Empresários caçam votos de deputados por aprovação da reforma da Previdência
Presidentes da Fiems, Fecomércio e Faems reforçam apoio do empresariado estadual do projeto e prometem pressionar a bancada federal por apoio às mudanças nas regras previdenciárias
Entidades representativas do empresariado sul-mato-grossense declararam nesta quarta-feira (31) apoio ao projeto de reforma da Previdência apresentado pelo presidente Michel Temer, que aguarda tramitação na Câmara dos Deputados.
Além de respaldar o texto, os presidentes da Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul), Sérgio Longen, da Fecomércio-MS (Federação do Comércio do Estado), Edison Araújo, e da Faems (Federação das Associações Empresariais), Alfredo Zamlutti, confirmaram, via assessoria, que vão pressionar os membros da bancada federal para que votem pela aprovação do projeto.
O apoio à reforma da Previdência foi respaldado durante a primeira reunião do Conselho Deliberativo do Sebrae-MS (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Mato Grosso do Sul), na sede da entidade em Campo Grande. O gesto ocorre poucos dias antes da retomada das atividades na Câmara, com o fim do recesso parlamentar –momento em que o governo vai retomar as negociações para aprovar o projeto.
A proposta de reforma da Previdência enfrenta dificuldades para avançar por conta de sua impopularidade, ao estipular temas como aumento da idade mínima para concessão (65 anos para os homens e 62 para mulheres) e pagamento integral do benefício apenas depois de 40 anos de contribuição.
Por outro lado, a situação de insustentabilidade do atual sistema é apontado como fator de urgência para que a reforma avance. Para avançar, a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) precisa do apoio de 308 dos 513 deputados em dois turnos de votação –o primeiro deles previsto para 19 de fevereiro. Depois, será remetida ao Senado.
“Insolvência” – “A Fiems e o setor produtivo apoiam a reforma da Previdência e pedimos aos parlamentares federais do nosso Estado que votem a favor, permitindo que os aposentados de nosso país continuem recebendo seus valores”, disse Longen, para quem “a atual legislação traz uma condição de insolvência, a curto prazo, para quem é beneficiado com recursos previdenciários. Se não fizermos nada, os nossos aposentados, e isso não é daqui 20 anos, mas em um futuro próximo, poderão já não receber mais seus recursos”.
Edison Araújo destacou que, embora alguns congressistas do Estado sejam contra o projeto, há a necessidade de se encontrar uma solução para a previdência a fim de garantir os benefícios e cortar privilégios de determinadas classes. “Vaio ser difícil ter de cortar na própria carne, mas é um remédio amargo que precisa ser aplicado”, pontuou.
“Temos de acabar com privilégios, como o da classe política, que com quatro ou oito anos de mandato passa a ter direito a uma aposentadoria, ou militares, que recebem aposentadoria de forma permanente e até transferindo-a de pai para filho”, destacou o presidente da Fecomércio.
Já Zamlutti pediu “coerência” à bancada federal quanto a aprovação do texto. “É um absurdo deixar a Previdência do Brasil quebrar e, da forma como está, é isso que vai acontecer. Por coerência e sobrevivência, pedimos que esses parlamentares que são contra mudem o voto, porque ser partidário é uma coisa, ser incoerente é outra”.
Placar – Levantamento feito pelo Campo Grande News junto à bancada federal no fim de 2017 aponta que nenhum dos oito deputados federais declarou apoio à reforma da Previdência –o único era Carlos Marun, que se licenciou do mandato para assumir a Secretaria de Governo da Presidência da República. Sua primeira missão é, justamente, buscar votos que garantam a aprovação do projeto.
Dagoberto Nogueira (PDT), Vander Loubet (PT), Zeca do PT e Fábio Trad (PSD), este último suplente de Marun, já declararam serem contra a reforma. Tereza Cristina (DEM), Luiz Henrique Mandetta (DEM) e Elizeu Dionizio (PSDB) são considerados indecisos, e Geraldo Resende (PSDB) evitou até agora declarar seu voto.