Em MS, duas cidades já enfrentam problemas no abastecimento de água
Corumbá e Coxim, no Pantanal sul-mato-grossense, já enfrentam problemas por causa do baixo nível dos rios
Em Mato Grosso do Sul, ao menos, duas cidades já enfrentam problemas no abastecimento de água por causa da seca histórica, que este ano, já faz mais de 50 municípios, em cinco estados brasileiros racionaram água, conforme apurado pelo Estadão. Corumbá e Coxim, cidades do Pantanal sul-mato-grossense, já enfrentam problemas por causa do baixo nível dos rios.
A Sanesul (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul), responsável pelo fornecimento de água nas duas cidades citadas e em outros 66 municípios do Estado, explica que, por enquanto, não houve necessidade de estabelecer sistema de rodízio no fornecimento – como no Paraná, por exemplo, onde, além da capital, outras 28 cidades da região metropolitana têm 36 horas com água e outras 36 sem –, mas admite que há risco.
Em Corumbá, apurou o Campo Grande News, neste ano, já houve problemas pontuais de falta d’água. “Não é na cidade toda e nem todo dia que falta água”, disse à reportagem, um morador do município com a condição de não dar o nome.
A explicação é que quando o nível do Rio Paraguai fica muito baixo, a ponte de captação de água fica com o funcionamento comprometido. Por isso, é necessário usar bombas móveis e retirar água de outros pontos para abastecer a cidade, situação que neste ano ainda não aconteceu, mas, no ano passado, quando a seca foi menos severa, o recurso emergencial foi utilizado.
O nível do Rio Taquari, em Coxim, também está muito abaixo do normal. Mas, segundo o prefeito Edilson Magro (DEM), a cidade ainda não enfrentou falta d’água. A seca, contudo, já deus as caras na zona rural. “Vários rios secaram. Então, nós estamos fazendo um trabalho junto com a Funasa [Fundação Nacional de Saúde] para que possamos furar mais poços e minimizar os efeitos. Também já estamos atrás de caminhões-pipa para ajudar os nossos produtores. Nos preocupa muito essa situação”.
O gestor afirma que para evitar o desabastecimento na área urbana também já está em contato com a Sanesul, mas não sabe detalhar ainda quais providências serão tomadas.
A concessionária do abastecimento de água explica que as bacias do Rio Paraguai e do Rio Paraná têm sido acompanhadas e que a companhia já está trabalhando para aumentar a capacidade de produção, perfurando novos poços, como as obras feitas ou em processo de contratação para Amambai, Anastácio, Bataguassu, Bonito, Palmeiras, Camapuã, Chapadão do Sul, Eldorado, Iguatemi, Itaquiraí, Juti, Naviraí, Guia Lopes e Alcinópolis.
“Essa é a pior seca da série histórica dos últimos 111 anos. Apesar do risco de racionamento de água e do grave impacto à saúde da população, todos os municípios atendidos pela Sanesul estão sendo monitorados e ações pontuais necessárias sendo tomadas para que não falte água”, informou a empresa, por meio de nota.
Seca até outubro – Ainda conforme apurado pelo Estadão, no Sudeste e Centro-Oeste, o último período chuvoso durou menos, o que agravou a seca, que deve durar, pelo menos, até o fim de outubro. "Depois que chove, o tempo de resposta das bacias para normalizar o nível dos rios tem defasagem de dois a três meses", diz Ibrahim Fantin da Cruz, especialista da Universidade Federal de Mato Grosso.
Após a seca longa, segundo ele, é preciso encharcar o solo e alimentar lençóis freáticos exauridos. "Quando pensamos em mudanças climáticas, sabemos da importância da Amazônia para o transporte de umidade ao Sudeste e ao Centro-Oeste. Mas também é preciso pensar em (preservar) vegetações nativas locais, próximas dos mananciais, importantes para infiltração da água e alimentação de rios", aponta.
*Com informações do Estadão Conteúdo.