Pique a lo Macho vendido em trailer é herança de Corumbá no Rita Vieira
Caldo de piranha corumbaense complementa cardápio que homenageia a cultura da fronteira

Quando se fala em Corumbá, Capital do Pantanal, é impossível não lembrar da riqueza cultural que a cidade absorve da fronteira com a Bolívia. Da música às festividades e, claro, à gastronomia, tudo espira tradição. Foi com esse sentimento de pertencimento que os empresários Katerine Galharte, de 49 anos, e Boni Nowak, de 43, trouxeram para Campo Grande um pedacinho de Corumbá em forma de comida.
O trailer, localizado na Rua Delcides Mariano, no Bairro Rita Vieira, é simples, mas serve pratos que carregam histórias e memórias afetivas. O carro-chefe é o Pique a lo Macho, prato de origem boliviana que ganhou espaço também na culinária corumbaense. A receita leva iscas de carne bovina, molho vermelho com azeitonas e calabresa, tomate, mussarela, batata frita e manjericão. Mas Katerine, a chefe que faz o passo a passo dos processos, guarda um segredo especial no tempero que deixa o prato ainda mais irresistível.
“A receita tem um segredo que eu não revelo, mas quem prova percebe a diferença”, conta fazendo ar de mistério.

Outro prato que conquistou quem é de Campo Grande e ajuda quem veio de Corumbá a matar a saudade de casa, é o caldo de piranha corumbaense. Feito em um processo lento, que leva quase 24 horas de preparo, o caldo é servido com torradas e também carrega um toque misterioso que o torna inconfundível. “Quem é de Corumbá sente a diferença. Tem gente que fecha o olho na primeira colherada e fala que voltou para casa”, revela Katerine.
A paixão pela culinária veio desde cedo para Katerine. Criada em Corumbá, ela aprendeu a cozinhar ainda na infância com a mãe e os familiares. Trabalhou em um dos clubes mais tradicionais da cidade, o Riachuelo, onde preparava sanduíches para os frequentadores. “Minha mãe dizia que para mandar primeiro a gente tem que saber fazer. Então, aprendi de tudo um pouco”, relembra.
Para ela, quem é de Corumbá tem um costume curioso: nunca coloca só um prato na mesa. “Lá, o arroz e feijão não vêm sozinhos. Sempre tem um picadinho, uma carne de panela ou um assado. A gente gosta de fartura e sabor”, brinca.

Já Boni, o parceiro na empreitada gastronômica, conheceu a culinária da fronteira através dela. Antes, nunca havia experimentado pratos típicos como o Pique a lo Macho ou o sarrabulho, ensopado de miúdos bem temperado e tradicional na cidade. “No início, eu achava diferente, mas depois viciei. Agora, se ela faz, eu quero de novo”, admite.
A ideia de abrir o trailer surgiu de um desejo antigo de Katerine: cozinhar profissionalmente. Com o incentivo da família, ela decidiu transformar a paixão em negócio. “Eu sempre fiz de tudo, vendi joias, lingerie, geleias artesanais. Mas minha mãe um dia perguntou o que eu realmente queria fazer. Respondi: cozinhar. No mesmo dia, ela me levou para ver um trailer e saímos de lá com tudo comprado”, relembra.
Desde julho do ano passado, o trailer tem conquistado clientes fiéis, tanto corumbaenses nostálgicos quanto campo-grandenses curiosos pelos sabores do Pantanal. A aceitação foi tanta que o negócio se expandiu e passou a ser uma das atrações da Feira Bosque da Paz, evento que acontece periodicamente na cidade e promove gastronomia e cultura.
Para Katerine, o trailer é mais do que um ponto de alimentação; é um pedaço da história de Corumbá em Campo Grande. “Não é só um prato, é uma conexão com as nossas raízes”, define.
E a prova disso está nas histórias de clientes. Recentemente, um deles se emocionou ao encontrar o Pique a lo Macho no cardápio. “Ele pegou o cardápio e perguntou: ‘Quem aqui é de Corumbá?’ Quando dissemos que era a nossa especialidade, ele disse que já tinha comido o prato na Bolívia e ficou empolgado para provar a nossa versão”, conta Boni.
Com a boa recepção, o casal agora planeja ampliar o cardápio e levar ainda mais pratos corumbaenses para o público. Recentemente, incluíram a porção de tilápia frita, pois muitos clientes perguntavam sobre opções com peixe. Outro projeto é fazer o dia do sarrabulho.
Além dos pratos típicos de Corumbá, o 'Quitutes da Kate' ainda tem opções de sanduíches, espetos, caldo de feijão e bebidas. O trailer funciona de quarta À segunda-feira, das 19h às 23h.
Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.