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Lado Rural

Bovinos pantaneiros do rebanho da Embrapa ganham registro genealógico

Trabalho ajudará no esforço de conservação da raça bovina, que se encontra em risco de extinção

Por José Roberto dos Santos, com informações da Embrapa Pantanal | 26/09/2023 15:46
Rústicos e resilientes, animais da raça bovino pantaneiro foram adaptados ao longo do tempo às condições do bioma. (Fotos: Raquel Brunelli/Embrapa Pantanal)
Rústicos e resilientes, animais da raça bovino pantaneiro foram adaptados ao longo do tempo às condições do bioma. (Fotos: Raquel Brunelli/Embrapa Pantanal)

A equipe da Embrapa Pantanal (Corumbá, MS) e a ABCBP (Associação Brasileira de Criadores de Bovino Pantaneiro) realizaram o registro genealógico de nove touros e 55 matrizes pertencentes ao rebanho do Núcleo de Conservação do Bovino Pantaneiro, do Campo Experimental da Fazenda Nhumirim. Os machos e fêmeas jovens foram avaliados e pré-selecionados para um registro futuro, dependente do seu desenvolvimento e características raciais. Trata-se de um importante passo para o processo de registro da raça junto ao Mapa (Ministério de Agricultura e Pecuária).

Segundo a pesquisadora da Embrapa Raquel Soares Juliano, responsável há 15 anos pelas pesquisas realizadas com o bovino pantaneiro, cada animal passou por uma avaliação técnica para atender aos critérios que determinam o padrão racial e foram identificados com uma marca e numeração junto à ABCBP, além de registro fotográfico individual. Os dados desses animais estarão disponíveis na Plataforma Alelo de Recursos Genéticos, administrada pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF).

“Aproveitamos para classificar, individualmente, o escore corporal e frigorífico dos bovinos e detectar animais com características interessantes a serem mantidas nessa população: diversidade de pelagens, habilidade materna, mansidão, produção satisfatória de crias, longevidade, boa conformação para produção de carne e leite”, detalha a pesquisadora.

Fêmeas da raça são consideradas mansas e com excelente aptidão materna
Fêmeas da raça são consideradas mansas e com excelente aptidão materna

Raquel Juliano destaca que o registro dos animais na ABCBP deve fortalecer o trabalho de conservação e uso do bovino pantaneiro que vem sendo realizado desde a década de 1980, quando o primeiro rebanho de conservação foi implantado, na Embrapa Pantanal. O esforço reúne também outras Unidades da Embrapa, criadores, técnicos, universidades e instituições de pesquisa.

“As pesquisas realizadas ao longo dos anos demonstraram que o bovino pantaneiro tem como principal diferencial o fato de ser o taurino mais adaptado às duras condições do Pantanal. Esses animais produzem carne macia e suculenta, com bom marmoreio e leite com alto teor de gordura; os touros possuem alta libido e as vacas são muito longevas e prolíferas.

Os rebanhos acompanhados pelos pesquisadores e pela ABCBP são criados tradicionalmente em sistemas extensivos, a pasto, sendo uma boa opção em empreendimentos pecuários com perfil de atendimento a nichos mercadológicos”, explica a pesquisadora.

Além da mansidão, Embrapa destaca outras características das fêmeas, como capacidade leiteira, entre outras vantagens e diferenciais
Além da mansidão, Embrapa destaca outras características das fêmeas, como capacidade leiteira, entre outras vantagens e diferenciais

Ela informa que o rebanho da Embrapa Pantanal auxilia a definir critérios para a seleção de animais, que, em um futuro breve, serão a base do melhoramento genético da raça. “Esse processo não pode ser isolado. A participação dos criadores é fundamental para a adoção desse patrimônio genético brasileiro e sua consolidação como oportunidade de negócio rentável, comprometido com aspectos de qualidade e sustentabilidade”, defende.

O presidente da ABCBP, Thomas Horton, é um grande incentivador da raça. "Eu tenho touro robustos, bezerros que desmamam com 200 quilos", frisa Horton ao contar que o custo de criação do Bovino Pantaneiro é menor, e que a raça é ótima escolha para uma propriedade de porte médio como a dele. "Considero os animais de fácil manejo, com boa resistência a carrapatos e verminoses. Verifiquei nas pesquisas, que foram feitas com a Embrapa e parceiros, a qualidade da carne e o seu marmoreio”, relata o criador.

Bovino Pantaneiro

Trazido da Europa na época da colonização por portugueses e espanhóis, passou por um processo de seleção natural, resultando em uma raça extremamente adaptada às condições do Pantanal, capaz de suportar fatores pouco favoráveis em termos de clima e nutrição – mantendo altas taxas de reprodução, apesar dos extremos do bioma.

Trata-se de uma raça rústica e resiliente, que apresenta cascos resistentes a longos períodos de pastejo em áreas alagadas, mansidão, boa habilidade materna e capacidade leiteira, entre outras vantagens e diferenciais. Atualmente, a raça está em alto risco de extinção, possui carne e leite com sabor e qualidade diferenciados, com um potencial comercial para atender a nichos de mercado.

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