No celular ou computador, terapia online é 'confortável' para pacientes
Seja pelo conforto ou economia no transporte, pessoas relatam vantagens de fazer sessão em casa
A pandemia levou muitas pessoas a se adaptarem à rotina para continuarem trabalhando e estudando cpm o apoio de dispositivos móveis e aplicativos. A terapia na modalidade virtual também foi a alternativa encontrada por profissionais e pacientes que queriam dar continuidade às sessões.
Desde 2018, por meio da Resolução CFP Nº 11, de 11/2018, o Conselho Federal de Psicologia regulamentou a prestação de serviços psicológicos realizados através de tecnologias da informação e da comunicação.
Em enquete realizada no sábado (25) o Campo Grande News trouxe a seguinte pergunta aos leitores: ‘Você usa plataforma online para fazer terapia?’ O resultado apontou que 21% não, enquanto 79% optaram pelo sim.
Com a flexibilização da pandemia algumas pessoas preferiram voltar para sessão presencial, mas outros aprovaram o conforto de fazer em casa e continuam usando plataformas de videoconferência para fazer terapia.
O primeiro caso corresponde ao do psicólogo e psicanalista Leonardo Italo Pessoa Ferreira Gomes, de 25 anos. Na posição de paciente, ele conta que preferiu voltar para o consultório.
“Fazia presencial, e por ocasião excepcional da pandemia tive que fazer on-line por um tempo. Após ficar mais tranquilo, em decorrência de vacina e contenção dos casos, pude voltar para o presencial”, diz.
Leonardo explica que achou a experiência diferente e devido a uma série de fatores optou pelo presencial para não ter nenhuma interferência. “Por uma razão muito específica e particular, a questão da privacidade. A experiência fora do setting terapêutico, nessa modalidade remota, é uma experiência diferente. No sentido de que pode ter um barulho do vizinho, de que pode ocorrer de algum familiar ou amigo ouvir o que se passa na conversa e isso acaba limitando a fala. Fora que pode ter interferências de barulho, internet em mau funcionamento, etc. Vivi essas experiências e decidi voltar para o presencial”, afirma.
Para a atriz Ethienny Karen, de 24 anos, o conforto é uma das facilidades que a fez seguir na terapia virtual. “No começo achei estranho, mas preferia porque estava mais confortável”, conta.
Além do conforto de estar em casa, ela relata que se sente mais segura para externalizar as emoções sem se preocupar que depois terá que encarar pessoas na rua. “Nessa época já morava sozinha, tinha liberdade, era tranquilo. Se eu quisesse chorar não precisaria depois sair do consultório e enfrentar qualquer coisa. Eu acho mais fácil de lidar e continuo online”, pontua.
Custo-benefício é um dos motivos que levam as pessoas a aderirem ao modelo. Letícia Alves, de 25 anos, realizava terapia presencial, mas na modalidade online diz que existe mais vantagem. “No meu caso é mais barato e muitos psicólogos abrem espaço na agenda para atender por um preço mais baixo. Funciona pro terapeuta e o paciente consegue fazer terapia sem ter que pagar R$ 200 na sessão”, fala.
A professora diz que há oito meses realiza as sessões com a profissional que nunca encontrou pessoalmente. Na visão dela, a dinâmica também funciona devido ao tipo de relação que paciente e profissional constroem juntos.
“Nunca a vi pessoalmente e desde a primeira sessão foi online. Minha sessão é de meia hora e dá muito certo. Acho que vai do vínculo do terapeuta com o paciente. Comparando com a terapia que fazia presencial eu acho que não perco nada, acho que até ganho. Eu faço na minha casa, não preciso me deslocar até o lugar, então tenho essa facilidade”, destaca.
A terapia online apresenta os mesmos resultados que a presencial? - Para quem acredita que a modalidade virtual não apresenta os mesmos resultados que a presencial, a psicóloga Talwany Nobre garante que não é bem assim. Ela realiza atendimentos desde 2019 e a partir de 2020 também aderiu às plataformas de videoconferência.
A flexibilização de horário, conforme a profissional, é uma das vantagens desse modelo. “Muitos pacientes preferem o atendimento on-line, inclusive aqui de Campo Grande, por ser mais prático e economizar tempo no trânsito. A flexibilização no horário é muito boa para eles também porque conseguem fazer no meio da tarde, por exemplo, e fica mais fácil conseguir um horário na minha agenda. Tem aqueles que se sentem mais à vontade por estar em casa. Hoje a maior parte dos meus atendimentos é online e o legal é que tem muitas pessoas fora do estado e de outros países também”, afirma.
Na experiência dela, a terapia virtual não impede que os métodos utilizados numa sessão presencial sejam aplicados.
“Existem coisas que são difíceis de não conseguir no online, porque a terapia acontece pela fala. Dentro da abordagem terapêutica o principal instrumento é a fala, as técnicas utilizadas são através da fala. Dentro da cognitiva comportamental temos técnicas de questionamento socrático onde a gente vai questionar o paciente de uma forma diferente”, esclarece.
Talwany ressalta que o mais importante é a relação que o profissional e paciente desenvolvem. “A dinâmica não muda, óbvio que é legal a questão do presencial, mas a gente constrói uma relação muito boa no online. Você cria uma relação de confiança e é muito bom, porque na terapia a gente precisa se identificar com o terapeuta, precisa se sentir à vontade com ele. O legal da terapia online é que não tem fronteiras”, conclui.
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