Audiência debate medidas de preservação da região do Parque dos Poderes
Entre moradores, atividades e ambientalistas o consenso é de que o desmatamento na região deve ser reduzido urgentemente.
Audiência pública na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, na noite desta terça-feira (14) debateu medidas para reduzir o desmatamento e o assoreamento dos rios, na região do Parque dos Poderes, em Campo Grande.
O encontro reuniu moradores, ativistas, políticos e ambientalistas que ressaltaram a importância da região para a preservação da fauna e flora, mas também como um dos principais cartões postais da cidade.
Simone Mamede, educadora ambiental e ambientalista especializada em gestão de turismo, lembrou que o Parque dos Poderes é um dos últimos fragmentos de cerrado na área urbana e que atualmente, abriga 230 especies de aves.
"No complexo do parque existem aves raras, ameaçadas e migratórias que se reproduzem aqui. Há vegetação nativa, de qualidade. É preciso não desmatar. Essa é a medida preventiva mais urgente a ser tomada", pontuou Mamede.
O assoreamento do lago do Parque das Nações Indígenas foi um dos principais pontos tratados durante a sessão. Problema que segundo os especialistas, só será resolvido em definitivo se forem adotadas soluções práticas para manter “vivo” o complexo do Parque dos Poderes como um todo.
"O assoreamento do lago é apenas a ponta o iceberg”, comentou Moacir Lacerda, integrante do Movimento pela Preservação da Natureza. Ele criticou a falta de obras de drenagem e número insuficiente de barreiras de contenção na região.
"Não é mais uma questão de estética do lago é algo que afeta os canais e interfere na vida das pessoas. A falta de drenagem e o desmatamento matam mananciais. O córrego Pedregulho, por exemplo, está praticamente morto. Se algo não for feito agora, lá na frente o custo para remediar será muito maior, uma fortuna", lamenta.
De acordo com o deputado estadual Felipe Orro (PSDB), proponente do encontro a partir dos apontamentos levantados na audiência, será formulado um relatório com as propostas de preservação e que será encaminhado tanto para a prefeitura quanto para o Governo do Estado.
“O resultado de tudo o que foi discutido, as alternativas trazidas pelos técnicos, especialistas, ambientalistas e ativistas vai compor esse relatório que será encaminhado com essas soluções para o poder público”, acrescentou o deputado. Soluções que podem amenizar a angústia de moradoras como a dona Rosane Bonamigo que vive na região do Jardim Veraneio e há anos, acompanha o assoreamento do córrego que corta a sua chácara.
"Dói ver a morte do córrego Pedregulho. Há uma ano e meio ele era todo fechado, com árvores às margens do leito e hoje isso não existe mais. Cada chuva forte nós perdemos pelo menos 2 centímetros de profundidade. É triste ver tudo isso acontecendo", se queixa.
O encontro também teve protesto. Usando cartazes com dizeres "Em defesa do cerrado do Parque dos Poderes" integrantes do movimento S.O.S Parque dos Poderes, levou o alerta para o plenário da assembleia como uma tentativa de sensibilizar sobre os impactos ambientais, provocados pela ação do homem.
"É uma área de vegetação muito importante para Campo Grande, tanto pela fauna e flora, quanto para a qualidade de vida das pessoas já que traz conforto térmico e lazer", afirma Maristela Benites, integrante do movimento.
Eles criticavam, principalmente lei estadual que definiu onze áreas no Parque dos Poderes, que totalizam 279 mil metros quadrados, em que não se aplicam a proibição de desmatamento. No local, está previsto a construção do estacionamento da Sefaz (Secretaria Estadual de Fazenda), por exemplo.
“Essa proposta, inclusive, destoa do objetivo inicial do Parque dos Poderes, que era manter as sedes do governo em uma area preservada e não desmatada”, concluiu.