Mesmo após perder o pai, Adriano venceu a batalha contra o álcool
Dependência nasceu na adolescência e, 8 anos após a morte do pai, Adriano comemora recomeço na corrida
Há oito anos sem o pai, Adriano Praxedes Tavares fez questão de levar uma faixa para sua última corrida como forma de pagar a promessa feita quando Francisco já estava bastante debilitado e se despedindo da família. Lá atrás, ele garantiu que venceria o alcoolismo e que seu pai veria as mudanças, não importa onde estivesse.
“Pai, no esporte venci o alcoolismo. Esteja onde estiver, olhai por mim”, escreveu na faixa. Além de marcar o compromisso, a ideia também foi compartilhar um pouco de sua história para mostrar que os recomeços são possíveis.
Hoje, Adriano tem 44 anos e trabalha com tecnologias agrícolas, mas sua história com o alcoolismo começou há muito tempo, ainda na adolescência. No início, as bebidas eram esporádicas, mas a frequência seguiu aumentando até o ponto em que o álcool dominava todas as partes da vida do homem.
Foi nesse cenário em que conversou com Francisco já em seus últimos dias. “Meu pai estava com uma doença terminal, no leito da morte, e eu prometi que ia mudar minha vida. Ele sempre foi uma pessoa honesta, trabalhadora, não teve estudo, mas educou os cinco filhos para serem honestos”.
Durante toda a vida, a dependência do filho era uma preocupação e, quando já estava se despedindo da família, reforçou o desejo de vê-lo longe do álcool. “Isso era uma coisa que incomodava muito meu pai, que magoava ele”, explica.
Enquanto conversavam, Francisco pediu desculpas por ter magoado o filho e, como resposta, Adriano garantiu que quem deveria pedir o perdão era ele. Além do pedido, prometeu que iria mudar.
“Oito anos se passaram e agora estão acontecendo essas mudanças. 2023 foi um ano crucial porque o alcoolismo estava me dominando e prejudicando em tudo quanto é âmbito, no profissional, pessoal, financeiro, enfim. Eu dividi minha situação com minha liderança de trabalho e falei sobre a possibilidade de eu me internar”.
Com apoio da empresa, Adriano foi para uma clínica na região metropolitana de São Paulo e ficou internado durante 33 dias. Nesse tempo, recebeu atendimento de profissionais da psicologia e psiquiatria para começar a reconstrução do seu cotidiano.
Além do ‘detox’ de álcool, ele relata que voltar a pensar em sua vida e em como chegar a uma velhice saudável também foram pontos importantes. Ter metas, sonhos e objetivos não pode ser deixado de lado.
“Quando saí de lá, saí com propósito de construir minha vida a partir do alicerce que comecei a ter na clínica. Assim que cheguei no meu município, eu sabia que queria mudar a rotina, a minha vida”.
Já na clínica, o esporte foi indicado como uma boa ajuda e procurar desafios veio como o melhor caminho. Em Ivinhema, participou do ‘Desafio do Japonês Maluco’, em que os participantes precisam percorrer 5 km diariamente, seja em caminhadas ou em corridas.
Com essa etapa finalizada, ele foi procurado por um grupo de corrida da cidade e se apaixonou de vez. Desde então, foram feitas três corridas, sendo que a última ganhou a presença da faixa.
“Quanto mais eu corro, mais me sinto envolvido no propósito que fiz. O esporte realmente salva vidas e na minha situação era difícil pensar em uma vida longa. Levei a faixa também para mostrar minha história, porque quero contar que se você buscar o tratamento, pedir ajuda e encontrar um esporte, é possível sim mudar sua vida”, completa.
Agora, o próximo desafio do corredor é enfrentar 21 km em uma meia-maratona.
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