Nível da água cai e peixes agonizam até a morte no Rio Correntes
Rio que corta estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul tem parte assoreado
Com o rio assoreado, peixes estão agonizando até a morte em trecho do Rio Correntes, em Sonora, a 384 quilômetros de Campo Grande. Em vídeos divulgados nas redes sociais, é possível verificar diversas "curimbas" no filete d'água que sobrou no rio praticamente seco.
A "denúncia" feita por comunidades ribeirinhas é de que barragem feita pela usina hidrelétrica Ponte de Pedras é responsável pela degradação.
“Olha a situação do Corrente, olha o que a usina faz. Os peixes tudo no seco que ficou, secou de uma vez o rio”, relata moradora da região em vídeo encaminhado ao Campo Grande News.
Ela indica que a perda ambiental não ocorre só nesse ponto, mas é generalizada ao longo do rio que divide Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O Correntes nasce no extremo oeste do município de Sonora e rompe a divisa com extensão de aproximadamente 240 quilômetros.
O ribeirinho Saulo Moraes conta, inclusive, que fecharam reservatório de água da usina ontem (17) e a altura do rio caiu quase dois metros.
"Imagina como ficam os peixes, se na época da piracema a usina trabalha com a contenção de água... Como antes da piracema, que os eles estão se preparando para subir, a usina começa a fechar o rio?", protesta.
Outras imagens mostram mais de 50 peixes recolhidas por família que moram nas margens do rio. "Pessoal ali da barragem fechou a água lá. Imagina lá pra baixo, no fundo do Pantanal, a tragédia que num deve ter acontecido. É a segunda vez que fazem esse tipo de coisa", relata.
Ele teme um prejuízo ainda maior, com queda em toda a cadeia da pesca. "Não são nem as embarcações que sofrem, quem sofre são os peixes. Imaginem o que vai ocorrer na piracema com tudo seco. Infelizmente, não devolvem beneficio nenhum para as comunidades e para a própria natureza".
Ao Campo Grande News, a PMA (Polícia Militar Ambiental) informou que enviou equipes ao local para averiguar a situação e identificar a origem do problema.
A reportagem tentou contato com a Usina Ponte de Pedra por meio dos telefones divulgados na página oficial e por e-mail, mas não foi atendida ou teve a resposta aos questionamentos do Campo Grande News.
Em 2018, a organização não-governamental Ecoa já havia denunciado irregularidades envolvendo a usina, implantada em 2005.
Em questão de horas o nível altera de metros para centímetros de profundidade, o que leva a escassez de peixe e a impossibilidade de navegação por conta da formação de inúmeros bancos de areia e da instabilidade do nível do rio.
O reflexo, na avaliação da entidade, é de economia das comunidades drasticamente afetada e êxodo das famílias por não conseguirem mais sobreviver e pescar o próprio alimento.
Outra consequência apontada naquela época foi a alteração da flora e da fauna. Há 2 anos a Ecoa já alertava que a região conhecida por ter vários ranchos e ser ponto turístico já não recebe ninguém. Segundo a Ecoa, na região viviam 67 famílias de ribeirinhos e agora são 25.