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Meio Ambiente

Ministério Público aponta lançamento de esgoto sem tratamento em córrego

O flagrante foi durante inspeção com juiz na estação do Tarumã

Aline dos Santos | 24/05/2021 15:40
Ministério Público aponta lançamento de esgoto sem tratamento em córrego
Córrego Lagoa fica atrás da estação do Tarumã, que foi inspecionada em 30 de abril. (Foto: Kísie Ainoã)

Relatório de vistoria técnica do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul),  acompanhada pelo juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande, identificou lançamento de esgoto in natura (sem tratamento) no Córrego Lagoa, em Campo Grande.

O documento, anexado a processo no último dia 20, traz os resultados da inspeção realizada em 30 de abril, quando foram vistoriadas as estações do Tarumã (elevatória), onde foi identificado o problema, Los Angeles (tratamento), além da estação elevatória de esgoto do Bairro Maria Aparecida Pedrossian.

O laudo pericial da promotoria  detalha que a vistoria teve início pela Estação Elevatória de Esgoto do Bairro Jardim Tarumã, que no momento da inspeção judicial aparentava estar desativada, sem nenhum dos três conjuntos motor-bomba previstos em funcionamento.

“Todo o esgoto afluente se acumulava no poço de sucção da estação e o excesso, quando não removidos por caminhões-tanques, transbordava pelo extravasor do poço de visita para a rede de drenagem e continuamente para o Córrego Lagoa”, informa o documento.

Segundo a vistoria, não havia no local tanque ou bomba reserva, sendo o esgoto transportado por caminhões-tanques até a ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) Los Angeles. Quando esse sistema logístico falha, o resíduo é direcionado ao Córrego Lagoa.

Ministério Público aponta lançamento de esgoto sem tratamento em córrego
Relatório do Ministério Público mostra local de lançamento de esgoto in natura. (Foto: Reprodução)

Na sequência, a equipe se dirigiu à APP (Área de Preservação Permanente) do Córrego Lagoa. “Apesar dos esforços da empresa de saneamento em estancar o extravasamento de esgoto a montante, drenando-o para os caminhões-tanques, foi possível observar o lançamento de esgoto in natura no curso hídrico”.

O documento ainda aponta que as manchas escuras na saída da tubulação e na parede da galeria são indícios de que a frequência e o volume escoados são maiores e mais frequentes que o relatado pela companhia de saneamento.

O Ministério Público sugeriu a instalação de sistema de bombeamento para direcionar o esgoto até a ETE Los Angeles.

O Córrego Lagoa recebe a contribuição dos córregos Buriti, Zardo e Seriema e deságua no Córrego Imbirussu. A bacia hidrográfica inclui o União e parte de bairros como Santo Antônio, Taveirópolis, Santo Amaro e Tarumã.

Ministério Público aponta lançamento de esgoto sem tratamento em córrego
Trecho do relatório do Ministério Público sobre vistoria realizada no dia 30 de abril. (Foto: Reprodução)

Responsável pelo tratamento de 90% do esgoto da cidade de Campo Grande, a ETE Los Angeles também passou por inspeção, que acompanhou o processo até o lançamento do esgoto tratado no Rio Anhanduí.

Conforme o documento, a eficiência média da estação é de 73%. Desta forma, o efluente, mesmo que tratado, tem forte corte e odor desagradável.

A vistoria não encontrou inadequações na estação elevatória do Bairro Maria Aparecida Pedrossian.

 “A estação elevatória dispõe de sistema de monitoramento à distância, bomba reserva e tanque de acumulação ou pulmão, apenas podendo utilizar o extravasor, localizado no poço de visita, em casos excepcionais de colapso do sistema (falta de energia por longo tempo, falta de combustível do gerador da bomba reserva e enchimento do tanque pulmão)”, informa o laudo.

Ministério Público aponta lançamento de esgoto sem tratamento em córrego
Durante vistoria, caminhão-tanque fez drenagem de esgoto na estação elevatória do Tarumã. (Foto: Kísie Ainoã)

O magistrado já estipulou multa de R$ 20 milhões contra a Águas Guariroba em caso de irregularidade. O pedido partiu do ex-vereador Vinícius Siqueira, em nome da Associação Pátria Brasil. O magistrado foi a campo na vistoria de 30 de abril, mas ainda não há decisão sobre a aplicação da multa.

Em nota, a Águas Guariroba reitera que todas as operações são realizadas de forma responsável, transparente, com segurança ambiental e seguindo as normas técnicas e ambientais aplicáveis, o que é acompanhado e regulado pelos órgãos competentes.

A empresa garante que, primando pela transparência de suas operações, "já solicitou uma perícia técnica especializada para esclarecimento detalhado sobre os pontos questionados na ação civil pública.”

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