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Meio Ambiente

Com 3,2 milhões lançados por aí, como saber se mosquito é dos bons ou dos maus?

Prefeitura lançou mais uma leva de Wolbitos, mosquito capaz de evitar a dengue. Mas tem como saber qual matar?

Caroline Maldonado | 05/07/2021 14:23
Secretário de Saúde de Campo Grande, José Mauro Castro Filho, e equipe durante primeira soltura de mosquitos da segunda fase (Foto: Marcos Maluf)
Secretário de Saúde de Campo Grande, José Mauro Castro Filho, e equipe durante primeira soltura de mosquitos da segunda fase (Foto: Marcos Maluf)

Alguns pensam que eles são mutantes e outros nem fazem ideia de que existem. Os Wolbitos são, na verdade, mosquitos aedes aegypti com uma bactéria capaz de evitar a transmissão da dengue, zika e chikungunya. A prefeitura de Campo Grande começou a soltar 3,2 milhões deles em dez bairros, a partir de hoje (5).

Além desses, outros 18 milhões já foram soltos por aí, desde dezembro, e ajudaram a Capital a não ter epidemia de dengue, como ocorreu em 2020. Eram notificados cerca de 9 mil casos de dengue por mês, em 2019. Agora, não passam de 300, segundo o secretário de saúde do município, José Mauro Castro Filho

Eles fazem parte da segunda fase de implantação do Método Wolbachia, executado em parceria com Ministério da Saúde. Os mosquitos estão sendo espalhados no Taquarussú, Jacy, América, Jockey Club, Parati, Piratininga, Pioneiros, Alves Pereira, Los Angeles e Centro Oeste.

Mata o mosquito? - Não tem como diferenciar o mosquito normal daquele infectado pela bactéria Wolbachia. Então, fica a dúvida: como saber se o bichinho é do time do bem ou do mal? A resposta é simples: não tem como! Então, não precisa ter dó e pode matar.

O secretário de saúde do município, José Mauro Filho, explica o que fazer. “A população pode agir normalmente, até porque o mosquito causa incômodo. Não vai fazer diferença se matar ou não o mosquito. O importante é seguir as outras recomendações de prevenção, como a limpeza dos quintais”.

No Coophavila II, um dos bairros que já recebeu os Wolbitos na primeira fase, o morador João Pedro Rodrigues, de 28 anos, resume a ópera: “na dúvida, eu mato”. Ele não sabia que o bairro recebeu os mosquitos. “Só vi o fumacê aqui faz um tempo, será que não mata o mosquito bom não? Bom, em todo caso, minha filha não fica sem repelente”, comenta o morador, que já ficou internado com dengue e não deseja a doença para ninguém.

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Comerciante, Nilva Silva, de 56 anos, vai na mesma linha, se ver mosquito mata e elogia o trabalho dos pesquisadores. “Não sei muito sobre esse mosquito não, mas se é para evitar as doenças é bom. A gente precisa. Agora, se ver o mosquito não tem como evitar de matar né".

No Tarumã, o agricultor Francisco Nascimento, 78 anos, nem sabe o que dizer, porque nunca ouviu falar do tal Wolbito. “Estou há 40 anos no bairro. Nunca vi esse mosquito, nem sei dizer se é bom ou ruim”, comenta.

Morador do Tarumã, agricultor Francisco Nascimento, de 78 anos, que nunca ouviu falar do mosquito Wolbito (Foto: Marcos Maluf)
Morador do Tarumã, agricultor Francisco Nascimento, de 78 anos, que nunca ouviu falar do mosquito Wolbito (Foto: Marcos Maluf)

O Wolbito - Com eficácia comprovada, o método Wolbachia leva o nome da bactéria que é inserida nos mosquitos. “Os pernilongos já têm essa bactéria, então não é uma mutação. O mosquito acaba ficando igual a um pernilongo. Isso impede que os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela se desenvolvam no inseto e a transmissão para a população”, resume o secretário.

Na Indonésia, onde os mosquitos foram espalhados, houve redução de 77% na incidência de dengue e redução em 86% de hospitalizações em decorrência da doença. No Brasil, já diminuíram em 75% os casos de chikungunya em Niterói, município do Rio de Janeiro.

Segundo José Mauro, o estudo é de longo prazo e deve levar dois anos para saber o quanto os Wolbitos vão ajudar na redução dos casos de doenças em Campo Grande, mas não se tem dúvida de que são eficazes.

“Com certeza, junto às outras medidas de prevenção, o método ajudou, porque esse ano os números já são menores e não tivemos epidemia. Tivemos cerca de 9 mil casos por mês, em 2019. Esse ano caiu para 300 casos por mês, ou seja, uma diminuição substancial da doença”, disse.

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