Em cerimônia rápida e sem discurso, Temer assume presidência do Brasil
Sem discurso e em uma cerimônia que durou poucos minutos, Michel Temer (PMDB) assumiu na tarde desta quarta-feira (31) a presidência do país. A sessão solene foi realizada no Senado uma hora depois de aprovado o impeachment de Dilma Rousseff (PT), que embora tenha o mandato cassado, ainda pode exercer cargos públicos por não ter perdido os direitos políticos.
Temer entrou no plenário e foi cumprimentado por diversos parlamentares. Alguns até tiraram fotos com ele. O presidente da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), declarou aberta a sessão solene.
Em seguida, a banda dos fuzileiros navais entoou o Hino Nacional. Temer assumiu, então, os compromissos de manter, defender e cumprir a Constituição Federal; zelar pelo bem geral do povo brasileiro e manter a união, integridade e independência do Brasil.
O termo de posse foi lido e depois assinado pelo presidente. Logo em seguida, a sessão foi encerrada.
Temer terá seu primeiro compromisso já como presidente na China. Durante a viagem, assume interinamente o cargo o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Queda de Dilma - A sessão final de julgamento no Senado, comandada pelo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, começou na quinta-feira passada (25). Eram necessários 54 votos “sim” pelo afastamento definitivo de Dilma.
Com isto, a petista foi comunicada oficialmente pelo Senado e está definitivamente afastada. A votação no Senado foi nominal, eletrônica e em duas etapas.
Primeiro, os senadores responderam à seguinte pergunta: “Cometeu a acusada, a senhora presidente da República, Dilma Vanna Rousseff, os crimes de responsabilidade correspondentes à tomada de empréstimos junto a instituição financeira controlada pela União e à abertura de créditos sem autorização do Congresso Nacional, que lhes são imputados?"
Em seguida, votaram se "Ela deve ser condenada à perda do seu cargo, ficando, em consequência, inabilitada para o exercício de qualquer função pública pelo prazo oito anos?”.
Nas últimas etapas do julgamento, Dilma foi defender-se no Senado. Passou praticamente toda a segunda-feira (29) respondendo a perguntas de senadores, depois de um pronunciamento em que negou ter cometido crime de responsabilidade pelas chamadas “pedaladas fiscais”, dizendo, entre outras coisas, que a denúncia contra ela teve forma e seguiu o rito processual, mas não se sustentava em conteúdo.
Trajetória - Dilma Rousseff, mineira de 68 anos, 36ª presidente da República, primeira mulher a presidir o Brasil, governou o País de janeiro de 2011, sucedendo a Luiz Inácio Lula da Silva, também do PT, até maio deste ano, quando foi afastada temporariamente por decisão do Senado, quase um ano e meio depois de iniciar seu segundo mandato. A denúncia que resultou no impeachment foi apresentada pelos juristas Helio Bicudo, Janaina Paschoal e Miguel Reale Junior.
De combatente à primeira presidente mulher - Em 1960, quando tinha 16 anos, Dilma iniciou seu contato com a política. Na ocasião, entrou para a organização Revolucionária Marxista Política Operária (Polop) e lutou contra a ditatura, que ocorreu de 1964 a 1958, e era a favor de um governo socialista. Por um tempo, Dilma Rousseff utilizou outros nomes para não ser encontrada pelas forças de repressão aos opositores do regime militar. Em 1970, foio presa e torturada pelo crime de subsversão.
Em 1973, Dilma volta para sua cidade natal, Porto Alegre (RS), e se forma em Economia. Deu à luz Paula Rousseff Araújo, sua única filha, fruto do relacionamento com o advogado gaúcho Carlos Franklin Paixão de Araújo, seu colega na guerrilha.
Dilma foi escolhida para substituir José Dirceu no Ministério da Casa Civil, após o escândalo conhecido como 'mensalão' e permaneceu no cargo até março de 2010, quando oficializou sua campanha pela Presidência da República. No mesmo ano foi eleita, se tornando a primeira presidente mulher a governar o Páis. Em 2014, foi reeleita pelo voto da maioria da população brasileira.