite que eram distribuídos por funcionários na porta dos clubes para atrair mais clientes.
Depois da segunda noite, voltei ao hostel por volta das 6h da manha e encontrei um grupo de irlandeses tomando uísque e jogando conversa fora. Os acompanhei e por fim só estava eu e o irlandês Ollie.
Depois de nos despedirmos, ainda tinha que pegar o ônibus na noite daquele dia. Fui para minha cama, mas ao chegar uma surpresa: a namorada de Ollie estava dormindo lá e eu tive que escolher outra cama desocupada no quarto (mas não paguei por ela).
No outro dia o “mal entendido” (achei mais uma situação muito engraçada do que mal entendido) foi resolvido com um brinde de cerveja e a explicação: a garota tinha bebido um pouco além da conta e não tinha encontrado seu quarto.
Depois de conhecer essas duas lindas cidades no sul do Peru, agora é hora de ir para o lugar que sempre sonhei: Machu Picchu! Mas antes tenho que passar pela cidade que é a porta de entrada da cidade inca, Cusco.