Turismo de Bonito teme prejuízos com extremos climáticos
Rios Mimoso, Formoso, Prata e Anhumas foram os mais afetados com chuva que espalhou estragos pela região
A gente não pode esquecer que a temperatura do mundo tem aumentado em cerca de dois graus ao ano. A gente tem a influência dos rios voadores que vêm da região amazônica, não podemos esquecer que nosso Pantanal tem perdido grande quantitativo de água e tudo isso em função da mão humana. É muito difícil resolver isso a curto prazo, mas a médio e longo prazo, é possível”, afirma Barbosa Mariano.
Turismo - Segundo Mariano, o turismo é a principal atividade econômica de Bonito. “É o maior investidor, empregador e responsável por mais da metade do PIB [Produto Interno Bruto] de Bonito. Hoje são cerca de R$ 1 bilhão por ano que arrecadamos com turismo, há cerca de R$ 500 milhões”.
Proprietário do Recanto Ecológico Rio da Prata, Eduardo Coelho relata que as chuvas foram uma das maiores dos últimos anos e, conforme estações meteorológicas mencionadas por ele, choveu em torno de 180 milímetros ao longo do dia.
“Essa chuva já pegou um solo úmido, então não tinha muita condição de absorver a água. Houve muito escoamento superficial, então está tendo enchentes fortes na região e vai encher muito o Rio Miranda. Toda a água dos rios daqui caem no Miranda. Além disso, tem escorrido muita lama da cidade - há muitas obras em andamento e muito solo mexido. A água suja dos córregos urbanos vai descendo.”
O empresário detém local para que turistas façam flutuação e explica que o rio homônimo subiu cerca de 1,5 metro. No entanto, ele estima que se não fosse por trabalhos de conservação do solo na propriedade, o aumento poderia ter sido de 2,5 metros e 3 metros.
“O Rio da Prata tem se comportado muito melhor do que se comportou há três anos. Mas essa chuva foi muito grande, talvez seja a maior chuva dos últimos 10 ou 20 anos. Ela pegou o solo encharcado. Às vezes a chuva é muito grande e o solo está bem seco. Nesta época, uma chuva grande seria de 80 a 100 milímetros, então 180 milímetros é muita coisa.”
Entre as medidas possíveis, estão barreiras de pedras que quebram velocidade da água, caixas de retenção, curva de nível, dentre outros. “Foi uma chuva muito grande na região e é preciso trabalho de todos os envolvidos, no sentido de melhorar a condição do solo tanto na cidade, quanto no meio rural. Com toda a chuva, a nascente do Rio Olho D'água continua transparente, porque está protegido”.
“Se tiver bom trabalho de conservação, tem menos turbidez. Isso é uma responsabilidade da cidade, da Agesul, das fazendas.”
Impactos financeiros - Segundo Coelho, nesta sexta-feira, vários locais turísticos ficaram fechados por conta das chuvas. “Talvez alguma nascente conseguiu operar e talvez grutas ou o zoológico. Mas a grande maioria, até por segurança, fechou. Está caindo muito raio, mas teve pouco vento, então tivemos problemas de energia”.
“O empresário já sabe que vai ter dias que não vai operar por condição climática, isso já é parte do negócio. O turista que às vezes acha ruim, porque planejou a viagem, mas é a natureza. Os rios, ao menos, ficam cristalinos muito rápido. Amanhã já tem um monte de atividade operando.”
Ele menciona até as chuvas que desabrigaram e mataram dezenas de pessoas no litoral paulista, na última semana, como exemplo do que a natureza pode fazer, caso não haja medidas de contenção. “A gente tem avanços acontecendo na região, mas eventos como esse mostram que tem muito para ser feito”.
“Tem que ser trabalhado em conjunto - todos os segmentos da sociedade e governo. Quando a água desce marrom, você está perdendo solo. Em lugares onde pessoas morreram, eles estavam na beira de morros, em barracos. Tem que dar um jeito da pessoa mudar de lá com segurança e conforto. Precisam se adaptar melhor para esses eventos extremos - e parece que cada vez tem mais - sejam resolvidos.”
A Defesa Civil de Bonito emitiu alerta para chuvas torrenciais. A previsão é de que o tempo continue instável durante a tarde e no fim de semana, aumentando o risco de alagamentos em vários pontos da cidade, principalmente em ruas próximas aos córregos urbanos. Vários pontos foram interditados.
(*) Matéria alterada para correção de informação. Vídeo de ponte de madeira levada pela força da água que havia sido enviado à reportagem não é atual.