Garça solitária ganha companhia e muda a paisagem na Lagoa Itatiaia
Moradores chegaram a contabilizar 18 aves no local, onde elas costumam ser raras
O aumento no numero de garças na Lagoa Itatiaia, em Campo Grande, chamou a atenção dos moradores que estavam acostumados apenas com uma ave solitária da espécie no local.
A ave migratória que habita em áreas próximas a rios e mede entre 70 e 85 centímetros e se alimenta basicamente de peixes e pequenos anfíbios. E para quem mora na região o aumento da espécie na região pode estar ligado ao desmatamento.
“Tem uns seis meses que notei que aumentou o número de garças aqui. Eu acho que esse desmatamento fez com que elas migrassem para cá. Eu acho bonito. Distrai a gente. Acredito que elas vão ficar aqui. É um valor incalculável ter isso perto de casa”, disse João Quevedo, 61 anos, que mora na região há dois.
Já para Nereide Luiz dos Santos, 52 anos, as aves foram colocadas na região. “Eu acho que algéum colocou elas aqui, achei bonito. Percebi que tinha alguma coisa diferente, esse cenário é maravilhoso, a natureza é saudável, é bom para quem tem depressão, distrai. Achei bem bonito”, contou a dona de casa que costuma caminhar na região.
A professora Carmem Lucia, 63 anos, aproveitou a presença das aves para levar a neta de quatro meses na Lagoa pela primeira vez.
“Sempre era quatro garças agora está uma média de 10 a12 e os biguás também. Eu acho que o único lugar que estamos conseguindo vir na pandemia e aqui, não tem coisa melhor, o ar puro, a natureza, aqui está sendo melhor que o parque das nações indígenas. Com a chegada delas o cenário que já era bonito ficou mais rico”, destacou.
Migração – Conforme explicou ao Campo Grande News, o mestre em ecologia e enente-coronel da PMA (Polícia Militar Ambiental) Edmilson Paulino Queiroz, sem uma análise detalhada é difícil saber o motivo especifico que trouxe as aves para a região. Mas pode estar diretamente ligado a presença de alimentos.
“É difícil num curto espaço de tempo determinar a causa dessa migração. Pode ser que os incêndios no Pantanal terminem e as aves continuem ali. Todo ano tem incêndio, mas nem todo ano as garças estão ali. Eu sou doutor em ecologia e é difícil analisar as variáveis ambientais”, disse.
Segundo ele, a migração acontece principalmente pela busca de alimento e quando aumenta demais a procura por alimento eles acabam procurando outro local.
“Tem que ter um estudo de longo prazo para verificar as causas. São aves que vão migrando, por exemplo, quando tem muito desmatamento, a própria seca que diminui a quantidade de alimento nas regiões. Então elas saem em busca de outros locais para se alimentar e buscar abrigo”, detalhou.