Atrás de 40 votos, Marun quer o apoio de 4 deputados de MS à reforma
Ministro afirma que governo já tem 270 apoios ao projeto e descarta buscar votos da oposição. Tereza, Elizeu, Geraldo e Mandetta entram no radar para se posicionarem sobre o tema
Em busca de 40 votos na Câmara dos Deputados para garantir a aprovação da reforma da Previdência, o ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, Carlos Marun, garante que vai correr atrás dos quatro deputados federais de Mato Grosso do Sul que ainda não se posicionaram sobre a proposta. Marun também disse que vai retomar o mandato na Casa para participar da votação, ainda neste mês, o que impedirá um voto contrário ao texto.
As informações foram prestadas pelo ministro nesta sexta-feira (2), durante entrevista coletiva no Diretório Regional do MDB, em Campo Grande. Marun antecipou que a leitura do projeto da reforma da Previdência terá início na próxima semana na Câmara –com o retorno da Casa do recesso parlamentar. Já a votação deve correr entre o dia 19 e a última semana de fevereiro.
Segundo Marun, o governo já contabiliza 270 votos favoráveis à reforma. “Faltam 40 para conquistar”, declarou o ministro. Ele informou que já foram feitas reuniões com líderes partidários na última semana de janeiro, “e a partir da semana que vem começam reuniões com os votos que faltam”.
Dentro do esforço para obter votos em um curto espaço de tempo, Marun já descartou dialogar com a oposição em busca de respaldo à proposta. “Não compensa, eles já estão fechados contra a reforma. Não adianta perder tempo”, opinou. O ministro inclui no grupo já descartado os deputados Dagoberto Nogueira Filho (PDT), Vander Loubet (PT) e Zeca do PT, que anteciparam votar contra o texto. “Desses votos nem vamos correr atrás”.
Já Tereza Cristina (DEM), Elizeu Dionizio (PSDB), Geraldo Resende (PSDB) e Mandetta (DEM) seguem no radar de Marun. “Dos outros, sim, vamos correr em busca dos votos”. Os quatro parlamentares, até agora, evitaram anunciar sua posição sobre do projeto de reforma, informando apenas estudar o projeto ou evitando o assunto.
Fábio Trad (PSD), que assumiu no fim de 2017 o mandato na Câmara –justamente como suplente de Marun–, já anunciou votar contra o projeto da reforma da Previdência. Por esse motivo, o ministro antecipou que vai se afastar momentaneamente do cargo na Esplanada dos Ministérios e reassumir o mandato no dia da votação. “Vou votar a reforma, tenho de registrar minha posição”, pontuou.
Irredutível – Com base em pesquisa do Ibope divulgada no início de dezembro, Marun afirma que “apenas” 46% da população hoje é contra a reforma da Previdência –número que chegou a 61% em meses anteriores ao do levantamento. “Quando as pessoas são esclarecidas sobre o tema, tendem a ser a favor. Por isso estamos confiantes na aprovação”, disse o ministro, confiante na aprovação do texto.
Em meio às negociações sobre o texto a ser aprovado, o ministro destacou que “o governo está aberto ao diálogo para aprimoramento, e não para palpites”.
Contudo, deixou claro a gestão de Michel Temer não abrirá mão de dois pontos: a idade mínima para aposentadoria, que Marun reforçou começar aos 55 anos “e em um processo de 20 anos chegará aos 65”, e o segundo pilar, que é a instituição de um regime único de Previdência para todos os brasileiros.
Nesse regime, todos os beneficiários teriam direito ao teto do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), hoje em pouco mais de R$ 5,5 mil. Quem quiser uma aposentadoria melhor vai ter de pagar regime previdenciário particular, explicou Marun.
Para ele, foi importante o governo não tem insistido na aprovação da reforma em dezembro “porque existia uma onda derrotista. Já em janeiro mudou, começou uma onda positiva para aprovar a reforma”, avalia Marun, segundo quem o deficit da Previdência chegou ao fim de 2017 na casa de R$ 268 bilhões, ou quase 10% do PIB (Produto Interno Bruto). “A reforma é necessária, não tem como não fazer”.
Ainda segundo Marun, a aprovação do projeto também dará um recado para as agências de avaliação de risco, que em seus últimos relatórios rebaixaram a nota do Brasil. “Elas estão esperando a aprovação da reforma. Se aprovar a reforma, o Brasil vai dar uma resposta positiva para o mercado, o que vai melhorar a economia”.
Convencimento – Marun também afirma que vários setores da sociedade têm ajudado o Governo Temer a convencer a população sobre a importância do projeto, citando por exemplo igrejas. Na semana passada, ele participou de culto da Igreja Mundial do Poder de Deus, do apóstolo Valdemiro Santiago, em busca de suporte ao projeto.
Questionado sobre a liberação de emendas parlamentares ao Orçamento da União para garantir apoios ao projeto de reforma, Marun afirmou que os pagamentos estão previstos para ocorrerem entre fevereiro e dezembro. “Vai ter liberação em fevereiro, sim”, pontuou.
O tema criou polêmica no fim do ano passado, quando, em entrevista, Marun cobrou “reciprocidade” de governadores e apoiadores do Governo Temer em torno do projeto, o que foi entendido como um sinal de negociação para liberação de recursos em troca do apoio à reforma –fato negado pelo ministro.
“Eu nunca vi alguém da oposição deixar de correr atrás de suas emendas. Ou seja, todos buscam os recursos independentemente da reforma”, disse Marun nesta sexta.