Ribeirinho pode construir casa de R$ 38 mil para enfrentar cheia e seca
Depois da maior cheia dos último 20 anos, ocorrida em 2011, a Ecoa (Ecologia e Ação) desenvolveu dois modelos de casas para moradores ribeirinhos do Pantanal, região de Corumbá, que sofrem em época de chuva intensa e seca com temperaturas elevadas. Os imóveis são construídos com equipamentos de alta durabilidade, custam de R$ 19 mil até R$ 38 mil, podem ser adaptados de acordo com as mudanças climáticas e costumes dos moradores da região do pantanal.
O diretor presidente da instituição, André Luiz Siqueira, conta que uma equipe de arquitetos e engenheiros trabalharam durante um ano para desenvolver dois modelos de casas com palafitas construídas sobre troncos ou pilares com paredes e telhas de tetrapak, placas com material leve resistente a água e não inflamável fabricados em São Paulo.
Além disso, os imóveis com 43 metros quadrados e 1,20 metro de altura de palafita, têm sistema de captação da água da chuva, de fossa e uma boa ventilação. O material com toda a estrutura seria doado por programa habitacional e a construção realizada pela própria comunidade. “A gente sabe que o projeto é moroso e de articulação complicada, mas os modelos beneficiariam ao menos 2 mil famílias ribeirinhas do Estado”, diz André.
O modelo de uma das casas são de quatro cômodos para cinco moradores e com sistema de ventilação natural. Parte das famílias beneficiadas será da comunidade Barra do São Lourenço, que fica entre entre os Rios Cuiabá e Paraguai, região com volume muito grande de água.
Conhecimento do local, da realidade e o modo de vida pantaneiro são fundamentais para a criação de tecnologias construtivas, explica o arquiteto coordenador e responsável pelo projeto, Juliano Thomé de Faria. As casas são adaptadas às características da região, que podem ser transformadas de acordo com as necessidades e condições de casa família.
Para fugir da cheia, que geralmente acontece de fevereiro a junho, muitos moradores deixam as casas e montam barracas de lonas em lugares secos, onde os ribeiros acabam sofrendo com a visita de animais peçonhentos e silvestres, como por exemplo, onças, que buscam abrigo em lugares secos. “Dependendo da cheia, os moradores perdem móveis, alimentos e as crianças deixam de ir para a escola”, pontua André.