Deputada de MS é eleita "Musa do Veneno” em debate sobre agrotóxico
Tereza Cristina é presidente de comissão que aprovou ontem parecer de projeto conhecido como "PL do Veneno", que também teve voto favorável do deputado Geraldo Resende.
A deputada federal Tereza Cristina (DEM) tem recebido duras criticas como presidente da comissão que aprovou ontem (25) parecer a favor do Projeto de Lei que flexibiliza o uso dos agrotóxicos no Brasil. Mas os ataques parecem não atingir a bancada ruralista que comemorou a aprovação da proposta chamando a sul-mato-grossense de “Musa do Veneno”.
Entre militantes que chamam a proposta de "PL do Veneno", a indignação contra Tereza Cristina cresceu depois que o jornal Folha de São Paulo divulgou detalhes do jantar realizado após a aprovação do parecer, em um dos restaurantes mais badalados de Brasília, à beira do Lago Paranoá.
Com direito a vinho, bacalhau e discursos inflamados, a festa com cerca de 40 pessoas reuniu parlamentares ruralistas e representantes de entidades ligadas ao agronegócio. Durante o evento, Tereza lembrou que eles “ganharam a batalha”, mas que havia uma “guerra” pela frente, já que o projeto será votado no plenário da Câmara dos Deputados e depois retorna ao Senado Federal.
Restrição – O parecer pelo andamento do Projeto de Lei foi aprovado ontem (25), em Comissão Especial, por 18 votos a favor e 9 contra. O processo teve bate-boca e troca de acusações, e até bomba falsa, colocada pelo Greenpeace no auditório onde ocorreria a votação na semana passada.
A Ong alegou que a manifestação era apenas um mala com relógio, en “protesto” contra a mudança, mas depois do ocorrido, Tereza Cristina decidiu pela sessão restrita a parlamentares, assessores e jornalistas credenciados. Diante do acesso bloqueado, as manifestações contrárias não ficaram apenas nos ativistas e envolveram artistas, como Bela Gil, Caetano Veloso, Astrid Fontenelle, Patrícia Pillar e Caco Ciocler.
Além de Tereza Cristina, o deputado Geraldo Resende (PSDB) também votou a favor da flexibilização do uso de veneno. “Aprovamos uma legislação mais moderna para o setor, que vai permitir o uso de produtos mais seguros, quem faz polêmica desconhece o tema e cria mentiras para enganar a população”, justificou ele.
Projeto – O Projeto de Lei libera, por exemplo, aplicação de produtos proibidos hoje no Brasil, além de dar mais autonomia ao Ministério da Agricultura, em detrimento aos órgãos de controle como Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente).
Ontem, durante o jantar de comemoração, acompanhado pela Folha de São Paulo, o relator Luiz Nishimori (PR-PR) disse que não há motivos para críticas. "Vocês que estão comendo aqui essa comida, essa alface, sabem que está tudo bem".
Para os críticos, a proposta facilita a entrada de venenos no País e de doenças à mesa dos brasileiros. Eles são contra por exemplo o “registro temporário” destes produtos, medida que não existe na atual legislação.
O Campo Grande News entrou em contato com a deputada Tereza Cristina, mas ela não retornou as ligações até o fechamento da reportagem. A assessoria informou que ela está em uma agenda externa em Brasília, mas que irá se pronunciar sobre o tema ao longo do dia.