Marun reage e nega "troca de apoio" pela reforma da Previdência
Ministro da Secretaria de Governo descarta “chantagem” a gestores e critica aqueles que se alinham ao Planalto atrás de benesses eleitorais
O ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, Carlos Marun, divulgou nota na tarde desta quinta-feira (28) na qual reage ao grupo de governadores do Nordeste que ameaçou lhe processar, diante de declaração de que a destinação de emendas e financiamentos de bancos públicos poderia ser condicionada ao apoio à reforma da Previdência. Além de negar essa conotação em sua fala, Marun disparou contra o grupo, acusando-os de tentar guardar para si os louros vindos dos resultados desses aportes.
“A reação daqueles que querem continuar omitindo a participação do Governo Federal nas ações resultantes de financiamentos obtidos juntos aos bancos públicos só se justifica pela intenção de buscar resultados eleitorais exclusivamente para si”, destacou a nota despachada pela assessoria de Marun. “Estes defendem a equivocada tese de que quem recebe financiamentos pratica ações de Governo e quem os concede, não”.
Em entrevista coletiva na terça-feira (26), Marun, conforme agências nacionais, disse que governadores interessados em receberem recursos federais deveriam se empenhar na buca de apoio ao Palácio do Planalto para ver aprovada em fevereiro a reforma da Previdência. O ministro, porém, afirma que foi mal interpretado em sua declaração.
“Assisti a citada entrevista e desafio qualquer um a destacar o trecho em que afirmo que os financiamentos estão condicionados ao apoio à reforma da Previdência”, pontuou Marun na nota. “Afirmei, como reafirmo, que espero que todos os agentes públicos tenham a responsabilidade de contribuir neste momento histórico da vida da nação. E afirmei, como reafirmo, que vou dialogar de forma especial com aqueles que estão sendo beneficiados por ações do governo, pleiteando o seu envolvimento no esforço que estamos fazendo para realizar as reformas que o Brasil necessita”.
Discórdia – Na terça, Marun declarou que o governo “espera daqueles governadores que têm recursos a serem liberados, financiamentos a serem liberados, como de resto de todos os agentes públicos, reciprocidade no tange à questão da Previdência”.
Marun negou na ocasião que fazia chantagem com a classe política. Segundo ele, financiamentos de bancos públicos são ações de governo. Do contrário, poderiam ser contratados em outras instituições financeiras. “Nesse sentido entendemos que deve, sim, ser discutida com esses governantes alguma reciprocidade no sentido de que seja aprovada a reforma da Previdência, que é uma questão que entendemos hoje ser de vida ou morte para o Brasil”.
Mesmo assim, a fala causou indignação entre agentes políticos. Sete dos nove governadores do Nordeste –incluindo os peemedebistas Jackson Barreto (SE) e Renan Filho (AL)– enviaram carta aberta ao presidente Michel Temer protestando contra a declaração de Marun. O grupo promete acionar “política e judicialmente” os agentes públicos envolvidos caso a “ameaça” se concretize.
Nesta quinta, Marun reforçou ainda que o governo sempre apoiou Estados e municípios, enumerando ações como a repactuação da dívida dos Estados, o parcelamento do débito previdenciário e a divisão de multas no processo de repatriação de recursos.
Leia a nota do ministro Carlos Marun na íntegra:
“A reação daqueles que querem continuar omitindo a participação do Governo Federal nas ações resultantes de financiamentos obtidos junto aos bancos públicos só se justifica pela intenção de buscar resultados eleitorais exclusivamente para si. Estes defendem a equivocada tese de que quem recebe financiamentos pratica ações de Governo e que quem os concede, não.
Assisti a citada entrevista e desafio qualquer um a destacar o trecho em que afirmo que financiamentos estão condicionados a apoio a necessária Reforma da Previdência. Afirmei, como reafirmo, que espero que todos os agentes públicos tenham a responsabilidade de contribuir neste momento histórico da vida da nação. E afirmei, como reafirmo, que vou dialogar de forma especial com aqueles que estão sendo beneficiados por ações do governo, pleiteando o seu envolvimento no esforço que estamos fazendo para realizar as reformas que o Brasil necessita.
A conduta governamental sempre foi de prestígio ao princípio federativo, ou seja, apoio aos Estados e municípios. Foi a partir daí que repactuamos a dívida dos Estados dando fôlego financeiro e de igual maneira fizemos com os municípios. Também a estes não só parcelamos o débito previdenciário, que eles tinham no ano passado, como partilhamos a multa no processo de repatriação de divisas.
O Brasil avança. Nossa economia reage. Nada me afastará do objetivo de fazer com que o país não retroceda”.
Carlos Marun
Min. Chefe da Sec. de Governo