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Achar que só amor basta pode levar à toxicidade, diz psiquiatra

Psiquiatra, Silmara uniu experiência de atendimentos para criar livro sobre relacionamentos saudáveis

Por Aletheya Alves | 25/09/2024 07:48
Psiquiatra fala sobre o desenvolvimento de relacionamentos saudáveis. (Foto: Arquivo/Natália Olliver)
Psiquiatra fala sobre o desenvolvimento de relacionamentos saudáveis. (Foto: Arquivo/Natália Olliver)

“Muitas pessoas acreditam que só o amor é suficiente, mas não é. Falando de relacionamentos entre casais, quando acaba a paixão e não há o autoconhecimento, ele se torna tóxico, poluído”, introduz a psiquiatra Silmara F. G. Medeiros. Reunindo suas experiências acumuladas em consultório, ela decidiu escrever um livro sobre relacionamentos saudáveis, explicando a importância de pensar para além do amor.

Apesar de focar no relacionamento entre casais, a lógica abordada por Silmara também cabe em outras situações. Isso porque as “bases” vinculadas aos relacionamentos são comuns quando aplicadas para amizades e famílias, segundo a psiquiatra.

Iniciando o assunto, Silmara defende que “os elos humanos são responsáveis por muitas tristezas, mas também por nossas maiores alegrias”. Se tratando de algo tão importante, faz sentido refletir sobre a dificuldade tão grande em criar vínculos e manter um relacionamento saudável até consigo mesmo.

No cotidiano, a psiquiatra pensava no tema, mas foi durante a pandemia que conseguiu externalizar melhor e compartilhar nas redes sociais o que motivaria a escrita do livro. “Eu fiz um post relacionando as partes da namoradeira com elementos saudáveis de um casal, Eu sempre atendia famílias, separadamente, e cada um tinha seu vértice de razão. Então, eu via a mesma situação com olhares diferentes e fui juntando esses elementos”.

A autora usa a namoradeira para exemplificar a estrutura que considera levar a relacionamentos saudáveis. As pernas representam sexo, disponibilidade, amor e autoconhecimento; a conexão entre as partes seria o banco; “se pensamos nos braços podemos relacionar com a possibilidade de cada um estar apoiado e conseguir dar as mãos”.

Ela ainda insere o encosto como o limite de cada um e as almofadas como o conforto entre o casal.

Para Silmara, tomando esses elementos como base é possível construir um bom relacionamento entendendo que uma série de coisas são necessárias.

Além disso, entender o cenário em que vivemos também integra o cotidiano dos vínculos.

Eu falo sobre construção porque muitos casais estão começando e as pessoas precisam ter acesso à saúde mental. E reconstrução porque muitas pessoas passam por dificuldades e isso está cada vez mais sendo comprometido com uma vida volátil em que relacionamentos são descartáveis”.

Para a psiquiatra, a crença em tentar melhorar é algo que vem ficando para trás mesmo quando é possível se reconstruir (claro, deixando situações de violência, por exemplo, fora desse cenário).

Outro ponto nesse mesmo sentido é a busca por uma perfeição, mais um ponto que compromete já que é ilusório.

“Costumo dizer que isso está ligado a uma ilusão, a uma prisão porque há distorção do objeto real e presente. As pessoas procuram no outro aquilo que não tem. Além de buscar a perfeição, ele também projeta muito no outro. Aquilo que é insuportável joga no outro, se incomodou muito está falando algo de uma coisa nossa”.

Reunindo todos esses pensamentos de uma forma mais profunda, Silmara lançou “A Namoradeira” na Bienal do Livro de São Paulo e, agora, se prepara para trazer a obra para Campo Grande. Além disso, está disponível na Amazon e na Literare Books.

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