Novos focos e seca agressiva prejudicam combate às chamas
Não fossem as queimadas já existentes, os combatentes precisam ainda lidar com a ignição de mais frentes de fogo de causa humana
Combate ao fogo no Pantanal de Mato Grosso do Sul é prejudicado com o surgimento de novos focos de incêndio que precisam de deslocamento de equipes que atuavam nas queimadas maiores. Além disso, a seca reduziu ou mesmo acabou com reservatórios de água em açudes ou lagos e o Rio Paraguai tem sido a única fonte para as aeronaves.
Segundo o coronel Waldemir Moreira, do Centro de Operações Ambientais do Corpo de Bombeiros, a concentração de esforços que poderia ser feita na Serra do Amolar ou Porto Jofre, ambos no Pantanal de Corumbá, acaba sendo afetada quando surgem novos focos, menores, mas que precisam ser combatidos para não aumentarem.
Segundo ele, mesmo diante de todo caos já relatado, as pessoas continuam colocando fogo na vegetação sob a “proteção” de queimadas que já ocorrem e da dificuldade de fiscalização. Entre incêndios que começaram a se alastraram rapidamente este fim de semana, está um em Porto Esperança, também em Corumbá.
Além disso, o combate aéreo dos focos também tem encontrado dificuldade, já que a quantidade de área alagada para abastecimento das aeronaves com água diminuiu muito com a estiagem e atualmente, o Rio Paraguai - que nunca esteve em nível tão baixo em 55 anos - é a única fonte de água para as aeronaves.
“Também não tem como colocar combustível e quando acaba, tem que voltar para abastecer em Corumbá. Sem contar que os air tractor (avião que lança água) só encontram água no Rio Paraguai, que está secando cada vez mais”, lamentou.
Conforme o coronel, os trabalhos que estão sendo feitos conseguem “controlar” as queimadas, impedindo que elas avancem com mais rapidez e para áreas maiores, no entanto, eliminar os focos é tarefa praticamente impossível.
Outra dificuldade citada pelo coronel é em relação à comunicação, que é dificuldade e muitas vezes inexistente nas áreas mais remotas.
Hoje, o Pantanal tem 579 focos de incêndio ativos, segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Desde janeiro, 18.838 focos foram registrados no bioma.