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Meio Ambiente

Programa garantiu produção de 27 bi de litros de água em fazendas da Capital

Práticas que zelem pelo meio ambiente podem virar renda nas propriedades da bacia do Guariroba

Ricardo Campos Jr. | 31/10/2018 22:30
Bacia do Guariroba em Campo Grande, de onde vem a água que sai das torneiras em boa parte da cidade (Foto: divulgação)
Bacia do Guariroba em Campo Grande, de onde vem a água que sai das torneiras em boa parte da cidade (Foto: divulgação)

Além das plantações e criações de animais típicos de uma chácara ou fazenda, propriedades localizadas na bacia hidrográfica do Guariroba em Campo Grande “produziram” também mais de 27 bilhões de litros de água com ações de preservação ambiental, e os donos desses locais ainda receberam pelo serviço.

Essas iniciativas fazem parte do programa Manancial Vivo, criado há oito anos pela Prefeitura para reduzir o assoreamento e a poluição nos córregos que pertencem ao sistema de abastecimento da cidade, além de incentivar a adequação às normas de sustentabilidade.

Segundo levantamento da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), essas ações "recarregaram" o lençol freático com uma média de 172 litros por segundo nos cinco primeiros anos do projeto.

“Além desse processo, o programa conduz o produtor à mudança de práticas agropecuárias, que ele vai aprender, reaprender ou ser orientado a utilizá-las”, explica o biólogo da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) e coordenador das ações, Marcos Andrey Alves Meira.

Foto aérea mostra erosão em um dos cursos d'água da bacia antes da implantação do Manancial Vivo (Foto: divulgação)
Foto aérea mostra erosão em um dos cursos d'água da bacia antes da implantação do Manancial Vivo (Foto: divulgação)
Erosão atingia até mesmo as estradas vicinais nessa região de Campo Grande. Áreas como essa também foram recuperadas (Foto: divulgação)
Erosão atingia até mesmo as estradas vicinais nessa região de Campo Grande. Áreas como essa também foram recuperadas (Foto: divulgação)

São atitudes muitas vezes simples de implementar, como por exemplo o cercamento das áreas de preservação para evitar o acesso do gado para não degradar a vegetação ciliar, recuperação das áreas no entorno dos cursos d’água, implantação de terraços e controle de erosões, além da recuperação de estradas vicinais.

Tudo isso favorece a alimentação dos lençóis freáticos em períodos de chuva, reavivando nascentes e reforçando a manutenção dos recursos usados para que não falte aos campo-grandenses a água que sai todos os dias nas torneiras.

“E como bonificação recebe um pagamento por serviços ambientais, que são contratados exatamente nas modalidades conservação de água e solo, recuperação de APP (Área de Preservação Permanente) e conservação de fragmentos florestais”, afirma o biólogo.

Reservatório de onde sai a água que é consumida pela população (Foto: divulgação)
Reservatório de onde sai a água que é consumida pela população (Foto: divulgação)

Resultados – Em oito anos, conforme a Semadur, houve cinco editais convidando os produtores interessados a participar do Manancial Vivo. Responderam voluntariamente ao chamado 62 proprietários rurais totalizando 27.024,77 hectares inscritos que correspondem a 74,65% do total da área da bacia do Guariroba.

Dessa forma, houve a recuperação de 85 quilômetros de estradas vicinais, implantação de 187.729,4 metros de cerca nas áreas de preservação permanente, conservação de 4.285,53 hectares de fragmentos florestais dos 7.131 hectares previstos para reserva legal e a conservação de solo e água em 20.932,65 hectares de pastagens, o que corresponde a 57,82% do total.

Córrego dos Tocos, na região da Bacia do Guariroba (Foto: divulgação)
Córrego dos Tocos, na região da Bacia do Guariroba (Foto: divulgação)

E pelos serviços ambientais prestados, foram pagos R$ 1.463.840,07 até o primeiro semestre de 2018 aos participantes.

“São feitas avaliações anuais antes de se definir o valor que vai ser pago. Como todo serviço prestado, tem que ter um controle de qualidade, ver se está dentro daquilo que foi pedido. Em todos os editais existem os níveis de qualidade do serviço e cada um deles vale uma determinada quantia”, explica Meira.

A bacia produz água para 50% da população e essa necessidade de consumo não cessa. Fato é que com o programa, a qualidade e quantidade de água vem melhorando ano após ano.

“Não tem porque cessar os pagamentos ou haver uma mudança no que os produtores está fazendo. É uma via de mão dupla, eles cuidam da terra, cuidam das matas, não desenvolvem atividades poluidoras e consequentemente há uma recarga maior do lençol freático e consequentemente a cidade consegue atender suas demandas. É como se estivessem realmente produzindo água”, completa.

Ação desenvolvida dentro do programa Manancial Vivo (Foto: divulgação)
Ação desenvolvida dentro do programa Manancial Vivo (Foto: divulgação)
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