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Meio Ambiente

Na cidade mais quente de MS, 50ºC “ferve” até água de piscina

Calorão pegou até corumbaense de surpresa e turbinou vendas de erva de tereré, ar condicionado e geladinhos

Anahi Zurutuza | 02/10/2020 14:31
Pedro, de 7 anos, ainda não conseguiu entrar na piscina hoje (Foto: Direto das Ruas) 
Pedro, de 7 anos, ainda não conseguiu entrar na piscina hoje (Foto: Direto das Ruas)

Pela lei da física, água só ferve a 100ºC ou mais, mas não é o que moradores enfrentaram nos últimos dias em Água Clara, onde termômetros atingiram 44,4ºC e a sensação térmica foi de 52ºC. “Está fervendo até água de piscina”, afirma o guia turístico, Judson Zárate Fernandes, 53 anos.

Morador da cidade localizada leste do Estado há 10 anos, Judson diz que nunca passou tanto calor, apesar de ter vivido em cidades conhecidas pelas altas temperaturas.

Sou nascido e criado em Corumbá, já morei em Cuiabá e nunca tinha passado por um calor desses. Está muito pior, um clima de deserto mesmo. O tempo seco deixa o nariz e os olhos ardendo”.

Judson colocou uma piscina no quintal para o filho, Pedro, de 7 anos, se refrescar, mas nos horários mais quentes dos últimos dias nem entrar na água tem sido solução. “A onda de calor agora começa a pegar força às 11h e só para umas 17h. Tem hora que a água está muito quente para ele entrar”.

O lado positivo é que o calor atrai mais turistas para a cidade. “Entramos no último mês antes da piracema. Vai dar para trabalhar bastante”, afirma o guia que pilota barcos para pescadores amadores e leva visitantes aos rios de águas cristalinas no município.

Em loja de artigos em couro, tereré "é lei", para tomar e vender (Foto: Direto das Ruas) 
Em loja de artigos em couro, tereré "é lei", para tomar e vender (Foto: Direto das Ruas)

Vendas – Quem está lucrando coma onda de calor é Millena Carvalho, de 23 anos. Ela entrega geladinhos gourmet na cidade. “Ontem, eu mandei 80 para uma pessoa só. Está tão calor, que o povo não sabe o que fazer”, conta a trabalhadora autônoma.

Difícil está sendo manter produção. “Tive de colocar uma mesa no meu quarto para fazer os geladinhos no ar condicionado. Ou é isso ou só dá para trabalhar de noite”.

Pedidos por geladinhos para Millena não param (Foto: Direto das Ruas) 
Pedidos por geladinhos para Millena não param (Foto: Direto das Ruas)

O calorão também turbinou as vendas de erva de tereré, garrafas térmicas, cuias e bombas na loja AgroSela. “O jeito é tomar tereré o dia todo. Aqui aumentou uns 30% o movimento”, explica o gerente Rulian Sérgio, de 29 anos.

A erva é vendida a granel e nos últimos dias, teve cliente que gastou R$ 50 de uma só vez, conta o gerente.

Dono de empresa de manutenção de ar condicionado, Vicente Izeu, de 39 anos, diz que o telefone não para. “Tem uns 7 ou 8 clientes por dia. Não estou dando conta de atender”.

O chamados têm sido principalmente para a instalação de novos aparelhos, além das limpezas e manutenções. “Com um calor desses, não tem jeito. É piscina e ar condicionado”.

Recorde – A maior temperatura já registrada no Estado foi aferida pelo Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e Clima) no dia 29 de março de 2017, em Bataguassu. Já neste 1º de outubro de 2020, o mesmo número foi alcançado em Água Clara, conforme medição do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

Quarta-feira (30), a marca de 44,1°C foi atingida em Coxim, também recorde para a cidade. Os números do Inmet e Cemtec mostram que o maior registro na cidade do norte do Estado havia sido em 2014, quando termômetros atingiram 42,9°C.

Segundo o meteorologista de Campo Grande, Natálio Abrahão, o “sol de rachar” dos últimos dias causou sensação de calor até 52°C no Estado. Em seus cálculos, na quarta-feira essa sensação foi sentida em Água Clara, Três Lagoas, Selvíria e Coxim. Já nesta quinta, apenas Água Clara enfrentou o “repeteco”. Moradores das demais cidades, respectivamente, passaram por calor de 50, 49 e 51 graus, respectivamente.

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