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Meio Ambiente

Manoel de Barros é o convite para discutir desastre ambiental do Rio Taquari

Documentário “Um rio desbocado” traz um retrato das transformações no bioma causadas pelo homem desde 1970

Gabriela Couto | 31/08/2022 17:33
Abertura do documentário mostra imagens aéreas da área alagada do novo rio Taquari, com o título do poema de Manoel de Barros em branco. (Foto: Reprodução)
Abertura do documentário mostra imagens aéreas da área alagada do novo rio Taquari, com o título do poema de Manoel de Barros em branco. (Foto: Reprodução)

O poema “Um rio desbocado”  de Manoel de Barros  dá o título e tom do documentário lançado nesta quarta-feira (31) no Youtube, por meio de uma parceria entre o Instituto Taquari Vivo e a Documenta Pantanal.  Clique aqui para assistir.

“Definitivo, cabal, nunca há de ser este rio Taquari. Cheio de furos pelos lados, torneiral, ele derrama e destramela à-toa. Só com uma tromba d'água se engravida. E empacha. Estoura. Arromba. Carrega barrancos. Cria bocas enormes. Vaza por elas. Cava e recava novos leitos. E destampa adoidado”, descreve o poeta. A família dele tem uma fazenda no norte de Mato Grosso do Sul, no Pantanal da Nhecolândia, às margens do rio Taquari.

É com o trecho do começo do poema que os mais de 40 minutos de filme começa e com o final das palavras de Manoel que se encerra. O telespectador consegue entender através de relatos de ribeirinhos, produtores, técnicos e cientistas o que causou o desastre ambiental do rio Taquari nas últimas décadas.

Leito do rio seco e sem água; cenário mostra como ficou o Taquari após migração do rio. (Foto: Semagro)
Leito do rio seco e sem água; cenário mostra como ficou o Taquari após migração do rio. (Foto: Semagro)

De uma forma bem simples e lúdica, o diretor do Instituto Taquari Vivo, Renato Roscoe explica como o arrombado do Caronal aconteceu. Na terra mesmo ele mostra como o rio assoreado forçou suas margens e se alastrou pelos campos.

Por meio do documentário gravado durante dois anos é possível entender o jeito que o rio migrou para dentro do Caronal, deixando 150 km de leito seco de um lado e 650 mil hectares de alagados do outro. Mostra como novos ambientes se formaram e permanecem em permanente mutação. Integra a ciência e o conhecimento pantaneiro, traduzindo em imagens o que aconteceu com o ambiente e as pessoas.

Imagem aérea do Arrombado do Caronal, local onde o o rio assoreado forçou suas margens e se derramou pelos campos. (Foto: Documenta Pantanal)
Imagem aérea do Arrombado do Caronal, local onde o o rio assoreado forçou suas margens e se derramou pelos campos. (Foto: Documenta Pantanal)

Quem assiste consegue se transportar para as águas turvas e também cristalinas que formam o novo rio. A mensagem final é sobre a responsabilidade de cada um com as transformações do bioma. É possível também entender a sabedoria da natureza, com um Taquari que se reencaixa e encontra o seu novo caminho.

Prosolo - Os trabalhos de conservação do solo na bacia do Rio Taquari estão em fase de expansão. O governo do Estado tem realizado ações do Prosolo (Plano Estadual de Manejo e Conservação do Solo e Água) no Alto Taquari para evitar mais carreamento de sedimentos ao leito do rio e o consequente agravamento do processo erosivo. No local estão sendo construídos terraços nas lavouras e pastagens.

Imagem aérea mostra cicatriz na mata ciliar e produção de grãos próximo de onde o rio Taquari passava. (Foto: Semagro)
Imagem aérea mostra cicatriz na mata ciliar e produção de grãos próximo de onde o rio Taquari passava. (Foto: Semagro)

A Bacia do Taquari compreende os municípios de Pedro Gomes, Camapuã, Alcinópolis, Figueirão, São Gabriel do Oeste, Rio Verde, Coxim e Costa Rica, em Mato Grosso do Sul, além dos municípios de Alto Araguaia e Alto Taquari, no Mato Grosso.

São mais de 270 mil hectares em que 41% do total apresentam risco alto e 25% muito alto de apresentar processos erosivos. O trabalho na Bacia teve início por uma área de 5.375 hectares localizadas na micro bacia do Córrego da Pontinha, em Coxim.

O titular da Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Jaime Verruck, explica como é importante o processo que está sendo realizado em parceria com o Instituto Taquari Vivo. “Essa ação é fundamental porque cessa o problema a partir da parte alta do rio, impedindo que sedimentos sejam carreados à planície. É a primeira e principal providência para dar uma solução definitiva ao problema de assoreamento do rio.”

Dentre as inteverções do prosolo está a construção de terraceamentos nas lavouras e pastagens. (Foto: Instagram)
Dentre as inteverções do prosolo está a construção de terraceamentos nas lavouras e pastagens. (Foto: Instagram)

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