Seca derrubou em 52,8% a moagem da cana-de-açúcar no Centro-Sul
Condição climática desfavorável gerou paradas pontuais em todas as usinas da região
Na primeira quinzena de novembro, as unidades produtoras da região Centro-Sul, região que inclui o Mato Grosso do Sul, processaram 16,46 milhões de toneladas ante a 34,88 milhões da safra 2023/2024 – o que representa uma queda de 52,81%. No acumulado da safra 2024/2025 até 16 de novembro, a moagem atingiu 582,61 milhões de toneladas, ante 595,97 milhões de toneladas registradas no mesmo período no ciclo anterior – queda de 2,24%.
RESUMO
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A produção de cana-de-açúcar na região Centro-Sul do Brasil apresentou queda significativa na primeira quinzena de novembro de 2024, com 16,46 milhões de toneladas processadas, contra 34,88 milhões no mesmo período da safra anterior (queda de 52,81%). A seca e as queimadas impactaram a colheita, com paradas pontuais em várias unidades produtoras. Apesar da menor moagem, a qualidade da matéria-prima melhorou, com aumento no ATR. A produção de açúcar também caiu significativamente (59,18%), enquanto a produção de etanol teve resultados mistos, com crescimento acumulado no biocombustível, mas queda na produção na primeira quinzena de novembro.
Estudos recentes indicam que a seca e as queimadas devem impactar de forma significativa a produtividade da cana-de-açúcar pelas próximas duas safras.
O diretor de Inteligência Setorial da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia), Luciano Rodrigues, explica que além das unidades que haviam programado seu término de moagem para a quinzena, a condição climática desfavorável para colheita ocasionou paradas pontuais em toda região Centro-Sul, impactando o ritmo de processamento das empresas em operação. A afirmação consta de Relatório de Safra – 1ª Quinzena de Novembro/2024, distribuído nesta quinta-feira, 28.
Segundo os números da Unica, operaram na primeira quinzena de novembro 223 unidades produtoras na região Centro-Sul, sendo 204 unidades com processamento de cana, nove empresas que fabricam etanol a partir do milho e dez usinas flex. No mesmo período, na safra 23/24, operaram 237 unidades produtoras.
Até o final da primeira quinzena de novembro, 25 unidades encerram a moagem. No acumulado desde o início do ciclo 2024/2025, 65 unidades finalizaram as operações. No mesmo período da safra anterior, 50 usinas haviam finalizado a moagem.
Mato Grosso do Sul se destaca em nível nacional ocupando a quarta posição no ranking de produção de etanol de cana-de-açúcar e a segunda posição na produção do etanol de milho, que juntos somaram 3,8 bilhões de litros na safra passada (75% da cana e 25% do milho). São 20 usinas no total.
A área plantada de cana-de-açúcar no Estado já chega a 800 mil hectares espalhados em 42 municípios. O setor responde por 120 mil empregos diretos e indiretos e representa 16% do PIB (Produto Interno Bruto) Industrial.
Qualidade da matéria-prima melhora
Em relação à qualidade da matéria-prima, o nível de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) registrado na primeira quinzena de novembro atingiu 133,09 kg de ATR por tonelada de cana-de-açúcar, contra 132,26 kg por tonelada na safra 2023/2024 – variação positiva de 0,63%. No acumulado da safra, o indicador marca 142,31 kg de ATR por tonelada, índice levemente superior (1,22%) ao do ciclo anterior na mesma posição.
Produção de açúcar e etanol
A produção de açúcar nos primeiros quinze dias de novembro totalizou 897,53 mil de toneladas, registrando queda de 59,18% na comparação com a quantidade registrada em igual período na safra 2023/2024 (2,20 milhões de toneladas). No acumulado desde o início da safra até 16 de novembro, a fabricação do adoçante totalizou 38,27 milhões de toneladas, contra 39,47 milhões de toneladas do ciclo anterior (-3,04%).
“Além da queda na moagem, a redução na produção de açúcar foi afetada pela menor proporção de cana direcionada à fabricação do adoçante na quinzena. Na primeira metade de novembro do ciclo 2023/2024, cerca de 50% da matéria-prima havia sido utilizada para a produção de açúcar, nesse ano o indicador atingiu apenas 43% da cana-de-açúcar utilizada para a fabricação do adoçante”, explicou Rodrigues.
Na primeira metade de novembro, a fabricação de etanol pelas unidades do Centro-Sul atingiu 1,06 bilhão de litros, sendo 608,08 milhões de litros de etanol hidratado (-38,80%) e 450,49 milhões de litros de etanol anidro (-29,51%). No acumulado do atual ciclo agrícola, a fabricação do biocombustível totalizou 29,92 bilhões de litros (+4,50%), sendo 19 bilhões de etanol hidratado (+12,01%) e 10,92 bilhões de anidro (-6,42%).
* Matéria editada às 15h31 para acréscimo de informações.
* Com informações da Unica.