Acidente fatal acendeu alerta de pescadores para a falta de fiscalização em rios
Pescadores relatam que nunca presenciaram “blitz” da marinha para coibir irregularidades em MS
O acidente provocado pelo servidor estadual, Nivaldo Thiago Filho de Souza, de 36 anos, que matou o pescador Carlos Américo Duarte, de 59 anos, ocorrido no final de semana passado, na região conhecido como Touro Morto, no encontro dos Rios Miranda e Aquidauana, acendeu um alerta para a falta de segurança entre pescadores de Mato Grosso do Sul.
Grupos que se reúnem para fazer da pesca um momento de lazer e descontração afirmam que não existe fiscalização da Marinha ou qualquer outro órgão, no sentido de coibir irregularidades e badernas nos principais rios de Mato Grosso do Sul.
“Muitos turistas frequentam rios do Estado para pescar, eu mesmo nunca vi uma fiscalização sequer da marinha. Existem muitas irregularidades, pessoas pilotando barcos sem licença, consumindo bebidas alcoólicas. Isso gera uma insegurança termenda naqueles que estão fazendo a coisa certa”, afirmou o empresário Helio Sacht, 61 anos, que há 28 anos pratica a pesca esportiva em diversas regiões do Estado.
Lucas Genésio, que há 5 anos entrou para mundo da pesca esportiva, por diversas vezes presenciou irregularidades em bacias que cortam o estado sem nenhum tipo de fiscalização. “Em rios que dividem o Estado com Paraná e São Paulo, já presenciei arruaças e nunca houve nenhuma fiscalização acompanhando se as pessoas que utilizam lanchas ou jetski portavam a arrais”, disse.
“Em 30 anos de pesca, a única vez que encontrei com a Marinha foi em 1997 no Rio Ivinhema, já nos rios que cortam o pantanal, onde eu pesco há mais de 20 anos eu nunca presenciei uma fiscalização da Marinha, inclusive na região do Toro Morto, onde ocorreu o acidente. O que é comum encontrar são pessoas abusando da bebida, rodando o rio com lanchas de plataforma e motores acima do permitido”, denunciou o pescador amador Valdir Pereira, de 58 anos.
Valdir lamenta a falta de fiscalização no rio, o que impossibilita inclusive ter um momento de lazer com o filho, amante da pesca. “Sinceramente, eu não tenho coragem de levar meu filho para ensinar a pescar no rio, por questões de segurança. A gente faz tudo certo, vamos na intenção de nos divertir, pegar um peixinho e acabamos prejudicado”, lamentou.
Em nota, o comando do 6º Distrito Naval da Marinha do Brasil, responsável pela fiscalizações em rios de Mato Grosso do Sul, informou que realiza inspeções regularmente nos rios do Estado.
De acordo com a Marinha, em 2019 a Capitania Fluvial do Pantanal realizou 1.573 abordagens; em 2020 foram 1.338 abordagens e 2021, até a data de hoje, foram 561 abordagens para fiscalização. Segundo o órgão, nas abordagens são verificadas as documentações do barco e do piloto, assim como o uso de coletes e materiais de segurança e salvatagem das embarcações.