Coxinha com vinagrete é atração nas Moreninhas e provoca fila na madrugada
O salgado frito virou opção para quem volta da balada, mas emplaca independente da hora
O trabalho começa de madrugada com o preparo da Kombi e a montagem da barraca. São pelo menos 800 salgados preparados no dia para servir a freguesia da tradicional feira livre na rua Barueri, no Moreninha II.
O feirante Edson Kayano, de 40 anos, chega ao local às 2h30 da manhã. Ele é um dos primeiros a preparar o espaço para começar a vender. A pressa é porque nesse horário já existe uma fila de gente em carros a espera dos salgados, entre eles, a coxinha frita que ganhou fama pelo bairro.
"É a turma que vem da balada e nesse horário não tem nada aberto. Todo mundo para aqui de madrugada porque sabe que vai ter coxinha e pastel".
Por R$ 4,00, a coxinha famosa é crocante e a massa é feita com mandioca. "Não tem mistura de farinha de trigo e nem batatinha. É mandioca pura mesmo", garante
O Lado B provou o salgado que além de conquistar pela massa, é entregue sequinho. "Pode ver que não enche de gordura o guardanapo. Isso é porque tem que sovar muito a massa durante um bom tempo", revela.
Já sobre o tempero ele faz mistério, mas quem come sente o sabor picante da pimenta. "É só um dos temperos que a gente usa".
O diferencial além da massa e textura, Edson acrescenta na mesa. A coxinha é servida com vinagrete para quem gosta da mistura. "É um molho diferente e que combina com a coxinha", justifica.
A feira das Moreninhas é roteiro fixo aos domingos para as amigas Elizabete Couto Ferreira, de 35 anos, e Viviane Pereira Castilho, de 27, que saem do bairro Mário Covas para comer coxinha na feira. "A gente vem passear, fazer compras e toda vez tem que comer essa coxinha", diz Viviane.
A amiga reforça os elogios ao lugar. "Olha que eu já comi muita coxinha nessa cidade, mas igual essa e com vinagrete não tem", acrescenta Elizabete. E o preço também agrada. "Tem lugar que é muito mais caro e é pequeninha, aqui não", completa.
O pai Cícero Humberto de Araujo, de 51 anos, não consegue enganar o filho Matheus Henrique, de 13, quando a coxinha da barraca de Edson acaba. "As vezes ele não vem e quando chego aqui a coxinha já acabou. Se eu levo de outro lugar, ele sabe que não é daqui. Aprendeu a comer desde pequeninho nessa feira", conta Cícero.
Fidelidade que para o feirante só faz aumentar o amor pela vida que leva, mesmo com uma rotina intensa de trabalho. Edson aprendeu tudo com os pais que começaram a vida como feirantes na década de 70. "Quando eles saíram da chácara para morar na cidade, começaram a vida vendendo cereais na feira. Depois foram verduras durante 17 anos até que decidiram se reinventar com o salgado".
Os pais são aposentados e ele quem deu continuidade aos negócios da família. "Depois de um tempo a gente continua na feira porque gosta. Dá trabalho? Nossa, muito. Mas o freguês, os amigos, essa companhia que a gente tem fim de semana é o mais gostoso. Nossa intenção não é ficar rico, mas continuar com nossos clientes".
A entrevista foi interrompida para Edson ver o que restava de pastel e voltou sorrindo. "Veja só, são 10h e já acabou. Eu trouxe pelo menos 300, isso é muito gratificante".
Quando chega em casa, Edson ainda vai fazer compras e administrar o financeiro, para garantir que os salgados continuem chegando com qualidade à feira. "A gente tem que saber comprar a mandioca certa, cuidar do tempero e torcer muito para que não chova. Porque senão, acaba a feira".
Além da feira na Rua Barueri, no Moreninhas, Edson também está na feira livre do Caiçara toda sexta-feira.