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Meio Ambiente

Empresa quer captar R$ 500 milhões para recuperar áreas degradadas de MS

Este é um tipo de investimento que visa comprar fazendas para Integração Lavoura Pecuária e Florestas

Izabela Cavalcanti | 01/09/2023 09:33
Manejo de gado em fazenda de Mato Grosso do Sul (Foto: Saul Schramm)
Manejo de gado em fazenda de Mato Grosso do Sul (Foto: Saul Schramm)

Empresa de investimentos quer captar R$ 500 milhões para recuperar áreas degradas pela pecuária em Mato Grosso do Sul. A Vox Capital pretende comprar entre 15 mil e 20 mil hectares para recuperar a qualidade do solo a partir da integração entre a criação de gado e a plantação de soja e milho, segundo informações da Folha de São Paulo.

Esse é um tipo de Fiagro (Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais), negociação feita na B3 (Bolsa de Valores).

O Campo Grande News entrou em contato com a Vox, mas só responderam que existe o fundo no portfólio. "Nesse momento estamos tomando algumas decisões sobre a estratégia do produto".

Conforme divulgação no site da empresa, o investimento em terras será feito por meio da aquisição da participação no capital de sociedades investidas que cumpram todos os critérios ESG (Environmental, Social and Governance), que representa sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa.

Integração - A ILPF (Integração Lavoura Pecuária e Florestas), que é a ideia do capital, é uma forma de ajudar na preservação ambiental. Este modelo é uma utilização desses três diferentes sistemas produtivos dentro de uma mesma área, otimizando o uso da terra.

Conforme a Associação Rede ILPF, Mato Grosso do Sul ocupa o 1° lugar no ranking nacional em áreas com ILPF, totalizando 3,3 milhões de hectares de áreas. No Brasil, existem 17,4 milhões de hectares de áreas com algum tipo de uso da integração.

“Mato Grosso do Sul é o primeiro estado do país em área de ILPF. Isso quer dizer que é um estado vanguardista, é um estado que investe em produção, mas também em preservação. Os índices de produtividade do Estado são absurdos e a gente tem que popularizar e colocar isso para o Brasil e para o mundo”, destacou a diretora executiva da Rede ILP, Isabel Gouvea Maurício Ferreira, durante Acordo de Cooperação Técnica.

No dia 22 de agosto, a Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Ciência, Tecnologia e Inovação) assinou acordo de cooperação técnica junto à associação de integração para a realização de ações de desenvolvimento dos sistemas de ILPF em Mato Grosso do Sul. A ação da Rede também será realizada nos estados de Mato Grosso e Goiás.

No Estado, nove municípios estão inseridos na execução do acordo de cooperação técnica: Nova Andradina, Nova Alvorada do Sul, Campo Grande, Sidrolândia, Maracaju, Dourados, Bonito, Guia Lopes da Laguna e Jardim.

Segundo o secretário da Semadesc, Jaime Verruck, o sistema é algo que o governo quer propor como política pública. “O sistema de integração lavoura pecuária floresta é aquilo que nós queremos propor em termos de política pública e aqui já tem sido demonstrado no avanço do agronegócio e na agricultura familiar sul-mato-grossense”, afirmou.

Fiagro e ESG – O Fiagro está alinhado com as práticas de ESG e foi instituído pela Lei nº 14.130, em 2021.

A prática de sustentabilidade tem sido cada vez mais buscada por investidores. Segundo o agente de investimentos Marcelo Karmouche, a empresa que segue esse compromisso tende a ser melhor classificada na Bolsa de Valores.

Uma empresa que tem esse compromisso tende a ser classificada na Bolsa como as melhores, que mais tem governança. O investidor procura empresas do índice Ibovespa, que tem governanças como essas, que não vai ser uma empresa qualquer. Uma empresa que tem compromisso com ESG tem um compromisso maior com as finanças”, destacou Karmouche.

Ainda conforme o profissional explica, desde 2002 já existia um sistema de governança dentro da B3. “O G do ESG já estava em andamento, o que começou a entrar no mercado financeiro foi o ES. É uma tendência para o mercado financeiro, produtos ESG”, completou.

Na visão da analista técnica do Centro Sebrae de Sustentabilidade, Marina Lima, apesar de ser um termo conhecido, ainda existem dificuldades para a adesão e significados.

“Se definir verde pode ser ousado quando não se tem evidências para confirmar suas boas práticas sustentáveis, o que acaba gerando o greenwashing [divulgação falsa sobre sustentabilidade], ou seja, a empresa dizer que faz uma prática, mas na verdade não faz”, pontuou.

Tabela mostra ações sustentáveis para empresas (Arte: Thiago Mendes)
Tabela mostra ações sustentáveis para empresas (Arte: Thiago Mendes)

Sobre os critérios serem bem definidos, Marina explica que ainda não existe nada formal. “Acaba sendo de senso comum que são boas práticas para alcançar a sustentabilidade corporativa. Atualmente lançou uma norma ISO de sustentabilidade, ela pode ser uma boa direcionadora”, disse.

A analista também enfatiza que ser responsável ambientalmente, ter uma gestão mais transparente e ações mais voltadas à sociedade tem sido um desafio para grandes e pequenas empresas.

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