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Política

Debate é para comparar propostas e escolher a melhor, diz especialista

Paula Vitorino | 26/10/2012 15:14
Edson Giroto e Alcides Bernal voltam hoje a confrontar propostas em debate. (Fotos: Gabriel Neris)
Edson Giroto e Alcides Bernal voltam hoje a confrontar propostas em debate. (Fotos: Gabriel Neris)

Às vésperas da eleição, os indecisos ou já convictos (por que não?) tem hoje à noite a primeira e última oportunidade de acompanhar no segundo turno o debate das propostas dos dois candidatos à Prefeitura de Campo Grande: Alcides Bernal (PP) e Edson Giroto (PMDB).

O debate será realizado pela TV Morena, com horário previsto de início para às 23h e duração de 50 minutos. Como define o cientista político Tito Machado, vai ser uma “sessão coruja” de sexta-feira.

Para o cientista político Neimar Machado, o segundo turno já selecionou as duas melhores propostas, agora o debate tem a finalidade de confrontá-las, para que o eleitor decida definitivamente o voto.

“Para isso que isso aconteça, o que se espera é um debate de propostas e não de ataques”, lembra.

O prefeito Nelson Trad Filho, que coordena a campanha de Giroto, avalia que o debate é essencial para o sistema democrático. “O debate é onde o eleitor tem a oportunidade de verificar o conteúdo do candidato” diz, e acrescenta que “é uma forma do eleitor solidificar a sua intenção de escolher esse ou aquele”.

Na oposição, o deputado estadual Pedro Kemp destaca que o grande diferencial do confronto é o ao vivo, onde ali depende exclusivamente do candidato mostrar que está preparado.

Mas ele também frisa que é muito importante a forma como o evento é conduzido e organizado. “Não se deve permitir ataques, manipulações de informações ou jogo sujo”, frisa.

Propostas – Com o foco nas propostas, o confronto deve propiciar o aprofundamento sobre o conteúdo dos projetos e, mais que isso, colocar a prova o que realmente é projeto, real, e o que se trata apenas de promessa eleitoreira.

Neimar diz que nas últimas eleições o que se vê não é a apresentação de projetos, mas de simples “desejos da população”, com a intenção única de conquistar o voto e que não buscam soluções fundamentadas.

Isso por que, ele explica, as campanhas não são formuladas com a ponderações de especialistas em política, mas nas propostas da figura do marketeiro.

“A política é feita em função da mídia, só pra conquistar o eleitor”, diz.

Sem embasamento, Tito afirma que as propostas dos candidatos acabam sendo as mesmas, sem fundamento que diferencie. ”A população não consegue distinguir quem é quem porque as propostas são muito iguais. Não se é mais pautado pela questão ideológica, mas pelo praticismo”, diz.

Nesse ponto, Neimar é incisivo ao dizer que o eleitor atento também é fundamental. “Até que ponto a sociedade se apresenta para fazer boas propostas? No geral, as pessoas procuram os gabinetes só em busca de resolver seus problemas pontuais”, frisa.

Ganhar eleitor – Para os candidatos, o debate, principalmente nas vésperas das eleições, tem o objetivo de ganhar os indecisos.

Neimar lembra que muitos eleitores ainda decidem o voto horas antes da eleição e que um bom desempenho no debate pode conquistar esses votos.

Como exemplo, ele cita a queda do candidato a prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno (PRB), que, na sua avaliação, foi influenciada pelo mau desempenho em um debate.

“Ele teve uma proposta desconstruída pelo candidato adversário, perdeu votos e não foi pro segundo turno”, avalia. Ele saiu da liderança para a terceira posição, ficando fora do segundo turno.

Já Tito tem um posicionamento mais descrente em relação ao debate e não acredita que o confronto, sozinho, seja capaz de reverter uma disputa.

Ele acredita que o modelo atual não permite aprofundar a discussão sobre os projetos e, por isso, o que pesa mais é o “comportamento em tela”.

Sobre a máxima e duvidosa pergunta do “quem ganhou o debate”, ele acredita que pontos superficiais acabem sendo decisivos para a população. “Se sai ruim o sujeito que gagueja, começa a transpirar, não responde de forma objetiva, foge da questão”, diz.

Tito avalia que um único debate na história que foi capaz de mudar os votos foi o do confronto entre Lula e Collor, na disputa pela presidência, em 1989. Houve manipulação das imagens e conteúdo durante a transmissão.

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