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Meio Ambiente

Caça de javalis fica mais burocrática, mas reúne dados sobre os animais

Ricardo Campos Jr. | 13/01/2018 08:04
Especialistas afirmam que javali foi trazido ao país para a exploração comercial da carne, mas uma vez soltos, se multiplicaram no meio ambiente e tornaram-se pragas (Foto: Luis Quinta )
Especialistas afirmam que javali foi trazido ao país para a exploração comercial da carne, mas uma vez soltos, se multiplicaram no meio ambiente e tornaram-se pragas (Foto: Luis Quinta )

Publicadas no fim de 2017, as normas sobre transporte de carcaças de javalis vão além de coibir a ação dos caçadores clandestinos, mas devem ajudar o poder público a criar estatísticas e monitorar os locais com incidência desses animais exóticos.

Especialistas afirmam que os chamados porcos selvagens foram trazidos ao Brasil para exploração comercial da carne, mas acabaram livres na natureza, se multiplicaram e se tornaram pragas.

“O javali é um animal de porte muito grande e agressivo. Temos registros de bandos muito grandes que entram como se fossem um trator na lavoura. Além dos estragos e prejuízos que tem provocado nas plantações, tem atacado e matado animais como bezerros”, diz Rubens de Castro Rondon, gerente de inspeção e defesa sanitária animal da Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal”.

É por esses motivos que a caça desses animais é permitida no país desde 2013. Para isso é preciso porte de arma e cadastros tanto na Iagro quanto no Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul). A partir de agora, porém, a atividade ficará mais burocrática.

“Esse caçador vai na agência e pede autorização para transporte dessa carcaça. Para que a Iagro possa dar essa autorização, ele tem que apresentar um check list de documentos e formulários, por exemplo, comprovar o cadastro junto ao Imasul, apresentar uma confirmação do Ibama de que na região em que ele vai trabalhar tem a presença do javali, porque ele tem que informar a espécie exótica que ele está abatendo”, diz o gerente.

Javali caminhando em meio à mata (Foto: Clarrisa Alves da Rosa)
Javali caminhando em meio à mata (Foto: Clarrisa Alves da Rosa)

O interessado deverá preencher uma ficha informando a quantidade de exemplares que pretende matar e receberá um kit para coletar sangue do animal, que deverá ser entregue em 48 horas em uma das unidades do órgão.

“Esse material será examinado para comprovar a ausência da peste suína clássica, um vírus que compromete os suídeos em geral. Mato Grosso do Sul tem a suinocultura comercial e industrial classificada como livre dessa doença e tem que manter esse status sanitário”, afirma Rondon.

Os caçadores deverão prestar contas de todos os itens que receberam. Se não usarem, deverão devolver. Em caso de extravio terão que pagar pelos produtos ausentes.

Também serão entregues dois lacres por carcaça, que não pode ser vendida ou doada, mas para consumo do próprio abatedor. O veículo para o transporte deve ser totalmente vedado, de modo que sangue e detritos que podem vazar dos javalis mortos contaminem o solo pelo caminho.

Esses procedimentos não autorizam levar a carne para outros estados. Nesse caso será preciso de uma outra autorização do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

“Um dos objetivos dessa resolução é tentar dados maiores de como anda a população. Sabemos que ele está espalhado por todo o estado, não existe mais uma área definida. Além disso, temos informações não precisas de que tem gente que abate clandestinamente. Esperamos que essa pessoa entre na formalidade e forneça dados para a Iagro”, diz o gerente.

Bando de javalis caminha pela mata. Grupos como este podem destruir lavouras (Foto: Adolfo Magariños Perez)
Bando de javalis caminha pela mata. Grupos como este podem destruir lavouras (Foto: Adolfo Magariños Perez)
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