Reumatismo não tem idade e seus hábitos ditam se você puxa o gatilho
Médica reumatologista explica sobre como grupo de doenças pode surgir na infância e impactos do estilo de vida
Ainda hoje, é comum pensar que dores nas “juntas” são indicativos da idade avançada, mas isso está longe da realidade. Médica reumatologista, Fabiana Moreno explica que o reumatismo não tem idade e, dependendo dos seus hábitos e estilo de vida, pode estar “puxando o gatilho” para ativar doenças do gênero.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
O reumatismo, um termo abrangente que se refere a mais de 200 doenças que afetam o sistema musculoesquelético, pode manifestar-se em qualquer idade, desde recém-nascidos até idosos. Fatores como genética, estilo de vida e hábitos alimentares desempenham um papel crucial no desenvolvimento dessas condições. Embora algumas doenças reumatológicas possam ser curadas, muitas são crônicas e requerem tratamento contínuo. Sintomas como dor e inchaço nas articulações, rigidez matinal e fadiga não devem ser ignorados, pois podem indicar a presença de doenças reumáticas que podem levar a complicações físicas e emocionais significativas. A conscientização sobre esses sintomas é essencial para garantir um diagnóstico e tratamento adequados.
Quem tem alguém na família com alguma doença reumatológica costuma saber disso e já ficar de olho. Eu, a repórter que escreve aqui, sou exemplo disso. Depois de ter uma crise durante três dias aos 27 anos e notar que a maior parte dos meus colegas se assustou, justamente porque não esperavam os sintomas com essa idade, entendi que muita gente não tem ideia.
O que é reumatismo?
Explicando sobre o assunto, a reumatologista Fabiana esclarece, antes de tudo, que reumatismo é um termo genérico usado para se referir às doenças que comprometem o sistema musculoesquelético.
“Não é uma doença propriamente dita, são mais de 200 doenças que estão neste grupo como a osteoartrite (ou artrose), fibromialgia, osteoporose, artrite reumatoide, lúpus, espondilartrite”, descreve.
Com isso em mente, doenças reumatológicas podem aparecer em todas as idades. Exemplificando, existe a lúpus neonatal com o recém-nascido de uma mãe que tenha a chamada lúpus eritematoso sistêmico e a artrite reumatoide juvenil para crianças e adolescentes.
Na fase adulta, é comum o diagnóstico de bursites, tendinites, fibromialgia, gota e, também, doenças autoimunes como lúpus, artrite reumatoide, sjogren e espondilartrite. Há, com idosos, osteoporose, osteoartrite, polimialgia reumática e outras.
Por que se tem reumatismo?
Segundo a médica, apesar de todas as nossas características serem recebidas nos nossos pais (incluindo predisposição a doenças), essa herança não é determinadamente para doenças reumáticas.
Na prática, o que realmente impacta no desenvolvimento das doenças é a interação dos aspectos biológicos, hormonais, ambientais e estilo de vida (como a alimentação, sedentarismo, tabagismo, estresse e isolamento social).
Pense num revólver em que a bala é a herança genética. Ela está lá, porém quem aperta o gatilho são seus hábitos, comportamentos e estilo de vida”, diz a médica reumatologista, Fabiana Moreno.
Como o estilo de vida afeta quem tem doenças reumatológicas?
Estilo de vida (hábitos e alimentação) afetam diretamente no desenvolvimento do reumatismo e também no tratamento, como explica Moreno. Isso porque todas as doenças crônicas são impactadas especialmente pelos hábitos de alimentação e de movimento.
“Se você tem uma alimentação rica em produtos industrializados, ultraprocessados, gorduras saturadas, alto teor em açúcares e um comportamento sedentário (por exemplo, fica mais de quatro horas sentado, faz menos que 150 minutos de atividade física moderada por semana), você tem tudo para desenvolver uma doença crônica”. Exemplos de doenças crônicas são obesidade, hipertensão, diabetes, depressão, ansiedade e doenças reumáticas como fibromialgia, osteoartrite, gota e artrite reumatoide.
Há cura para o reumatismo?
Fabiana explica que algumas doenças reumatológicas podem ser curadas, mas, em sua maioria, são doenças crônicas. Isso significa que precisam de um tratamento contínuo, durante toda a vida.
Com o avanço da medicina, há uma série de tratamentos terapêuticos que possibilitam controle das doenças para garantir bem-estar e qualidade de vida.
De toda forma, talvez a informação principal seja para abrir os olhos e não ignorar sintomas que são vinculados às doenças reumatológicas. Reforçando essa informação, a médica destaca que todas elas são sérias e várias podem levar a complicações físicas, orgânicas, psicoemocionais, sociais e familiares.
Então, como diz a médica, fique atento para os seguintes sintomas:
Dor e inchaço nas articulações por mais de seis semanas;
Dor nas costas (especialmente antes dos 45 anos);
Acordar durante a noite com sensação de estar “travado”;
Rigidez matinal;
Dor generalizada há mais de três meses;
Fraqueza muscular;
Sintomas inespecíficos também merecem atenção como fadiga, perda de peso e febre; lesões na pele, úlceras e aftas frequentes na boca, nariz ou região genital; olhos e boca seca.
“Tudo isso pode ser sintomas de alguma doença reumática e merece investigação”, completa.
Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).
Receba as principais notícias do Estado pelo WhatsApp. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.
(*) Texto alterado para inserção de informações.