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Política

Com R$ 200 mil do Fundão, voto “mais caro” da Capital custou R$ 2,7 mil

Maioria dos candidatos com alto investimento e poucos votos focaram em campanhas tímidas nas redes sociais

Por Fernanda Palheta | 15/10/2024 08:35
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
Santinhos de candidatos espalhados em frente à escola no dia de votação do primeiro turno das Eleições Municipais deste ano (Foto: Henrique Kawaminami)
Santinhos de candidatos espalhados em frente à escola no dia de votação do primeiro turno das Eleições Municipais deste ano (Foto: Henrique Kawaminami)

Os vídeos caseiros em pequenas reuniões e andando nas ruas distribuindo panfletos registraram como foi a campanha na busca por uma das 29 cadeiras da Câmara Municipal de Campo Grande da candidata a vereadora Ébner Casimiro, conhecida como Professora Ébner (PV). Apesar de receber R$ 200 mil do FEFC (Fundo Especial de Financiamento de Campanhas), o chamado "Fundão Eleitoral", a candidata do PV conquistou apenas 72 votos nas Eleições Municipais deste ano.

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O texto analisa a campanha eleitoral de diversos candidatos a vereador em Campo Grande, destacando o alto custo por voto em relação ao financiamento recebido do Fundo Especial de Financiamento de Campanhas (FEFC). A candidata Ébner Casimiro, por exemplo, teve um custo de R$ 2.777,77 por voto, recebendo R$ 200 mil do FEFC e obtendo apenas 72 votos. Outros candidatos, como Fernando Nantes e Katia da Silvia Lira, também apresentaram custos elevados por voto, evidenciando a discrepância entre investimento em campanhas e resultados nas urnas. O levantamento mostra que muitos candidatos não conseguiram engajar os eleitores, apesar de significativos recursos financeiros disponíveis para suas campanhas.

Com isso, a Professora Ébner teve o voto mais “caro” da Capital, que segundo levantamento feito pela reportagem, custou R$ 2.777,77. Em sua prestação de contas, no perfil da candidata na Justiça Eleitoral, não há registros de como foram gastos os recursos de campanha.

Outros casos como o da Professora Ébner, com um alto investimento do partido e baixo desempenho nas urnas se repetiram nessas eleições.

O candidato a vereador pelo PSD, Fernando Nantes recebeu R$ 35.500,00 do Fundão, mas no dia 6 de outubro teve apenas 34 votos. Cada um dos votos de Nantes “custou” mais de mil reais. Nas redes sociais o perfil do candidato teve a primeira postagem em junho deste ano. Em quatro meses foram feitas 37 publicações, todas voltadas para a campanha eleitoral com vídeos e fotos com lideranças do partido e o candidato a prefeito apoiado pelo PSD.

Entre os votos mais caros da disputa legislativa está o da candidata a vereadora Katia da Silvia Lira, conhecida como Pastora Katia (Podemos). Segundo a prestação de contas apresentada para a Justiça Eleitoral, ela recebeu R$ 50 mil do fundo eleitoral, deste total R$ 19.800,00 foram pagos para diversas pessoas com descrição de gastos com pessoal.

O valor total recebido do partido, dividido pelos 63 votos registrados na urna, mostram que cada voto custou R$ 793,65. Em seu perfil na Justiça Eleitoral, página que reúne as principais informações de um candidato, não há sequer informações de sites ou perfis nas redes sociais para que os eleitores pudessem acompanhar sua campanha.

Outros dois candidatos do PSD aparecem entre os votos mais caros segundo levantamento feito pelo Campo Grande News. A candidata a vereadora Carol El Daher recebeu R$ 75.500,00 do Fundão, mas recebeu apenas 100 votos, ou seja, cada um “custou” R$ 755,00. Do total recebido, R$ 61.312,00 foram gastos em campanha. Entre as despesas estão gastos com pessoal e impulsionamento nas redes sociais, impressão de santinhos, banner e adesivos.

Já Josué Marino Chamani (PSD) recebeu R$ 46 mil do fundo eleitoral. Cada um dos seus 70 votos “custaram” R$ 657,14. A prestação de contas do candidato aparece apenas R$ 400,00 de despesas gastos com uma empresa terceirizada e adesivos perfurados. O perfil do candidato nas redes sociais também é recente, foi criado em janeiro deste ano, mas foi na pré-campanha que as postagens aumentaram divulgando o número de urna e o apoio de lideranças do partido.

Entre os votos mais caros de Campo Grande, segundo levantamento da reportagem, apenas o candidato a vereador Loester Carlos Gomes de Souza, conhecido como Trutis (PL), já era conhecido. Em 2018 foi eleito deputado federal com mais de 50 mil votos válidos e acabou derrotado nas urnas em 2022.

Loester recebeu R$ 400 mil do Fundão, mas teve só 704 votos, custo de R$ 568,15 por voto. Ele não teve outras doações para a campanha, a não ser os R$ 6 mil que declarou ter aplicado em recursos próprios. Apesar de ter viralizado nas redes sociais quando disputou em 2018, o perfil agora está desativado.

O candidato mais votado, Marquinho Trad (PDT) recebeu R$ 45 mil do fundo eleitoral e cada um dos 8.567 votos custou apenas R$ 5,25.

Outro lado - O presidente municipal do PV, Murilo Bluma, afirma que a relação entre o investimento do partido não necessariamente se reflete nas urnas. "Está cada vez mais caro fazer política e não existe um relação entre o investimento e o voto. A avaliação que a gente tem é que o partido está precisando reavaliar alguns posicionamentos com o público, pois isso tem afetado o desempenho nas urnas".

Ele ainda cita a polarização como um fator que atrapalha os candidatos do PV. "A gente fica mais apagado", finalizou.

O presidente da executiva municipal do Podemos, Wilson Farinha, explicou que o partido decidiu pela isonomia, por isso todos os candidatos receberam o mesmo valor, mas cada candidato teve autonomia para escolher como faria a campanha. A pastora Kátia entrou na chapa após a desistência de uma candidata e chegou a receber um treinamento da legenda para se preparar para a disputa. Para ele, o resultado deixa uma lição para o partido.

Já o presidente do Diretório Estadual do PL, Aparecido Portela, o "Tenente Portela", afirma que assumiu o partido com as articulações eleitorais em andamento e valor destinado ao candidato Loester foi acertado com a Executiva Nacional.

A reportagem tentou contato com outros diretórios de partidos, mas até a publicação da reportagem não recebeu resposta. Todos os candidatos citados também foram procurados, através das redes sociais, mas apenas Josué respondeu, justificando que foi um dos candidatos que menos recebeu recurso do partido.

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