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Política

De terra indivisa à posição estratégica, MS se vê no centro das oportunidades

Governantes falam de seus legados e veem o bom momento para o Estado, com grandes expectativas

Por Maristela Brunetto | 11/10/2024 08:36
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
O sul de Mato Grosso lutou pela separação e alcançou o feito em 1977 (Reprodução Livro Mato Grosso do Sul- A construção de um estado - Marisa Bittar)
O sul de Mato Grosso lutou pela separação e alcançou o feito em 1977 (Reprodução Livro Mato Grosso do Sul- A construção de um estado - Marisa Bittar)

A localização em uma região fronteiriça, primeiro cenário de disputas entre espanhóis e portugueses, depois paraguaios e brasileiros, dificultou a ocupação do espaço que hoje forma o Mato Grosso do Sul. Eram terras indivisas, povoadas por indígenas e que o contexto gerava receio em eventuais pioneiros que quisessem buscar áreas para se apossar, como era comum no século 18 e começo do 19, pois se passam dois séculos e exatamente a posição geográfica sinaliza como o grande fator de progresso para Mato Grosso do Sul, que chega aos 47 anos com promessa de desenvolvimento firme por pelo menos uma década.

O Estado primeiro foi parte da Capitania de Mato Grosso, por onde passavam desbravadores rumo à parte norte, rica em ouro e diamantes, Cuiabá teve seu momento como a cidade mais importante do País.

As migrações geraram povoamentos, surgiram fortes para proteger o território- em Miranda, Corumbá, Paranhos, parte da proteção foi iniciativa da Capitania de São Paulo. Olhando para trás, em busca do fio que conduz essa história, os próprios ex-governadores dão o tom: tudo é construção, cada um fez um pouco, incluindo servidores e a população.

O Estado completa aniversário neste dia 11 com população de 2,7 milhões de pessoas e dados expressivos: tem a quarta menor taxa de desemprego e terceira melhor taxa de investimento per capita. Para 2025, a previsão é de que os cofres estaduais movimentem R$ 26,4 bilhões.

Zeca foi eleito após revezamento de grupos políticos: desafio da mudança social e expecativa com a concretização da Bioceânica (Foto: Reprodução Rede Social)
Zeca foi eleito após revezamento de grupos políticos: desafio da mudança social e expecativa com a concretização da Bioceânica (Foto: Reprodução Rede Social)

Governador por oito anos, a partir de 1999, o deputado estadual Zeca do PT diz ter sentido o peso da responsabilidade de ter sido eleito aos 40 anos, rompendo um ciclo de revezamento de grupos políticos no poder. Para ele, foi uma quebra de forças de elite, que exigia atenção especial aos mais pobres.

Considera que deixou um legado que inclui ações sociais, resultado expressivo no aumento da arrecadação – de R$ 500 milhões para R$ 3 bilhões/ano, quitação de cinco folhas em atraso e elevação de salários, investimentos em serviços públicos, financiamento para o esporte e cultura, criação de festivais que existem até hoje, América do Sul e de Inverno de Bonito, do Fundersul – com receita específica para rodovias, melhoria na educação e programas sociais. Citou, ainda, políticas voltadas às mulheres. Zeca diz ter segurança que cumpriu a responsabilidade moral de fazer mudanças.

Puccinelli: Descentralização e municipalização; pro futuro, "o entreposto do mundo" (Foto: Reprodução Rede Social)
Puccinelli: Descentralização e municipalização; pro futuro, "o entreposto do mundo" (Foto: Reprodução Rede Social)

André Puccinelli (MDB) foi o sucessor, também por oito anos, de 2007 a 2014. Revendo sua vitória, disse ter sentido orgulho por ter recebido a confiança das pessoas e a resposta deveria ser mais qualidade de vida. Considera que conquistou recuperação financeira e econômica. Puccinelli afirma que adotou austeridade na condução da gestão pública. Como legado, defende a informatização de serviços, descentralização de ações, ações sociais para diferentes públicos e política de municipalização. Ele menciona que atendeu demandas dos municípios, como o Aquário e sede para UEMS na Capital, um parque em Ponta Porã, moradia em Corumbá e anel viário em Dourados.

Reinaldo Azambuja (PSDB) sucedeu Puccinelli, cumprindo dois mandatos (2015 a 2022). Ele também mencionou medidas de gestão para dar austeridade à máquina pública. Igualmente citou o orgulho de receber a maioria dos votos e respondeu com planejamento e organização na condução do governo. Por estar mais próximo do momento atual, mencionou o crescimento econômico mesmo quando o País enfrentava crise e atribuiu à modernização da máquina, permitindo ampliar investimentos, reduzir a pobreza. Também apontou a organização das cadeias produtivas do Estado e a ampliação da oferta de emprego.

Azambuja, o último a deixar o governo: melhorar logística e colher os frutos (Foto: Divulgação Assessoria Governo)
Azambuja, o último a deixar o governo: melhorar logística e colher os frutos (Foto: Divulgação Assessoria Governo)

Construção coletiva- Os ex-governadores analisam que cada um deixa um degrau a mais no processo de desenvolvimento, numa “construção em conjunto”, nas palavras de Azambuja. O Estado vive seu auge econômico com a força do setor da celulose, que se firma na região leste, com 4 plantas industriais ativas, uma em construção e outra confirmada. As grandes fábricas colocam o Estado como alvo de maiores investimentos privados no País.

Zeca lembra que foi à Carolina do Norte com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para as tratativas com a Internacional Paper, que veio para Três Lagoas e foi sucedida pela Eldorado.

Já Puccinelli conta que também contribui para vinda de empresa do setor, tendo ido ao Chile conversar com dirigentes da Arauco. Para ele, a partir de 2033 o Estado viverá o desafio de encontrar meios de atrair e manter empresas, já que os incentivos fiscais acabarão e não serão mais permitidos, conforme previsto na reforma tributária.

Rota Bioceânica – Da terra de ninguém na fronteira, agora MS pode se beneficiar exatamente por essa condição. Com a concretização da Rota Bioceânica, abrindo caminho rumo ao Pacífico por meio de portos do Chile, o Estado pode se tornar um grande polo de logística para esses produtos que chegarão e sairão.

De Porto Murtinho, exatamente por onde o Brasil ingressará na rota, Zeca vê o reconhecimento de um sonho que dois irmãos que já morreram – Heitor e Ozório- defendiam há tempos. Ele aponta que o Estado está no coração da América do Sul e isso trará vantagens competitivas. Diz se sentir muito realizado com a aproximação da concretização da Rota.

Puccinelli considera o caminho como o mais viável entre cinco que o governo federal tem defendido. Para ele, com o foco saindo do leste para o oeste do País, Campo Grande poderá ser “o entreposto do mundo”, tendo o Estado como uma ligação entre Oriente e Ocidente e um mercado consumidor de bilhões de pessoas.

Azambuja inclui nos planos a ampliação da hidrovia no Rio Paraguai, com dragagens pontuais, e a retomada do transporte ferroviário para aumentar o potencial produtivo. Sobre o que a rota representará para a economia, ele resume: “nem se fala”.

O governador Eduardo Riedel defende que o Estado tem um crescimento seguro por uma década. Azambuja acredita que vai “daí pra mais”.

Riedel: desafio da capacitação e investimentos para competitividade e mais inclusão (Foto: Arquivo/ Henrique Kawaminami)
Riedel: desafio da capacitação e investimentos para competitividade e mais inclusão (Foto: Arquivo/ Henrique Kawaminami)

Seguir o trabalho – Riedel também analisou o potencial do Estado em seus 47 anos. Ele vê MS consolidado como “a nova fronteira de desenvolvimento do Brasil, uma terra de oportunidades”. Essa condição resulta de “todo trabalho de preparação para criar esse ambiente extremamente competitivo e arrojado, especialmente do ponto de vista do crescimento econômico”.

Pensando adiante, “o  futuro depende de um intenso trabalho de ampliação das potencialidades, da matriz econômica, da competitividade internacional e da capacitação da nossa população". Segundo o governador, o Estado já está nesse caminho, apostando em políticas públicas que tragam mais desenvolvimento e inclusão. “Nosso futuro depende de trabalho árdua, e é assim que iremos rumo ao progresso”, conclui.

Mato Grosso do Sul, jovem e promissor, que, tomando o futuro com as mãos, pode explodir como um dos líderes nacionais de riqueza e qualidade de vida”. Citação do livro Pedro Pedrossian – o pescador de sonhos

Os primeiros – O primeiro governador de Mato Grosso do Sul foi Harry Amorim Costa, nomeado e empossado dois anos após o ato de criação do Estado, assinado pelo presidente Ernesto Geisel. Ele ficou seis meses no poder, depois vieram Marcelo Miranda e Pedro Pedrossian, primeiro nomeados durante a ditadura e depois eleitos. Wilson Barbosa Martins foi o primeiro eleito pelo voto, tendo governador duas vezes, nos anos 1980 e 90.

Pedrossian e Barbosa escreveram memórias sobre seus governos. Engenheiro, Pedrossian mencionou que assumiu trazendo experiências de grandes capitais, com escolhas técnicas, rompendo a tradição de nomear aliados. "Trouxe gente de fora para outras funções da administração. Aí, foi um deus-nos-acuda. Eu, entretanto, desejava dar um choque na nova administração".

Vivemos em uma terra dadivosa, está em nossas mãos torná-la mais ou menos gratificante”. Citação de Wilson Martins, do livro Memória Janela da História

Barbosa lembrou dos desafios do primeiro governo, no começo dos anos 1980, citando que foi preciso o Estado assumir parte da pavimentação da BR-262, que atravessa o Estado de leste a oeste. Sobre seu segundo governo, lamentou não ter alcançado o desempenho anterior e atribuiu parte da quebra da expectativa à queda nas receitas diante da desoneração dos produtos exportados, através da Lei Kandir.

Em suas memórias, destacou o esforço de defender avanços democráticos, resultando em perda de direitos políticos por um período, por criticar a ditadura. Depois, defendeu eleições e uma nova Constituinte.

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