Dilma cai e vida segue: impeachment não altera rotina no Centro da Capital
Vida que segue. As ruas do Centro de Campo Grande não tiveram rotina alterada, no começo da tarde desta quarta-feira (31), após a votação no Senado que aprovou o impeachment da agora ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Nada de buzinaços, aglomerações, gritos de comemoração ou atos contra a decisão.
A equipe do Campo Grande News ouviu 15 campo-grandenses pelo centro da Capital e em alguns bairros. De todos eles, apenas uma entrevistada disse não opinar sobre o assunto. O restante declarou apoio ao afastamento de Dilma.
Os motivos são os mais diversos: esperança de que a situação econômica melhore, assim como o setor de educação e saúde no Brasil. Teve até quem declarou que o próximo passo, agora, é a volta da ditadura militar no país.
Samuel Soares de Oliveira caminhava à procura de um emprego quando foi abordado pela reportagem. Aos 20 anos e desempregado, disse estar comemorando a saída de Dilma Rousseff por acreditar que agora a situação econômica do país irá melhorar.
“Não acompanhei todo o processo do impeachment, então não sei opinar se tudo foi justo. A expectativa agora é que o Brasil melhore, principalmente economicamente. As coisas estão muito difíceis. Mas não concordo muito com o movimento Fora Temer, porque se a Dilma ficasse o Temer também ficaria”, disse.
O barman Marcos Vinícius de Souza, 23, acredita que todo o processo foi correto. “Não tem como saber como o Brasil vai ficar agora, mas a expectativa é de que melhore”. A vendedora Patrícia Aguiar, 22, concorda com o rapaz. “Estou comemorando a saída, o processo foi longo e justo. Ela teve direito a defesa dela e foi decidido pela maioria que ela deveria sair, que é o certo”.
Alguns entrevistados admitiram não entender muito de política e até disseram que não saberiam opinar a respeito da atual situação política do país. A atendente de telemarketing Daniela Aparecida da Silva, 34, disse que mesmo sem compreender bem o que aconteceu, sentiu os efeitos de uma má gestão, “desde o emprego a crise econômica que o Brasil atravessou. Se o Temer for ruim, vamos para a rua e vamos tirar ele”.
Já a dona de casa Ivanilde Flor de Araújo, 47, afirmou que é muito difícil saber se é a favor ou não, “porque ninguém tem como prever o futuro. Se as coisas estavam bem ruins com a Dilma, imagina agora”.
“Fiquei feliz. Pelo que acompanhei, o Brasil estava na situação que estava devido aos investimentos irresponsáveis que foram feitos durante o governo Dilma. Gastos desnecessários que a população sentiu”, disse Elenir Clemente, 44, dona de casa.
“Senti principalmente na área da saúde e da educação, que ficaram defasadas e eram o carro chefe dela na campanha política e ficaram na promessa”, destacou a também dona de casa Elizabete Freitas, 45.
A dona de casa Eurídice Maria Solidário, 69, formou sua opinião sobre o assunto acompanhando a cobertura midiática. “Não acompanhei a votação final, mas assisti aos telejornais todos os dias, e pelo que pude perceber com a divulgação da mídia é que a saída da Dilma foi uma coisa boa. Pelo que vi, a Dilma não estava trabalhando muito”.
Para o aposentado Luís Carlos Cardoso, 61, o resultado no senado foi satisfatório, mas é preciso que se instale a ditadura militar para que a situação econômica e financeira melhore. “Sou muito a favor da queda da Dilma, mas quem deveria assumir o governo são os militares. Sou a favor da volta da ditadura militar para colocar ordem nas ruas. Esse é o próximo passo para o Brasil entrar nos eixos”.
Daniel Pereira dos Santos,40, mecânico, confia na decisão dos senadores. “A população só tem direito quando ela vota e escolhe bons políticos. Depois, tudo fica nas mãos dos nossos governantes. Eu confio no voto dos senadores que decidiram, então o melhor para o país era afastar a presidente”.
A dona de casa de 49 anos, Lindalva de Oliveira Cardoso, concorda com o resultado, mas não está otimista com o futuro. “Não acompanhei muito o processo do impeachment, mas acredito que as coisas não vão mudar muito com a saída da presidenta. Sou a favor para saber se algo vai acontecer, mas não estou muito esperançosa”.
O comerciante Raimundo de Lima, 50, comemorou a saída do PT da presidência e culpa Dilma pelas dificuldades no comércio campo-grandense. “Graças a Deus, o PT é uma máfia que aprefeiçoou e melhorou programas sociais que eram de outros partidos. Ele não fez absolutamente nada pelo nosso país no tempo de mandato da Dilma. O comércio está falído, ninguém compra nada, e isso é culpa da Dilma”.
O chefe de obras Francisco de Alencar, 57, acha que Dilma deveria ter deixado o poder há muito tempo. “Ela deveria ter saído desde o começo do processo. Foi muito justo, ela teve tempo suficiente para se defender e mostrar que era uma decisão precipitada afastá-la do cargo. Se o Brasil não melhorar agora, quebra de vez”.
Para o pedreiro Elias Mendes, 43, agora é o momento do país respirar aliviado. “Estou esperançoso. Mesmo sem grandes expectativas, acredito que o Brasil vai tomar um fôlego agora”, finalizou.