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Lado Rural

Soja amarga desvalorização de 35% em MS e produção perde 2 milhões de toneladas

Condições das lavouras foram afetadas em várias etapas pela estiagem e altas temperaturas

Por José Roberto dos Santos | 08/03/2024 17:30
Colheitadeira avança sobre área plantada com soja em MS; colheita chega a quase 60%. (Foto: Divulgação/Aprosoja-MS)
Colheitadeira avança sobre área plantada com soja em MS; colheita chega a quase 60%. (Foto: Divulgação/Aprosoja-MS)

O preço médio da saca de 60 de quilos de soja em Mato Grosso do Sul registrou preço médio de R$ 99,86/sc no período de 26 de fevereiro a 4 de março deste ano. Ao comparar com igual período do ano anterior, houve queda nominal de 35,30%, quando a oleaginosa havia sido cotada, em média, a R$ 154,34/sc. Esse valor não significa que o produtor esteja realizando negociações neste preço, tendo em visto que a comercialização é gradativa.

Os números estão disponíveis no portal da Grano Corretora, utilizado como referência no Boletim Casa Rural, elaborado pela equipe do Projeto Siga-MS (Sistema de Informações Geográficas do Agronegócio).

Além desse fator negativo de queda de preços, a safra 2023-2024 de Mato Grosso do Sul, segundo o analista de mercado da Granos Corretora, Carlos Ronaldo Davalo, já trabalha com a expectativa de quebra de 20% da produção em relação ao ciclo passado, perdendo 2 milhões de toneladas, passando de uma safra recorde de 15 milhões de toneladas para 13 milhões.

Entre o final de fevereiro e o dia 4 de março, de acordo com as cotações disponíveis no site da Granos Corretora, a maior valorização no período ocorreu nos municípios de Sonora, Maracaju e São Gabriel do Oeste, com valorização na ordem de 5,26%, 5,10% e 4,12%, respectivamente, afirma o Siga-MS.

Segundo levantamento realizado pela Granos, até 4 de março de 2024, o MS já havia comercializado 34,12% da safra 2023/24, avanço de 2,72 pontos percentuais quando comparado a igual período de 2023 para a safra 2022/23.

Na Bolsa em Chicago (EUA) houve desvalorização para todos os contratos entre os fechamentos do dia 26/02 a 04/03/2024.

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Argentina é o fiel da balança

Para Carlos Davalo, o grande entrave para os preços da soja no Brasil este ano é a produção da Argentina, que saltou de 21 milhões de toneladas em 2022-2023 para 52 milhões de toneladas nesta safra atual – mais que dobrou. No ciclo passado os preços brasileiros estavam nas alturas justamente devido à quebra da safra argentina.

Para piorar a situação para a soja brasileira, afirma Davalo, este ano ainda persiste a recessão nos países asiáticos, com a China importando menos e a redução da safra brasileira da soja, que deve recuar de 163 milhões de toneladas para 143 milhões neste ciclo.

Nesta dinâmica de mercado, na relação com os argentinos, há que considerar que o Brasil é um grande produtor de matéria-prima enquanto a Argentina é o segundo maior esmagador de soja do mundo, só perdendo para a própria China, que consome 120 milhões de toneladas de soja e precisa importar boa parte.

Colheita da soja

Até 1º de março, a colheita da soja em Mato Grosso do Sul já havia alcançado 58,3% da área prevista de 5,245 milhões de hectares plantadas. A região sul está com a colheita mais avançada, com média de 61%, enquanto a região norte está com 56% e a região centro com 51,9% de média. A área colhida até o momento, conforme estimativa do Projeto Siga-MS, é de aproximadamente 2,486 milhões de hectares.

Conforme noticiado pela Coluna Lado Rural, há grande preocupação com as condições das lavouras de soja em Mato Grosso do Sul, que têm quase 30% classificadas como "regular" e "ruim". Isso representa quase 1,250 milhão de hectares. Houve um replantio fora do comum neste ciclo 2023-2024, atingindo 5,72%. Soma-se a isso o fato de que nas lavouras de MS, 716.856 hectares foram afetadas pela estiagem.

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