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Meio Ambiente

Com 16,4 mil focos, controle do fogo no Pantanal se torna humanamente impossível

São mais de 200 homens atuando na região pantaneira de Corumbá tentando contolar as chamas, que avançam

Lucia Morel | 26/09/2020 15:48
Nuvem de fumaça na Reserva Novos Dourados, na Serra do Amolar. (Foto: Ângelo Rabelo)
Nuvem de fumaça na Reserva Novos Dourados, na Serra do Amolar. (Foto: Ângelo Rabelo)

Com focos de incêndio que já passam de 16,4 mil, o fogo no Pantanal dificilmente será controlado sem chuva. Pelo menos na avaliação de quem acompanha a situação, é “humanamente impossível controlar todas as frentes de queimadas”, disse o coronel Ângelo Rabelo, presidente do IHP (Insituto Homem Pantaneiro).

Hoje ele esteve acompanhando o combate a incêndio que avança na região da Serra do Amolar, na Reserva Novos Dourados. Somente lá, são 40 homens atuando para tentar frear o avanço das chamas. Para ele, no entanto, da forma como está e com tantos focos ao mesmo tempo, somente a chuva poderá cessar o estrago. “Nesse momento, a chuva é determinante”, sentencia.

Ele afirma que mesmo com todo efetivo de homens do IHP, do Corpo de Bombeiros, do PrevFogo e voluntários, não está sendo possível controlar os incêndios, que atingiu a reserva mesmo com o combate sendo feito.

Para tentar ajudar, o Governo do Estado deslocou aeronave que combatia fogo em Costa Rica, no Parque das Nascentes do Rio Taquari, para a Serra do Amolar. Na próxima semana, um helibalde, helicóptero que joga água, será encaminhado para lá também, a partir de parceria com o Governo de Santa Catarina.

Coronel do Corpo de Bombeiros e coordenador das frentes de combate a incêndios florestais do Estado, Marcos de Sousa Meza afirma que todos os esforços estão sendo investidos para eliminar os focos no Pantanal – bem como nas demais regiões atingidas em Mato Grosso do Sul -, mas “estamos correndo atrás do prejuízo”.

Ele afirma que o bioma é suscetível às queimadas, mas este ano é “um ponto fora da curva”, devido a todos os fatores envolvidos: estiagem prolongada, pior clima seco dos últimos 50 anos, e claro, os incêndios provocados.

“Quando termina o combate num local, pega fogo na outro ponta. Enquanto não chover e o bioma não recuperar, a gente vai só correr atrás do prejuízo. Fazemos todo o planejamento, os contatos institucionais, mas este ano é um ponto fora da curva”, analisa.

O coronel citou que está há 29 anos nos bombeiros e até hoje não havia visto uma operação de combate ao fogo com a magnitude de agora. “Tiveram chuvas na semana passada, o que deu uma amenizada nas chamas, mas com esses últimos dois dias de baixa umidade, surgiram novos focos e diante desse cenário, vamos encaminhar mais aeronaves pra lá e combatentes”, afirmou.

Mais queimadas – somente no Pantanal em Corumbá, são 275 pessoas atuando para tentar controlar as chamas, sendo 60 militares do Corpo de Bombeiros, 15 do Paraná, 28 brigadistas do Ibama/PrevFogo e 172 da Marinha. A partir de segunda-feira, o contingente contará com mais dez bombeiros e 21 brigadistas contratados pelo Estado.

Ele afirma que hoje, cinco aeronaves ajudam no combate, sendo dois helicópteros e três aviões, todos contratados ou emprestados de outros estados, porque MS não conta com nenhuma aeronave de combate ao fogo própria.

Há equipes tentanto controlar o fogo, além do Pantanal, entre Costa Rica e Alcinópolis, no Parque do Taquari; na região de Ilha Grande, na divida com o Paraná;  em Aquidauana, perto do Parque do Rio Negro, onde o fogo começou recentemente. Em todos os casos, as queimadas são de grande extensão.

Imagem de hoje cedo, mosra fumaça e fuligem cobrindo toda região da Serra do Amolar, inclusive propriedades rurais e encobrindo o sol. (Foto: Ângelo Rabelo)
Imagem de hoje cedo, mosra fumaça e fuligem cobrindo toda região da Serra do Amolar, inclusive propriedades rurais e encobrindo o sol. (Foto: Ângelo Rabelo)

Para tanto, são pelo menos 500 combatentes, fora voluntários, que no caso do Pantanal, acabam fazendo parte do combate.

As queimadas já consumiram 12% do Pantanal de Mato Grosso do Sul, conforme Meza e outros 39% do bioma localizado em Mato Grosso. Lá, segundo ele, a situação é mais crítica porque não houve a chuva e aumento da umidade do ar, como ocorreu em MS.

Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) dão conta que somente este ano, já ocorrem ou ocorreram, 16.434 focos de incêndio em todo Pantanal, maior número dos últimos 22 anos. Somente em Corumbá, são 5.277, que segue na liderança nacional. Em todo Mato Grosso do Sul, já são 8.147 focos.

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