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Games

A nostalgia retrogamer e a vida de adulto: Uma mesa para limpar

Rodrigo Bochi Motta | 07/02/2018 07:45
Jogar games e ser adulto não é tarefa fácil.
Jogar games e ser adulto não é tarefa fácil.

Recentemente atendi um cliente. Papo vai papo vem, e ele acabou me passando uma informação interessante: Tinha uma mesa cheia de apetrechos, cacarecos dos mais diversos, mas tinha que ter um espaço para o computador, um notebook do qual não perguntei as especificações e o mouse. Tudo isso para que durante sua cotidiana jornada laboral tivesse, nos oportunos momentos de folga, alguma chance de jogar um game. “Mas não esses jogos modernos, eu gosto mesmo é de jogar Doom!”. Meus amigos, quando ouvi essas palavras sendo proferidas por esse agora meu amigo (afinal quem joga Doom clássico por consequência já pode ser considerado meu amigo, mesmo que ainda não tenha conhecimento dessa amizade), me bateu aquelas lembranças dos tempos em que eu jogava o título de primeira pessoa.

Lembro-me de se referirem a ele como um “game pesado”. Tiros, sangue, as expressões do protagonista aparecendo na barra de guia, o mapa simulando um sistema de navegação, fora os incríveis efeitos de iluminação com áreas escuras em que até mesmo nossa arma era afetada. O incrível desse jogo é que proporciona uma diversão atemporal. Desde a época em que eu jogava com os disquetes da versão shareware (demorei pra poder finalmente jogar os outros capítulos de Doom), até os dias de hoje eu vejo como esse é um jogo fantástico, a ponto de ser quase uma prioridade na jornada de trabalho de alguém.

A nostalgia retrogamer e a vida de adulto: Uma mesa para limpar

Foi uma conversa muito divertida sobre jogos da época, ainda mais pelo jeito de jogar, da maneira clássica, andando pelas “setinhas” do teclado, atirando no Ctrl, abrindo portas com a barra de espaço. Juntos lembramos de fases emblemáticas do jogo, os chefes nos finais dos atos, as armas que eram uma mais chamativa que a outra...

Eu demorei um bom tempo até finalmente jogar a versão completa de Doom, mas hoje temos grandes facilidades para conseguir tal feito. Esse mesmo cliente me passou a dica de um site que proporciona gratuitamente dois jogos antigos por dia, citando títulos que com certeza farão muitos de vocês despertarem boas memórias: Heretic, Hexen, Wolfeinstein 3D, Duke Nukem 3D, Quake entre vários outros FPS.

Do mesmo modo que eu “sofri” para finalmente jogar o título, provavelmente vocês também têm alguma lembrança de algum jogo que viram muito anos atrás e nunca mais encontraram, algumas vezes nem sabendo o nome daquela pérola que tanta diversão lhes trouxe. “Ó games místicos e secretos, onde se escondem?”.

Mesmo nos tempos de começo de emulação em que finalmente poderíamos jogar aquela tão cobiçada biblioteca de nosso console favorito, ainda sim encontrávamos empecilhos. Eu demorei muito para conseguir jogar Final Fantasy V (na época eu tinha uma fascinação quase patológica por RPGs, algo que eu fujo hoje em dia, mas isso seria papo para outra situação), não tinha internet em casa, apenas no trabalho do meu pai, então depois da aula algumas vezes eu ia pra lá jogar alguns minutos do jogo, completamente em japonês, já que nem me lembro de terem traduções na época, e ficava babando naquele belíssimos gráficos, dando nomes e criando roteiros imaginários para aqueles personagens misteriosos e, ao mesmo tempo, tão familiares.

A nostalgia retrogamer e a vida de adulto: Uma mesa para limpar

Eu tentei algumas vezes levar o jogo pra casa, mas não tinha o programa para dividir o arquivo em partes, e o jogo tinha 1,5 megabytes, pouco mais que os 1,44 que o disquete permitia.

Enfim, depois de um bom tempo terminei Final Fantasy V - em inglês, olha que beleza! – e mudei muita coisa, mas ainda gosto de muitos jogos da época, ou retro games, como preferirem, embora eu confesso que sempre fui contra o conceito de termos como “gamer”, “retrogamer”, e qualquer nomenclatura anglicana que tente invadir nosso belíssimo vernáculo, talvez porque nunca tenha me considerado um verdadeiro componente deste nicho, mas sim um simples dentista que gosta de jogar seus jogos em seu tempo livre, assim como todos temos nossas mesas para limpar e conseguir um espaço para nossos Dooms, Marios, Sonics ou qualquer jogo que te sirva de conforto.

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*Rodrigo Bochi Motta, também conhecido como Vigia, escreve todos os meses revivendo a vida gamer.

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