Fogo atinge Instituto Arara Azul e trabalho de 3 décadas quase vira cinzas
Equipe retornou a Fazenda Caiman para recomeçar e tentar manejar os ninhos que ainda restaram após incêndio
Com a voz bastante embargada, a cientista Neiva Guedes, não conseguiu falar sobre as cenas que viu nestes últimos dias. A bióloga e fundadora do Instituto Arara Azul, que foi responsável pela conservação da espécie no Pantanal, viu o trabalho de mais de três décadas ser consumido pelo fogo.
Abalada, ela disse que já sabe das consequências do incêndio que devastou a base de pesquisa da instituição, na Fazenda Caiman, em Miranda, a 208 km de Campo Grande. “Agora é avalizar os impactos. É bem triste”, lamentou, ainda emocionada.
No vídeo divulgado nas redes sociais do Instituto Arara Azul, Neiva relata a situação como uma das piores tragédias dos últimos tempos e superior ao cenário catastrófico para o bioma no ano de 2020.
De acordo com ela, o incêndio atingiu a propriedade na última quinta e sexta-feira. A equipe de pesquisadores que estava no local tentou combater os incêndios e avaliar o cenário, mas acabou passando mal e precisou ser retirada no sábado (3). Eles retornaram ontem (5).
Nas imagens é possível ver ninhos queimados, araras procurando abrigo, equipamento totalmente derretido e até uma onça-pintada com seu filhote percorrendo as cinzas.
“Vamos fazer avaliação e trabalho de mitigação. Perdemos ninhos com ovos e equipamentos. Apesar de estarmos extremamente desolados, vendo toda nossa pequenez diante dessa tragédia, o que nos resta é tentar manejar, recuperar o que podemos e recomeçar”.
Área queimada - De 1º de janeiro a 4 de agosto de 2024 foi queimada área na faixa* de 1.027.075 ha a 1.245.175 ha no Pantanal (de 6,8% a 8,3%do bioma). Na última semana (29 de julho a 4 de agosto de 2024) houve incremento de 336.025 ha em área queimada no bioma.
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