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Política

De ex-soldado de Bolsonaro a suplente de Tereza, quem é Tenente Portela?

Recruta era motorista da Kombi do presidente utilizada para auxiliar na plantação de arroz do chefe em Nioaque

Gabriela Couto | 30/09/2022 18:29
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
Presidente Jair Bolsonaro ao lado do ex-recruta e atual primeiro-suplente ao Senado, Tenente Portela. (Foto: Facebook)
Presidente Jair Bolsonaro ao lado do ex-recruta e atual primeiro-suplente ao Senado, Tenente Portela. (Foto: Facebook)

Confiança. Uma palavra com significado muito importante na política. Ainda mais para o presidente Jair Bolsonaro (PL), que classifica como usurpadores o grupo de políticos que surfaram na onda bolsonarista, nas eleições de 2018.

É este o ingrediente fundamental para o nome de Aparecido Andrade Portela, o Tenente Portela (PL) estar como primeiro suplente da candidata ao Senado por Mato Grosso do Sul, ex-ministra da Agricultura e atual deputada federal, Tereza Cristina (PP). Ela apareceu em todas as pesquisas eleitorais com o maior percentual de votos, o que mostra que tem grande chances de se eleger no domingo para a única vaga em disputa.

Portela, como é chamado pelo nome de guerra no Exército, é amigo pessoal do chefe do Executivo. A relação entre os dois começou em 1979, quando Bolsonaro serviu no 9° Grupo de Artilharia de Campanha, em Nioaque, a 184 km de Campo Grande.

Na época, o soldado Portela estreitou laços com o então tenente no quartel. “De vez em quando íamos pescar, bater tarrafa, pegar Curimatã e carregávamos nas costas. Às vezes batíamos bateia, uma grota ali procurando pra ver se havia uma fagulha de ouro num cascalho, mas nunca encontramos nada”, relatou em sua página na internet.

Foi então que Bolsonaro decidiu uma nova empreitada: plantar arroz. Ele tinha um terreno de 34 hectares e contava com a ajuda do amigo para transportar soldados que não estavam de serviço para trabalhar na lavoura. Portela saia pegando os militares nas cidades ao entorno de Nioaque. Ele dirigia a Kombi do presidente por vários quilômetros de estrada de chão todos os sábados, domingos e feriados.

“Infelizmente a empreitada não deu certo, porque realizar todo o trabalho de colheita na mão, por mais que tivéssemos pessoas para isso, ainda sim ficou muito pesado. Entretanto o Tenente Bolsonaro sempre teve um coração muito bom e nunca foi de desperdiçar recursos, então ele levava o que sobrava para o quartel e distribuía para todos, sem fazer qualquer tipo de acepção”, conta.

Acabou surgindo entre os dois uma relação de irmandade. “O presidente me trata como um irmão mesmo, uma gratidão mesmo em todas as partes, e em todo este período em que o presidente foi para o RJ, mas sempre mantivemos contato. Depois de eleito vereador, deputado federal sempre nos vendo”, ressaltou.

Bolsonaro inclusive incentivou Portela a crescer na carreira militar. Após fazer o curso preparatório, o soldado chegou a ESA (Escola de Sargentos das Armas). Sempre atuando no serviço de inteligência do Exército, serviu nos estados do Acre, Mato Grosso e Amazônia. Hoje está na reserva como primeiro tenente.

“Um trabalho de formiguinha levando o nome do Capitão na época, e isso estreitou ainda mais a nossa amizade”. Portela chegou a se lançar pré-candidato a deputado federal, mas o presidente foi mais generoso na articulação política. “Se eleito for farei parte da sustentação do governo que sou extremamente grato por tudo. Se hoje estou na reserva, em partes devo a ele.”

Sempre que passa por Mato Grosso do Sul, Bolsonaro e Portela se encontram. “Portela está sempre me trazendo informações do Estado para nós em Brasília”, revela o presidente em um dos vídeos postados nas redes sociais do tenente.

Postagem nas redes sociais do Tenente Portela, em última visita do presidente ao Estado. (Foto: Facebook)
Postagem nas redes sociais do Tenente Portela, em última visita do presidente ao Estado. (Foto: Facebook)

Com esse grau de intimidade que Bolsonaro tem buscado se cercar nos últimos anos, com medo de sofrer uma nova 'traição'. Por isso, para esta eleição ele garantiu nomes importantes para todas as situações do planejamento futuro na vida política.

Caso se reeleja, Bolsonaro deve convocar Tereza Cristina para assumir novamente a pasta da Agricultura. Desta forma, Portela assumiria a cadeira no Senado Federal. Se não conseguir um novo mandato, terá pessoas de sua confiança em funções importantes no Congresso Nacional.

Perfil - O primeiro suplente da candidata Tereza Cristina é o militar da reserva Aparecido Andrade Portela, o Tenente Portela. Nascido no interior de São Paulo, na cidade de Tabaraí, Portela atualmente reside em Campo Grande, é casado, tem 61 anos, ensino médio e disputa seu primeiro cargo político. Segundo a Justiça Eleitoral, tem R$ 269,6 mil em bens declarados. (Colaborou Liana Feitosa)

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