Com um sonho e R$ 6 mil, ele largou o concurso para abrir lanchonete
Ele havia acabado de ser chamado para ocupar cargo, quando decidiu abrir mão e investir no Tiradentes
O comerciante Marcelo Anderson Cristaldo Almiron, de 30 anos, havia acabado de passar em dois concursos e conquistar um cargo público quando decidiu abrir mão da estabilidade e do conforto de trabalhar de segunda a sexta-feira para se dedicar à rotina incerta do empreendedorismo. Ele investiu seus únicos R$ 6 mil em uma cantina no bairro Tiradentes, para os mais chegados, o famoso Tirão.
Ao receber a equipe do Lado B em seu estabelecimento, o jovem se apresentou logo de início como “a equipe de marketing, limpeza, cozinha e administração”. Isso porque ele é responsável por atender, cozinhar e divulgar a lanchonete nas redes sociais.
Determinado a se tornar "conhecido" na cidade, Marcelo explica que tem se esforçado na divulgação do local, embora confesse que marketing não seja seu forte. Pelo menos, ele sabe como causar uma boa primeira impressão.
No primeiro contato com a redação, quase ficou sem a pauta, já que, após convidar a repórter para conhecer o estabelecimento, uma mensagem foi enviada dizendo que "não havia sugerido nem convidado" ninguém. Acontece que quem havia mandado essa mensagem foi a inteligência artificial que responde aos clientes pelo WhatsApp, na ausência de Marcelo.
Mas bom humor e carisma não faltam ao dono do estabelecimento, nem criatividade. Quando decidiu abrir o empreendimento no Tiradentes, conta que tinha “R$ 6 mil e um sonho” e deixa claro que queria explorar sua criatividade na criação da identidade da cantina. Levou uma semana para escolher o nome. Como é descendente de paraguaios, decidiu resgatar as raízes de seus avós e utilizar isso como diferencial em sua marca.
“Eu estava assistindo a um podcast com o dono da Arezzo. Lá, ele contou que tinha o sapato, mas não tinha o nome. Eu também tinha o lanche, mas não tinha o nome. Aí ele disse que abriu o mapa da Itália e escolheu o nome de uma cidade. Então, decidi fazer o mesmo: abrimos o mapa do Paraguai e promovemos uma votação em casa para escolher a cidade”, relata Marcelo.
O diferencial do local começa pelo cardápio. Os lanches têm nomes de times de futebol paraguaios, e as batatas recheadas são batizadas com nomes de cidades paraguaias. Os critérios para eleger os nomes foram simples: cada membro da família de Marcelo escolheu seu lanche favorito e o nomeou com sua cidade ou time do coração.
Marcelo conta que trabalhava na recepção de uma unidade de saúde e que também chegou a se formar na faculdade de História. Ele passou anos estudando, com a ajuda da mãe, para concursos públicos e, quando finalmente foi aprovado, relata que desistiu do cargo para empreender.
“Quando chegou o dia de levar os documentos, eu não fui. Falei para minha mãe que tinha desistido, e ela disse: ‘Você tá ficando louco? A gente estudou e investiu tanto para isso. Quantas pessoas queriam isso, e você passou em dois [concursos] e não foi em nenhum?’”, relembra, rindo.
A decisão foi arriscada, mas Marcelo comenta que, apesar da estabilidade que o cargo no concurso traria, ele sempre gostou de trabalhar com atendimento ao público. Para ele, é satisfatório quando as pessoas dizem que gostam da sua comida, do atendimento e retornam à cantina. Nesse processo, ele enfatiza que o apoio da família, principalmente da mãe, foi essencial.
“Eu falei [para minha mãe] que seria mais feliz fazendo lanche e batata recheada, porque é o que eu gosto: cozinhar e ter contato com o cliente. Aí eu disse: ‘Bora abrir uma lanchonete?’, e ela respondeu: ‘Tá bom, vamos’”, compartilha.
Marcelo explica que, quando pensava nas lanchonetes da cidade, sempre lhe vinha à cabeça os nomes “x baguncinha”, “x Campo Grande”, e esse foi o motivo de querer dar uma diferenciada.
As opções são a batata Assunção (estrogonofe de carne), Luque (bobó de frango), San Lorenzo (picante), Bella Vista do Norte (carne ao molho vermelho), Loretto (calabresa com bacon) e Pedro Juan Caballero (frango ao molho vermelho).
Já os lanches, têm as opções Resistência (x-burguer), Olímpia (x-salada), Liberdade (x-egg), Guarani (x-calabacon), Cerro Porteno (x-bagunça) e Seleção Paraguaia (x-tudo).
A cantina também vende salgados variados, incluindo enroladinho de salsicha, presunto e queijo e esfirras. No período da noite, Marcelo faz espetinho com mandioca e exibe jogos de futebol para os clientes.
O local é bem fácil de encontrar, pois a maioria das placas foram feitas nas cores da bandeira do Paraguai: vermelho, azul e amarelo.
A Cantina Luque está localizada na Avenida Marquês de Pombal, nº 609, no Tiradentes. O horário de funcionamento é das 7h às 23h, com exceção dos domingos, único dia que a cantina fecha.
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