Araras-azuis sobrevivem ao fogo, mas alimento queimou e extinção é risco
Instituto Arara Azul esteve no santuário dos animais, em fazenda no Mato Grosso, e verificou que as aves não morreram no incêndio
A população de araras-azuis no Pantanal de Mato Grosso, mais especificamente na Fazenda São Francisco do Perigara, em Barão do Melgaço (MT), que é considerado santuário da espécie, praticamente não foi alterada com a queimada no local em agosto. Apesar da devastação, os animais conseguiram se livrar.
Neiva Guedes, presidente do Instituto Arara Azul, voltou esta semana da fazenda, e contou que apesar do estrago provocado pelo fogo, os animais, assim como outras espécies de aves e mamíferos, estão conseguindo sobreviver. A dúvida é até quando haverá alimentos para todos.
Grande parte das árvores de acuri, palmeira cujo fruto é o principal na alimentação das araras-azuis, foi queimada com o fogo que devastou 92% do território da fazenda. Com isso, proprietários e o instituto têm recolhido cachos do alimento em outros locais e disponibilizado em alguns espaços para acesso dos animais.
Segundo Neiva, apesar da população no local parecer intocada após o fogo – a propriedade responde por pelo menos 15% de toda população de 6,5 mil araras-azuis no mundo – o risco de extinção permanece, já que o fogo colocou em risco a alimentação dessas aves.
Ela afirma que outro ponto negativo do pós-fogo na fazenda é a ausência de três dos seis ninhos de araras-azuis que foram identificados no local em 2018. No trabalho de campo realizado na semana passada, apenas três foram encontrados.
“O cenário (risco de estar ameaçada de extinção) não mudou, apesar das araras continuarem na fazenda. O fogo teve um impacto muito grande na área de alimentação desses animais, é imenso. As araras estão espalhadas e isso certamente vai afetar na sua reprodução”, afirmou.
O Campo Grande News mostrou isso em reportagem aqui.
Dessa forma, somente o trabalho a partir de agora vai mostrar se as araras-azuis serão capazes de sobreviver a esse momento de escassez e não entrarem novamente em risco de extinção, ou se sucumbirão. Até porque, há outros animais que dependem dos mesmos frutos e áreas de alimentação das araras e não se sabe se o que sobrou será suficiente para todos.
Em Mato Grosso do Sul, o Refúgio Ecológico Caiman, em Miranda, é o principal local de reprodução da ave.
A população de araras-azuis no mundo é de 6,5 mil indivíduos, sendo cerca de 5,3 mil no Brasil, principalmente no Pantanal. Os demais estão localizados na Bolívia.