The Guardian chama Pantanal de "Arca de Noé" e critica governo brasileiro
Matéria do jornal inglês, um dos mais influentes do mundo, alerta para riscos de Rio Paraguai virar hidrovia
O jornal britânico The Guardian, um dos veículos de comunicação mais respeitados do mundo, publicou longo artigo nesta segunda-feira (12) sobre os riscos ao Pantanal do plano do Governo Federal de tornar o Rio Paraguai, que banha do bioma, em hidrovia de escoamento de insumos.
A matéria ‘Losing Noah’s Ark’: Brazil’s plan to turn the Pantanal into waterway threatens world’s biggest wetland”, ou “‘Perdendo a Arca de Noé’: plano do Brasil de transformar o Pantanal em hidrovia ameaça maior área inundada do mundo” faz uma analogia de que o Pantanal é uma grande “Arca de Noé”, pois abriga uma grande quantidade de animais que estão desaparecendo, mas onde também podem sobreviver.
Conforme a publicação, a ameaça do desenvolvimento do plano conhecido como Hidrovia Paraguai-Paraná, assombra o Pantanal há décadas. Os primeiros projetos, que envolviam dragagem e adeguação de curvas do rio em centenas de locais, foram arquivados pelo governo em 2000 devido justamente preocupações ambientais.
“No ano passado, o governo brasileiro anunciou que o Rio Paraguai, que seca o Pantanal por seis meses e depois o inunda pelo resto do ano, seria colocado sob seu Programa de Aceleração do Crrescimento (PAC). Seu site diz que o projeto nacional tem “grande potencial para reduzir custos de transporte” e que “discussões estão sendo realizadas com a sociedade e as partes interessadas locais””, diz trecho da matéria.
Como exemplo, o artigo lembra que governo anunciou um investimento de R$ 81 milhões para dragagem, limpeza de vegetação e adaptação da sinalização do canal navegável. Licenças preliminares foram emitidas para a construção de duas instalações portuárias em Porto Esperança e Cáceres, que os oponentes dizem ser o primeiro passo para transformar a maior seção natural do Rio Paraguai em uma hidrovia projetada e escoar insumos, somo soja, por exemplo.
“O Pantanal, frequentemente chamado de "reino das águas", é composto por mais de 1.200 rios e córregos, e a vasta biodiversidade depende do padrão sazonal de inundações. Cientistas temem que a dragagem e o aprofundamento criem, na verdade, um "grande dreno", desconectando o Rio Paraguai de sua planície de inundação e reduzindo a área alagada”.
Como riscos principais à biodiversidade estariam a destruição de habitats aquáticos, populações de peixes, áreas de nidificação de pássaros e, consequentemente, afetar outras espécies em toda a cadeia alimentar. “Entre os que correm maior risco estão o skimmer preto, o corvo-marinho neotropical, o papa-formigas-do-mato-grossense e o rabo-de-espinho-de-lored-branco”, conclui.
Em resposta ao artigo do The Guardian, o Ministério de Portos e Aeroportos disse que as preocupações levantadas sobre danos ambientais eram “opiniões” sem “elementos científicos para apoiá-las”, e que um debate para cada projeto seria realizado.
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