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Política

Delator diz que Odebrecht pagou R$ 2,7 milhões a Puccinelli e Giroto em 2010

De acordo com o ex-executivo da empresa, os dois, além de Amorim, fizeram parte de negociação que gerou pagamento

Lucas Junot | 17/04/2017 20:14
André Puccinelli foi citado no depoimento do delator da Odebrecht, em suposta negociação de uma dívida do Estado e recebimento de propina  (Foto: Arquivo)
André Puccinelli foi citado no depoimento do delator da Odebrecht, em suposta negociação de uma dívida do Estado e recebimento de propina (Foto: Arquivo)

André Puccinelli (PMDB), ex-governador de Mato Grosso do Sul, e o ex-deputado federal Edson Giroto (PR), com intermédio do empresário João Amorim, receberam um total de R$ 2,64 milhões em propinas da Odebrecht em 2010. É o que diz João Antônio Pacífico, ex-diretor da empreiteira, em delação feita ano passado dentro da Operação Lava Jato.

Trechos da delação de Pacífico foram divulgados semana passada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que retirou sigilo das delações de ex-diretores da maior empreiteira do País após o ministro Edson Fachin autorizar a abertura de 76 inquéritos contra políticos, com base neste material.

Puccinelli, Giroto e Amorim, além de não terem foro privilegiado, não constam nas listas de investigados. No entanto, conforme o delator, participaram de uma negociação que gerou pagamento de R$ 2,64 milhões em propinas.

Conforme depoimento de Pacífico gravado em vídeo, Mato Grosso do Sul tinha uma dívida de R$ 79 milhões – em valores atualizados à época – com a Odebrecht, adquirida antes de Puccinelli assumir o governo, e que a empresa procurou o então governador eleito para negociar em 2010.

A empresa, continua Pacífico, concordou em dar um desconto de 70% sobre a dívida, que ficou em R$ 23,4 milhões, dividido em cinco vezes. A contrapartida da empreiteira seria um pagamento "a pretexto de auxílio de campanha" de 10% do valor do acerto, ou seja, R$ 2,34 milhões, conforme descreve o ex-diretor no vídeo abaixo.

"O então governador André Puccinelli lhe disse expressamente que estava buscando sua reeleição" e que precisava de apoio financeiro para sua campanha, diz Pacífico, falando sobre conversa com um outro representante da Odebrecht, identificado no depoimento como Pedro. Ele conta que o peemedebista mandou, então, executivos da empresa negociarem diretamente com Giroto, secretário estadual de Obras à época.

Giroto, por sua vez, pediu que a Odebrecht, além dos 10% já acertados como contrapartida na quitação do débito do Estado com a empresa, fizesse uma doação a sua campanha para deputado federal no valor de R$ 300 mil. Este dinheiro foi pago no dia 15 de outubro, conforme o depoimento de Pacífico.

"Este pagamento foi feito através de nosso Departamento de Operações Estruturadas em São Paulo", detalha, se referindo ao chamado 'núcleo da propina' da Odebrecht. No vídeo logo abaixo, ele conta detalhes sobre os valores pagos.

"Eu não devia ter pago. O certo era não pagar. Mas, para não deixar de receber os créditos, autorizei o pagamento", diz Pacífico. Segundo o ele, os R$ 2,34 milhões foram pagos no começo de setembro, enquanto o Governo pagou à Odebrecht as parcelas entre o fim deste mesmo mês e o início de 2011.

"Quem sentou com Pedro para definir a forma e condições, enfim, o processo para o pagamento dos 2,34 milhões foi o senhor João Amorim", detalha o ex-diretor. Ele o cita como "empresário conhecido na região" e alguém muito próximo do então governador.

Os três citados por Pacífico estão entre os investigados na Operação Lama Asfáltica, da Polícia Federal, deflagrada em julho de 2015, que identificou desvio de R$ 44 milhões em recursos públicos, formada por uma rede de “laranjas”, composta por familiares e terceiros, para lavagem do dinheiro de origem ilícita.

O Campo Grande News entrou em contato com o ex-governador e obteve a resposta por meio de nota enviada pela assessoria de imprensa, no início desta noite de segunda-feira (17). Leia a nota na íntegra:

Sobre notícias de doação de campanha envolvendo meu nome, tenho a esclarecer que:

1 – O governo do estado negociou com o ACOMPANHAMENTO da PGE (Procuradoria Geral do Estado ) uma dívida do governo do PT de 79 milhões por 24 milhões em quatro parcelas fixas e mensais.

2 – EU não pedi qualquer vantagem pessoal mesmo porque tendo exigido junto com a PGE (SETENTA POR CENTO DE DESCONTO), seria inverossímil acreditar que contribuíssem para minha campanha.

3 – Estou à disposição da justiça, como sempre estive, e sou político que sempre abriu mão dos sigilos bancário e fiscal desde o primeiro mandato eletivo, até hoje.

Confira, abaixo, a íntegra do depoimento de João Pacífico sobre os supostos pagamentos a Puccinelli e Giroto.

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