“Se Amazônia é pulmão, Pantanal é o coração do planeta”
Nesta terça-feira, 28, o canal Off apresenta o sexto capítulo de uma série de dez programas de 25 minutos do documentário “60 Dias no Pantanal”, produzido em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul para mostrar a aventura de duas jovens – a modelo catarinense Yasmin Volpato e a jornalista e apresentadora de TV Thaís Tavares – pelo ecossistema mais preservado do mundo.
Nessa viagem, elas passam por belíssimas paisagens, passam por situações arriscadas e conhecem personagens pantaneiros cativantes, que as emocionaram. Como o encontro com Vicente, o solitário índio guató, que não retornou à reserva da tribo, tomada pelo Exército nos anos de 1950 e reconhecida pelo governo no início deste século, vivendo num casebre ao lado do Parque Nacional do Pantanal.
Com a participação do premiado cineasta Silvestre Campe, que já sobrevoou a região em seu paramotor, a série estreada em outubro, época dos ipês floridos, traz Yasmim e Thaís desbravando um dos ecossistemas mais exuberantes e complexos. O programa tem cenas de tirar o fôlego, como a travessia de rios e lagoas no lombo do cavalo pantaneiro, e o voo de balão, no Pantanal da Nhecolândia, no capítulo final.
“Imaginar que viajamos para fora do Brasil e conhecemos tão pouco o que temos de mais belo”, refletiu Yasmin, remando em seu SUP as lagoas que circundam a morraria do Amolar, a reserva Acurizal e o Parque Nacional do Mundo, entre os dois estados pantaneiros. “Nunca pensei em encontrar tanta riqueza arqueológica nessa secreta morraria, apenas fauna e flora. É como voltar ao tempo.”
Cineasta faz pouso de emergência
A expedição foi iniciada em Bom Jardim, Cuiabá. Yasmin e Thais mergulharam nas águas cristalinas de uma caverna com xilofones naturais; passearam de SUP por um lago repleto de buritis, convivendo com a fauna exuberante da região com papagaios, jacarés, cavalos e gado pantaneiro. Também cavalgaram a noite ao lado de onças, em Poconé (MT), e conhecem a Chapada dos Guimarães.
Na entrada do Pantanal Sul, ficaram à deriva no Rio Cuiabá com uma pane no motor do barco, mas conseguiram socorro dos ribeirinhos para chegar ao Amolar. Quatro capítulos se passam no Pantanal Norte, onde as aventureiras se perdem no caminho e vivem momentos tensos cavalgando à noite em meio a jacarés e onças na região da Transpantaneira, onde ocorre uma das maiores concentrações do felino. “Não tenho mais bunda para cavalgar”, reclama Thaís, no breu da mata.
Sylvestre Campe decola de paramotor na Chapada, ao som de um violeiro, e faz um pouso de emergência e cai num brejo com jacarés, para se encontrar com as jovens na reserva Acurizal, já em Corumbá. Ali, um amigo, o piloto Daniel Rodrigues, chega de avião, saindo do Rio de Janeiro, para levar peças de reposição para o seu paramotor, com o qual já rodou o mundo.
“Não podia perder essa oportunidade de socorre-lo e conhecer o Pantanal”, comentou Daniel, em direção a pista de pouso da reserva para um voo duplo com Sylvestre. “O Daniel é muito importante em minha vida, ele me convenceu a voar com paraquedas de reserva”, brincou o cineasta alemão radicado no Brasil. “Agora estou pronto para subir o mais alto possível para conhecer essa geografia toda”, completa.
“Sabemos tão pouco da nossa história”
Na Acurizal, Yasmin e Thaís também sobrevoam a região, na carona do monomotor, e ficaram encantadas com a beleza dos vales de água e mata da Amolar, morraria distante 240 km pelo Rio Paraguai de Corumbá, rumo norte. No capítulo que vai ao ar nesta terça, elas passeiam com o coronel Ângelo Rabelo, do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), pelos corixos e conhecem registros de civilizações primitivas nas pedras, com aproximadamente oito mil anos.
“Sabemos tão pouco da nossa história...”, diz Thaís, ao tocar nos desenhos em relevo encontrados na Lagoa Gaiva, região de fronteira com a Bolívia. Rabelo, que conhece o Pantanal como poucos, conta às duas amigas sobre a guerrilha que enfrentou como comandante da Polícia Florestal (hoje Ambiental) contra os caçadores de peles de jacarés, nos anos de 1980. “A gente nunca imagina que isso aconteceu aqui”, comenta Yasmin.
No sobrevoo, Sylvestre encontra visuais incríveis para as próximas gravações, e as meninas andam de SUP, entre as belíssimas vitórias-régias, e visitam um corixo de águas cristalinas, onde Thaís mergulha. Ela descreve em seu diário as sensações de ver o Pantanal de cima: “É um verdadeiro Éden, onde céu e água brincam ser um do outro; onde, os altos picos de granito parecem furar a atmosfera na delicadeza voraz de uma Serra do Amolar. Amolar de pensamentos, amolar de sentimentos, amolar de emoções...”
Antes de seguir viagem para Corumbá, pelo Rio Paraguai, Thaís e Yasmin se encontram com Vicente, o índio guató que preferiu a solidão a retornar à Ilha Ínsua de seus ancestrais. Elas brincam com as carcaças de jacarés, onças e capivaras, animais mortos por Vicente, que vive na margem esquerda do Rio São Lourenço, entre Corumbá e Poconé, entre dezenas de cachorros e gatos. É o único guató a preservar a língua-mãe.
Conhecer o forte, um momento épico
Pelo rio, conhecem também as baías de águas cristalinas formadas pelo Rio Taquari, na Pousada São Pedro, do pantaneiro Armando Lacerda, e a escola Jatobazinho, internato para as crianças ribeirinhas mantido pela Fundação Bradesco. Chegando a Corumbá, são recepcionadas no porto geral por um grupo de cururueiros e se divertem com a cantoria, o sapateado e as histórias de quem constrói e conserva a viola-de-cocho.
Neste pedaço de Pantanal, as jovens passam por outras situações inusitadas, como acompanhar uma comitiva de gado, na região da Nhecolândia, um dos principais centros criatórios de bovinos e terra de pioneiros, e dormir em redes. A comitiva de mil animais seguia por quatro semanas para o maior leilão que ocorre na planície, o Novo Horizonte. Enquanto Yasmin ajuda o cozinheiro, Thaís se aventura com os peões na lida com o gado.
No retorno ao rio (Paraguai), seguem para o lendário Forte Coimbra, única fortificação brasileira a combater em uma guerra – a da Tríplice Aliança, no final do século 19. Coimbra, fundada em 1775, é a única base militar brasileira ainda ativa, situada na fronteira com o Paraguai e a Bolívia. Sylvestre voou sem bússola para o forte, da Necolândia, e enfrentou ventos fortes que dificultaram o pouso no aeródromo militar.
“É um momento épico estar aqui na tríplice fronteira”, comemora o cineasta. O grupo visita a misteriosa Gruta Ricardo Franco, uma das principais do Estado, e pega outro rumo, em direção ao Buraco das Araras, em Jardim, e a uma aldeia dos índios Kadiwéu, onde conhecem sua cultura e tradições. Yasmin, Thaís e Sylvestre ganham pintura de jenipapo nos rostos antes de retornarem ao coração do Pantanal, a Nhecolândia.
O convívio com a sobrinha do poeta
No capítulo final, que vai ao ar no dia 26 de dezembro, as aventureiras convivem com a hospitalidade da dona da Fazenda Rancharia, Mercedes de Barros, sobrinha do poeta maior Manoel de Barros. E se aventuram em um voo de balão sobre a bela região, em meio a uma grande concentração de aves, destacando-se o tuiuiú, o colhereiro e araras. E se despedem do lugar com mais um inesquecível pôr-do-sol.
“Se a Amazônia é o pulmão, o Pantanal é o coração (do planeta)”, conclui Thaís, em seu diário.
O documentário “60 Dias no Pantanal” tem uma edição impecável e imagens deslumbrantes, que permitem ao telespectador também mergulhar de corpo e alma naquela imensidão de água, verde e vida selvagem. No mesmo tom, uma narrativa muito bem produzida dos personagens da aventura e uma trilha sonora que vai de Helena Meirelles a Almir Sater e de Bob Dylan a Pink Floyd.
Acompanhe a jornada de Yasmim e Thaís pelas belezas e perigos do Pantanal brasileiro em episódios abertos no Off Play e nas plataformas on demand das operadoras, que possibilitam que o público assista quando quiser e de onde estiver. Acesse: www.canaloff.com. www.lugares.eco.br