Em 40 anos, felino raro que surpreendeu pesquisadores apareceu só 4 vezes em MS
O último registro havia ocorrido em 2014, quando 3 filhotes de "gato-do-mato-pequeno" foram resgatados na região de Itaquiraí
Surpreendendo monitoramento no Parque Natural Municipal Templo dos Pilates, em Alcinópolis, o gato-do-mato-pequeno fotografado foi o quarto visto por aqui em 40 anos no estado. As outras três ocorrências foram apenas em 2014, todos filhotes resgatados pelo Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres).
Entender a importância da área de preservação no parque é um dos grandes destaques identificados pelo médico veterinário do Cras, Lucas Cazati. Ele relata que o único registro, em quarenta anos de existência do Centro, foi em 2014, com três filhotes do felino na região de Itaquiraí, próximo ao Paraná. Após a recuperação, todos foram devolvidos para a natureza.
Agora, a atenção está focada na região de Alcinópolis, a 402 quilômetros de Campo Grande, com novos registros do animal que é considerado o menor felino do Brasil. Bióloga responsável pelo parque, Bruna Barbosa conta que o monitoramento foi implantado neste ano.
“Realmente foi sorte. A equipe ficou muito surpresa e agora vamos continuar com o monitoramento. Outra ação é desenvolver um banco de dados para acesso dos pesquisadores. Assim também podemos chamar mais atenção para atrair trabalhos científicos no parque”, explica.
Inicialmente registrado como Jaguatirica, o animal realmente costuma ser confundido com outras espécies, de acordo com o professor da Universidade Estadual do Maranhão e membro da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), Tadeu de Oliveira. “Precisa ter um olhar apurado e estar acostumado, caso contrário há muita confusão”.
Sobre a quantidade de registros, ele diz que não possui informações sobre a aparição catalogada pelo Cras. “Sei de um anterior aos anos de 1980, que foi registrado no Museu Nacional. Para confirmar, acredito apenas no meu olhar, porque já vi inúmeras imagens para comparar”.
Raridade - O membro da IUCN explicou que o animal existe apenas em áreas com cerca de 800 metros de qualquer construção. “É muito difícil conseguir registro dele, é naturalmente raro, incomum. Se alguém construir uma casa no meio da vegetação, já precisa contabilizar esse espaço de distanciamento porque ele sai do local”.
Nome científico do animal, leopardus tigrinus é considerado mundialmente em extinção. Outra espécie do Gato-do-Mato, conhecido como leopardus guttulus, também já foi registrado em Mato Grosso do Sul. Tadeu explica que a presença das duas espécies é algo difícil de acontecer, já que o comum é a permanência de apenas uma em cada estado brasileiro.