Por que eu devo apoiar quem resolve fazer a cirurgia bariátrica?
Vou jogar um papo reto para vocês: a pior parte da cirurgia bariátrica é quando você vai contar a alguém que vai passar pelo procedimento e ouve frases como: “Ah, mas você nunca mais vai ter saúde na vida”. “Ah, eu conheço uma prima do vizinho do amigo do meu primo que morreu ao fazer a bariátrica” ou até mesmo coisas “Para quê? Você nem precisa, só fechar a boca e levantar a bunda gorda da cadeira e ir malhar”.
São os gênios da lâmpada que eu já encontrei nos meus 34 anos de gordice. Eu tinha vontade era de sentar em cima, só para pessoa sentir o peso que eu carrego e falar: “Vai minha filha, vai fazer a bariátrica que o negócio é tenso”.
E durante todo o tempo que você pensa se vai ou não se submeter a um processo tão sério para melhorar sua própria saúde, surgem também pessoas do bem e de bem que te auxiliam no caminhar. São grupos no Facebook, grupos no Whats e também eventos sérios que acontecem para esclarecer as inúmeras dúvidas que rondam quem vai encarar o procedimento que são palestras com as equipes multidisciplinares envolvendo especialistas.
Durante três anos participei de várias dessas “reuniões da bariátrica” como elas são chamadas. Primeiro fui convidada por ex-obesos que passaram pela cirurgia e depois fui aos poucos sendo adicionadas nos grupos que discutem o tema. Gordo conhece o gordo e todo ex-gordo quer que o próximo fique menos gordo, porque a felicidade de perder peso é tão grande, que a gente quer espalhar pelo mundo, por isso esses grupos crescem cada vez mais.
Em Campo Grande, que eu tenha conhecimento somente a equipe dos cirurgiões Cesar Conte e James Câmara realiza essas reuniões, que acontecem em datas esporádicas e reúnem além deles, a nutricionista da equipe Mariana Corradi, as fisioterapeutas, operados, não operados e um componente especial para o sucesso da cirurgia: familiares de pacientes e futuros pacientes.
Eu confesso para vocês que essas reuniões foram momentos que precisei muito para estar aqui conversando com vocês como paciente operada, porque eu ia a todas e fazia mil perguntas. Ouvia a experiência de quem emagreceu 30, 50 e até cem quilos.
A melhor parte é que meu amor Josiel estava sempre comigo e começou a ser o grande incentivador da minha mudança. E com isso também conheci pessoas que ainda vivem a dúvida da bariátrica por causa daquelas mesmas frases que eu citei logo no começo do texto.
Gente, bariátrica é sim procedimento sério, não vamos cansar de lembrar isso, e como é um procedimento cirúrgico, tem sim óbitos e algumas que dão errado, mas é preciso lembrar dos riscos que o obeso tem enquanto permanece gordo, que são as comorbidades, tais como pressão alta, diabetes, dores musculares, cansaço, fadiga e baixa qualidade de vida, além da famigerada baixa autoestima que acompanha a vida de quem carrega algumas arrobas a mais.
Cansada de ouvir esse tipo de frase, escondi de todos que iria fazer a cirurgia e falei apenas uma semana antes, publicando no meu perfil apenas dois dias antes de ir para o centro cirúrgico, porque não queria mais ter que ter gente só me levando para baixo.
Por isso, se hoje, você encontrar alguém que vai fazer o procedimento ou quer buscar um auxílio na cirurgia para a doença da obesidade, se não quiser incentivar, se informe, e só depois emita sua opinião.
Caso essa pessoa seja próxima de você, mais uma dica preciosa. Vai com ela ao médico, a uma dessas reuniões. Em tempo, essa semana tem mais uma, quer participar? Na próxima quarta-feira (8) a equipe que me operou tem palestra marcada lá no auditório do Sebrae. É a partir das 19h e além de muita informação, de quebra você pode ganhar novos amigos e quem sabe ou sair do casulo ou auxiliar a saída de alguém do casulo da obesidade, nada mais bonito que acompanhar uma lagarta virando borboleta!