Casal de araras perde a “casa" e comove visitantes de reserva
Quem tem a Avenida Silveira Gomes, próximo ao residencial Dahma, em Campo Grande, como caminho todos os dias, notou, na semana passada, que está faltando algo no trajeto. Um casal de araras canindé, atração da região, agora “chora” a perda de sua própria “residência”. A “casa” das aves ficava nos altos de um pé de buriti, que não existe mais. Ninguém sabe o que aconteceu, mas a principal suspeita é de que alguém tenha derrubado a árvore para capturar os filhotes.
O espaço onde elas ficam a maior parte do tempo faz parte da APA (Área de Proteção Ambiental) Lajeado. Trata-se, com anuncia uma placa posicionada na via, da “Estação Ecológica Dmhma 32Ha”.
O local onde as araras passam os finais de tarde, agora na esperança de ver a “casa” reerguida, fica próximo a um local conhecido como “trilha do macaco”, no final da avenida, que dá acesso ao bairro Maria Aparecida Pedrossian.
Educadora física, Emony Bucalon, 23 anos, sempre passa pelo local e, no início da semana passada, reparou que não havia mais sinal do toco, nem das araras que, segundo ela, estavam na mesma reserva há pelo menos 8 anos.
“Fiquei super triste. Elas eram muito dóceis. Sempre quando passavam lá elas estavam sentadas na beiradinha do toco. Todos já estavam acostumados com elas. Fico pensando: Cadê a sustentabilidade?”, questionou, ao comentar que não tem uma suposição para o sumiço da árvore.
Joana Pimentel Tomicha Justino, 48 anos, também sentiu falta. Disse que ficou “sentida”, mas, diferente de Emony, imagina o que pode ter acontecido: “Acho que alguém entrou aqui e empurrou e derrubou o toco para pegar os filhotes, porque tem um buraco na grade”.
A mulher “deu falta” das aves na segunda-feira. “Minha amiga falou: Ué, cadê a casa das araras?”, relembrou. Joana já estava acostumada. Fez, inclusive, fotos das “moradoras” no alto do buriti. Agora, teme que o casal, atração da região, voe para longe.
Companheira de serviço, a doméstica Vera Lucia de Oliveira Rocha, 39 anos, até chegou a pensar que o troco caiu por conta do vento ou por estar velho demais, mas logo chegou a uma conclusão que, na avaliação dela, parece ser mais óbvia. “Acho que foi para roubar os ovos mesmo. Se fosse o vento não teria esse buraco na cerca”, disse.
De fato, a grade parece ter sido rompida. O toco de buriti ainda está no local, mas caído, no meio do mato. O casal de araras também permanece na área, mas no alto de outra árvore, como que chorando a perda e cobrando a “residência”.