Empresário denuncia esgoto e lixo a céu aberto em paraíso do ecoturismo
Bonito, cidade conhecida internacionalmente como melhor destino de ecoturismo sustentável do país e que recebe milhares de turistas que se encantam com suas belezas naturais, está ameaçada. Contraditório pensar que em meio a tanta natureza preservada possa haver esgoto e lixo a céu aberto.
Diante da situação e da falta de atitude de autoridades, o empresário Felipe Caran, cuja família é proprietária de um dos restaurantes mais tradicioanais da cidade, decidiu denunciar em seu Facebook. O post, feito na noite de ontem já tem 1.100 curtidas e 967 compartilhamentos.
De acordo com ele, o esgoto originado de ligações clandestinas é despejado no córrego Bonito, que por sua vez, desagua no rio Formoso. O rio é um dos mais conhecidos do município, e que da espaço para vários passeios, como o balneário municipal e o Parque Ecológico Rio Formoso.
Uma das regiões mais criticas é Marambaia, um dos bairros pobres da cidade, onde além das ligações clandestinas de esgoto, é vizinho do lixão. O espaço que recebe todo o lixo da cidade também fica ao lado do córrego Restinga, que em época de chuva, recebe o chorume do lixo.
Biólogo e gerente de agência e pousada no município, Breno Teixeira registrou a situação do lixão em imagens feitas por um drone e afirma que "há irregularidade e alto risco de contaminação do solo e lençol freático". No Facebook, ele explica, passo a passo, a situação do depósito local.
Afirma que a região tem subsolo rico em água, e em alguns locais o lençol freático é bem próximo a superfície, aumentando as chances de contaminação. O chorume que sai do lixo pode, facilmente, contaminar o solo e a água das proximidades. Ele lembra que por lei, é proibido existir lixões e que a prefeitura deveria ter investido em um aterro sanitário, que não saiu do papel.
"Tenho muita preocupação com o que acontece na cidade e acho importante discutir e divulgar isso. O problema é que aqui (região do lixão) é descida e toda ação que ocorre aqui, afeta o rio Formoso", afirma o biólogo e empresário.
Jornalista e também proprietário de uma pousada em Bonito, Bosco Martins afirma que ambas as situações (esgoto e lixão) são problemas antigos da cidade. "É uma preocupação permanente. Eu apoio a iniciativa do Felipe, pois aqui é uma cidade sensível e não podemos tapar o sol com a peneira", afirma.
Felipe afirma que já foi procurado pelo Ministério Público, que pretende levar a situação adiante. "Estou fazendo isso de coração aberto, como cidadão do mundo e preocupado com a biodiversidade que bonito representa. Eu não tenho cunho político, e faço isso como empresário pagador de impostos".
Outro lado - Ao Campo Grande News, o prefeito Leonel Lemos (PT do B) afirma que a estação de tratamento de esgoto do município é uma das mais modernas e que são feitas análises constantes da água dos rios pela Sanesul (concessionária responsável pelo serviço de água e esgoto), garantindo que não há contaminação.
"O que aconteceu é que de dezembro até feveireiro, como vocês sabem, choveu muito e as águas pluviais, carregaram sujeiras para os rios", afirma. Ele admite que existem ligações clandestinas de esgoto, mas que elas são combatidas tanto pela prefeitura quanto pela Sanesul.
Sobre o lixão, ele explica que há um acordo judicial para a construção de aterro sanitário, o que deveria ter sido feito em 2012 e que a prefeitura já trabalha para a mudança. "Pelo acordo feito há anos, o lixo daqui iria para um aterro em Jardim, que não ficou pronto até hoje. Estamos fazendo audiências para implantar o aterro em parceria com o poder privado, pois precisamos de R$ 10 milhões para isso".
Em nota, a Sanesul afirma que "o autor do post se enganou e misturou diversos assuntos em um texto só". De acordo com a empresa, "o que está sendo lançado no Rio Formoso, na foto, não se trata de esgoto sanitário".
A empresa informa que Bonito "possui uma malha de esgotamento sanitário que compreende todo o perímetro urbano, numa extensão de 58 quilômetros. Bonito tem 100% de esgoto coletado e tratado" e que há uma "grande preocupação ambiental e cuidado especial com seu principal produto, que é a água".
"O esgoto coletado é tratado e devolvido sem poluentes na natureza, após passar pela estação de tratamento do município. A ETE tem capacidade para tratamento de 80 litros por segundo, apesar de trabalhar com vazão média de 37,30 litros por segundo em média. Além disso, de acordo com as análises laboratoriais, após o tratamento, 99% dos poluentes são removidos", afirma a nota da Sanesul.