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Política

Cientista vê PT tentando “salvar” Bernal para PMDB não retomar Capital

Zemil Rocha | 28/10/2013 15:46
Vivendo aguda crise política, Bernal corre o risco de perder o apoio do PT (Foto: Helton Verão)
Vivendo aguda crise política, Bernal corre o risco de perder o apoio do PT (Foto: Helton Verão)

O cientista político Tito Machado vê o PT tentando segurar o prefeito Alcides Bernal (PP) no cargo para evitar que o PMDB retome a Prefeitura de Campo Grande. Na véspera da reunião dos petistas que decidirá sobre rompimento ou não com Bernal, o professor Tito vê “pragmatismo” nas ações do partido e acredita que ainda há chance de se “salvar” o mandato do prefeito progressista.

Tito, que é doutor em geografia política e econômica pela USP e professor dos cursos de Geografia, Administração e Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), considera que os partidos políticos atuais “não são movidos por convicção ideológica ou convicções ético-morais, até porque política não tem ética, aliás política é anterior à ética”.

Considerando que os “partidos são pragmáticos”, Tito Machado entende que o PT, amanhã, terá que avaliar dois aspectos principais. Como Bernal tem tido queda de popularidade, conforme as pesquisas divulgadas nos últimos meses, para o cientista, esse fator acaba pesando a favor de deixar a administração municipal. “Se sujeito está mal avaliado, ninguém quer ficar do lado dele”, argumentou. Por outro lado, segundo Tito, o PT vai avaliar o desgaste político que poderá gerar a manutenção do apoio na eleição do ano que vem.

“O PT também não fica numa situação confortável se romper com Bernal”, analisa o cientista político Tito Machado, entendendo que assim enfraqueceria ainda mais o atual prefeito da Capital e daria mais munição à oposição que quer cassá-lo. “Cassação do Bernal significa a subida do vice, que representa a entrega da prefeitura para o André. Ou alguém dúvida disso?”, disse Tito, questionando ao final.

Para Tito, hoje Bernal representa um “contraponto forte ao PMDB”, legenda que teve uma tradição de mais de 20 anos na Prefeitura de Campo Grande. “Bernal fora significa dar a prefeitura de mão beijada para o PMDB”, constatou, insistindo, em seguida, que a situação do PT é muito desconfortável.

Cassação de Bernal – Na opinião de Tito Machado, o prefeito Alcides Bernal ainda tem condições de continuar no Poder, apesar de haver uma Comissão Processante, aprovada por 21 a oito vereadores, e a judicialização da gestão do progressista, visto que o Ministério Público ingressou com ação judicial de improbidade administrativa, pedindo afastamento do chefe do Executivo.

“Hoje em dia, os políticos são pragmáticos. Eu sinceramente tenho muitas dúvidas sobre os verdadeiros interesses que estão por traz. Não digo isso em relação a todos os vereadores, evidentemente, nem da grande maioria, mas tenho dúvida quanto a muitos vereadores com relação às intenções deles com essa cassação”, afirmou Tito. “Será que realmente é por conta de que o Bernal está muito mal? Será que é porque não está retribuindo muito o que a sociedade quer ou o que eles querem?”, questionou. “Nesse sentido, o Bernal tem salvação”, avaliou.

Instado a responder se não vê irregularidades na gestão de Bernal, como as apontadas pela CPI do Calote em relação à “fabricação de emergência” para contratações sem licitação de empresas amigas, Tito Machado declarou: “Concordo, só que não podemos esquecer que isso não é exclusividade da administração Bernal. Não significa que não teve irregularidade nas gestões anteriores. Teve, mas os prefeitos foram mais cuidadosos, viveram melhor relação com o Legislativo”. E acrescentou: “O que efetivamente comprova a falta de habilidade política do Bernal. Isso está muito evidente”.

Para ele, se o prefeito Alcides Bernal tivesse tido habilidade política, diálogo constante com os vereadores e as demais instituições “nada disso estaria acontecendo”. Considera, contudo, que “há condições de resolver”, observando que crises políticas são superáveis e o fatos do passado o demonstram.

O primeiro passo para resolver o imbróglio, no pensar de Tito, é o prefeito aceitar as propostas feitas pelo PT, no sentido de ter um articulador político no governo, atrair mais partidos para apoiar sua gestão e melhorar a interlocução com a Câmara e demais instituições. “Eu, se estivesse nessa situação do Bernal, toparia no ato as propostas do PT”, defendeu. “São propostas factíveis”, finalizou.

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