Presidente da Famasul vê lama nos rios como problema pontual
Presidente afirma que a situação foi agravada pelo excesso incomum de chuvas na região
A lama que atingiu o Rio da Prata em novembro, na região de Jardim, a 233 km de Campo Grande, provocou uma série de consequências, preocupou ambientalistas e medidas do governo do Estado, discutida em audiência pública em Bonito, a 257 km de Campo Grande. Presidente da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Maurício Saito afirma que o problema “é pontual” e foi provocado, entre outras razões, pelo excesso de chuva.
“Primeiro é lembrar que todas as atividades têm que ser convergentes, nosso trabalho é único, que é o de preservação que temos hoje em Bonito, que é a questão ambiental, questão de meio ambiente. Temos que lembrar que existiu sim um caso pontual lá no município porque houve uma mudança de atividade. Era uma área de pecuária que se transformou em agricultura. Infelizmente nós tivemos um excesso de chuva muito localizado e isso fez com que essa área tivesse esse excesso de chuva e escoasse essa parte de sedimentos para o rio e aí houve o turvamento maior do que o comum no rio da prata”, comentou.
Além da chuva, defendeu, é necessário mais preparo do solo e união de todos os setores, como o agropecuário, poder público e turismo. “Naturalmente, nós, enquanto setor produtivo reconhecemos que houve sim um problema pontual, causado pelo excesso de chuva e por uma melhor necessidade de trato dentro da questão de preparo de solo, mas já fomos lá, os produtores já foram notificados, já fizeram aquilo que era exigido para a conservação de solo”.
“É nosso entendimento que também o poder público tem sua responsabilidade, também o setor de turismo tem a sua responsabilidade e aí só conseguiremos evoluir de uma maneira consistente a partir do momento que todos os setores se envolvam efetivamente com esse problema que está acontecendo pontualmente naquela região”, afirmou.
Dados assustadores – Ainda assim, há quem aponte que a situação dos rios que banham cidades como Bonito e Jardim seja pior. Durante audiência pública na Câmara Municipal de Bonito, ocasião em que o assunto foi discutido, dados assustadores foram apresentados.
Entre os cenários, foi apontado a diminuição de 2 mil hectares de área úmida que funciona como uma espécie de rim, um filtro natural que mantém a pureza da água do manancial. Em um dos painéis, o promotor de Justiça, Alexandre Stuqui Junior, fez o alerta: “se a situação continuar como está, o Rio da Prata morre em10 anos”.
Pesquisa apresentada durante o encontro também afirma que o brejão do Rio da Prata, como é chamada a nascente considerada o berçário do curso d’água, teve área de 7 mil hectares reduzida para cerca de 5 mil hectares em 34 anos –desde 1984.